Em 2022, 84,9% (8.134) das 9.586 empresas industriais com 100 ou mais pessoas ocupadas utilizaram pelo menos uma tecnologia digital avançada, sendo a computação em nuvem a mais declarada (73,6%). Os dados inéditos são do módulo temático de Tecnologias Digitais Avançadas, Teletrabalho e Cibersegurança, da PINTEC Semestral 2022. As demais tecnologias investigadas foram: internet das coisas (48,6%), robótica (27,7%), análise de big data (23,4%), manufatura aditiva (19,2%) e inteligência artificial (16,9%).
“O objetivo é olhar pro uso dessa automação digitalizada dentro das empresas industriais e como isso afeta o processo produtivo e sua visão de negócios. A integração das tecnologias aos processos produtivos viabiliza sistemas de produção inteligentes e descentralizados, alcançando novos patamares de produtividade, flexibilidade e gerenciamento nessas empresas, gerando novos modelos de negócios”, explica gerente de pesquisas temáticas, Flávio José Marques Peixoto.
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Em termos setoriais, as atividades que mais utilizaram tecnologias digitais avançadas nas suas áreas/funções de negócios foram: Fabricação de máquinas e equipamentos (94,5%), Indústrias extrativas (92,2%), Fabricação de produtos diversos (92,0%) Fabricação de produtos de metal (91,9%) e Fabricação de bebidas (91,6%). Por outro lado, as que menos utilizaram foram: Fabricação de outros equipamentos de transporte (68,2%), Confecção de artigos do vestuário e acessórios (71,6%) e Fabricação de produtos de madeira (72,2%).
Do total de 8.134 empresas industriais que utilizaram pelo menos uma das tecnologias, a maioria (31,5%) fez uso de duas tecnologias e 27,7% utilizaram apenas uma. Por outro lado, somente 3,7% das empresas fizeram uso de todas as tecnologias digitais avançadas investigadas.
Além disso, a utilização localizada de tais tecnologias foi majoritária em todas as áreas/funções de negócios consideradas na pesquisa, atingindo sempre mais de 50,0% das empresas que utilizaram as tecnologias. A pesquisa define cinco áreas/funções de negócios: desenvolvimento de projetos de produtos, processos e serviços, produção, logística, administração, comercialização.
Os maiores percentuais de uso localizado por área/função foram: em desenvolvimento de projetos, para a utilização de análise de big data (78,8%); em produção, para a utilização das tecnologias computação em nuvem (71,2%), inteligência artificial (84,8%), internet das coisas (76,7%) e manufatura aditiva (88,2%); e em comercialização, para a utilização de robótica (84,3%). Todas as tecnologias mostraram os maiores percentuais de utilização abrangente na área/função de administração, sendo o maior percentual verificado para a tecnologia de análise de big data (45,7%).
“Com isso podemos observar o uso integrado dessas tecnologias. Esse uso proporciona novas aplicações e funcionalidades às tecnologias, atuando de forma sistêmica e sinérgica entre as diversas áreas/funções de negócios das empresas”, analisa o gerente.
De caráter experimental, a pesquisa, realizada em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI e a Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, investigou as empresas de médio e grande portes – acima de 100 pessoas ocupadas – das indústrias de transformação e extrativas. A PINTEC Semestral é anual (relativa ao ano anterior ao da coleta), com duas investigações semestrais. No primeiro semestre, investigam-se indicadores temáticos rotativos e, no segundo, indicadores básicos de inovação e P&D). Seu objetivo é complementar a tradicional Pesquisa de Inovação do IBGE (PINTEC) – já com sete edições realizadas de forma ampla a cada três anos, desde 2000, e que continuará a ser editada.
Todo o universo de 9.586 empresas utilizou informação em formato digital em pelo menos uma de suas áreas/funções de negócios e mais de 90,0% delas possuíram algum nível de digitalização nas suas diferentes áreas/funções de negócios.
A análise de big data foi utilizada em 23,4% (2.239) das empresas industriais de médio e grande porte. Essa tecnologia se refere ao uso de técnicas ou ferramentas de software para coletar, processar e analisar megadados extraídos da própria empresa ou de outras fontes externas.
As áreas de administração e comercialização são as que mais usaram análise de big data, com percentuais, respectivamente, de 87,7% e 84,8% do total de empresas que utilizaram análise de big data em pelo menos uma das áreas/funções. A seguir, vêm as áreas de produção (81,9%), desenvolvimento de projetos de produtos, processos e serviços (77,7%) e logística (75,4%).
“Esse uso igual ou superior a 75% para as diversas áreas de negócios indica um espalhamento da tecnologia dentro da empresa, ou um uso relativamente mais integrado, com possibilidade de que todas as áreas/funções de alguma forma se beneficiem dessa ferramenta”, observa o gerente.
A computação em nuvem foi utilizada por 73,6% (7.055) das empresas industriais com 100 ou mais pessoas ocupadas, tendo sido a tecnologia mais utilizada dentre as investigadas. Ela se refere aos serviços de tecnologia de informação e comunicação que são utilizados pela internet para acessar um conjunto compartilhado de recursos computacionais configuráveis, tais como redes, servidores, softwares, poder de computação, capacidade de armazenamento, entre outros
O uso de computação em nuvem foi igual ou superior a 70% em todas as áreas/funções de negócios das empresas que declararam ter utilizado essa tecnologia. Administração (93,5%) e comercialização (79,3%) foram as que mais fizeram uso desses serviços, seguidas pelas áreas de desenvolvimento de projetos de produtos, processos e serviços (75,4%), logística (71,2%), e produção (70,0%).
Os sistemas baseados em inteligência artificial (IA) foram utilizados por 16,9% (1.619) das empresas industriais investigadas. Esses sistemas exibem “comportamento inteligente” ao coletar e analisar informações, podendo realizar ações com níveis variados de autonomia para atingir objetivos específicos. Esta foi a tecnologia menos utilizada pelas empresas.
Nas empresas que utilizaram IA, as áreas de administração, desenvolvimento de projetos de produtos, processos e serviços e comercialização foram as que mais fizeram uso, com percentuais de 73,8%, 65,9% e 65,1%, respectivamente, seguida pela área de produção (56,4%) e logística (48,4%).
A internet das coisas foi utilizada por 48,6% (4.662) das empresas industriais de médio e grande porte em 2022. Essa tecnologia se refere a dispositivos ou sistemas interconectados via Internet, os quais coletam e enviam dados e podem ser monitorados remotamente pela Internet.
Das empresas que utilizaram internet das coisas, a maior proporção está na área de produção, com 77,1%. Nas áreas de administração (76,6%), desenvolvimento de projetos de produtos, processos e serviços (72,4%), logística (71,4%) e comercialização (66,9%), as proporções, ainda que menores do que as observadas na produção, também foram altas.
Apenas 19,2% do total das empresas industriais com 100 ou mais pessoas ocupadas fez uso da manufatura aditiva em 2022. A tecnologia é associada ao conceito de impressão 3D para a criação de objetos físicos tridimensionais e é comumente utilizada para testes de protótipos.
Nas empresas que utilizaram manufatura aditiva, a área de desenvolvimento de projetos de produtos, processos e serviços foi a com maior percentual de uso (90,0%), seguida pela área de produção (61,6%).
Das 9.586 empresas com 100 ou mais pessoas ocupadas nas empresas industriais em 2022, 2657 (27,7%) aplicaram a robótica nas suas atividades. Essa tecnologia diz respeito ao uso de robôs a partir de estrutura mecânica, sensores, unidades de computação e unidades de controle.
As empresas utilizaram robótica o fizeram principalmente nas áreas de produção (90,4%) e desenvolvimento de projetos de produtos, processos e serviços (63,1%). A área de logística foi declarada por 34,1% das empresas que utilizaram robótica, ao passo que 25,8% disseram utilizar na comercialização. A área de administração, responsável pela gestão de grande parte desses processos, teve um percentual de 28,9%.
Cerca de 97,9% das 8.134 empresas das Indústrias extrativas e de transformação com 100 ou mais pessoas ocupadas, que utilizaram algum tipo de tecnologia digital avançada, declararam algum benefício a partir desse uso. O mais apontado foi a maior flexibilidade em processos administrativos, produtivos e organizacionais (89,8%). O segundo benefício mais apontado foi o aumento da eficiência (87,6%) e o terceiro, a melhoria no relacionamento com clientes/fornecedores (85,6%).
“Se olharmos esses benefícios pelo porte, verificamos que as empresas maiores foram relativamente mais beneficiadas com o uso dessas tecnologias”, diz o gerente da pesquisa. Nas corporações com 500 ou mais pessoas ocupadas, destacaram-se o aumento da eficiência (96,1%) e a maior flexibilidade em processos administrativos, produtivos e organizacionais (95,2%) como os pontos com maiores percentuais de empresas beneficiadas pelo uso das tecnologias.
A pesquisa também buscou entender os fatores que fizeram as empresas adotarem tais tecnologias. O fator mais escolhido foi a estratégia autônoma da empresa (87,0%). “Isso significa que foi uma decisão da empresa se engajar no uso dessas tecnologias”, diz o pesquisador.
A influência de fornecedores e/ou clientes (63,0%) foi o segundo fator mais escolhido. Em seguida, aparece a influência da concorrência, fator apontado por mais da metade (50,8%) das empresas. Apenas 26,0% citaram a atratividade de programas de apoio (públicos ou privados) como fator de adoção de tecnologias digitais avançadas.
Por outro lado, entre os fatores que de alguma forma dificultaram a implementação das tecnologias, os mais indicados foram os altos custos das soluções tecnológicas (80,8%), a falta de pessoal qualificado na empresa (54,6%), riscos econômicos excessivos (49,5%) e a limitada oferta de pessoal qualificado no mercado (48,9%). O primeiro fator está relacionado aos custos de implantação das operações tecnológicas e à ausência de recursos da própria empresa e oferta de recursos de fomento.
Das 9.586 empresas com 100 ou mais pessoas ocupadas, 15,1% não adotaram nenhuma das tecnologias digitais avançadas investigadas em 2022 e a causa principal para a não adoção, apontada por 70,3% dessas empresas, foram os altos custos das soluções tecnológicas.
Outro destaque da publicação foram os dados sobre teletrabalho nas empresas industriais. Quase metade (47,8%) das empresas industriais com 100 ou mais pessoas ocupadas adotou esse tipo de trabalho em pelo menos algum grau. No setor de administração, o teletrabalho foi implementado pela ampla maioria das empresas que operaram de forma digitalizada (94,5%). Nas áreas de comercialização (85,7%) e desenvolvimento de projetos de produtos, processos e serviços (71,4%), os percentuais de empresas que adotaram o teletrabalho foram menores.
A área de produção foi a que menos utilizou esse tipo de trabalho (38,7%). De acordo com o pesquisador, “Existe uma materialidade na natureza da atividade, que é transformar insumos em produtos. Então a presença física humana é importante. É muito coerente que a área de produção seja a menos utilizada para o teletrabalho”, comenta Peixoto.
Quando analisado o grau de utilização do recurso do teletrabalho, as áreas de produção (90,8%) e logística (87,6%) lideram com maior percentual de empresas que adotaram essa modalidade de forma localizada. Isso também se deve à natureza das funções ligadas a essas áreas, que exigem a presença física dos ocupados. As áreas com maior percentual de empresas que implementaram o teletrabalho de forma abrangente foram comercialização (35,2%) e administração (31,4%).
Os setores que mais adotaram o teletrabalho em 2022 foram: Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (83,6%), Fabricação de bebidas (83,2%) e Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (72,6%). Já os setores onde o teletrabalho foi menos frequente foram: Confecção de artigos do vestuário e acessórios (28,3%), Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem e calçados (25,9%) e Fabricação de produtos do fumo (21,2%).
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Em 2022, 82,5% das empresas industriais com 100 ou mais pessoas ocupadas estabeleceram pelo menos uma medida de segurança da informação digital. O uso mais frequente foi o de antivírus (98,1%) contra malware e phishing). Em seguida, vieram o controle de acesso à rede (96,8%), a atualização de software (95,0%) e o backup de dados em dispositivo (93,5%).
Os recursos de segurança da informação menos utilizados foram campanhas educativas e treinamento de funcionários em segurança cibernética empresarial (56,9%) das empresas.
Fonte: Agência IBGE de Notícias
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