Estudar sistemas complexos não é uma tarefa simples, mas numa atmosfera volátil, que muda constantemente – como ocorre no digital e tecnológico – estar ciente dos sistemas organizacionais complexos e das múltiplas interações é obrigatório, caso contrário, há grandes chances de ficar no meio do caminho ou até se perder.
Existem algumas premissas fundamentais para compreensão de como as empresas devem perceber as experiências dos clientes e preparar as suas equipes, a partir do momento em que compreende sistemas organizacionais complexos, aplica a resiliência e flexibilidade necessária para o alcance dos resultados desejados. Confira abaixo, importantes reflexões da Plano Consultoria, sobre o assunto.
Mudar pessoas ou transformar o sistema pelo qual elas interagem?
Quando falamos sobre a importância do treinamento de equipes pode existir certa confusão de que essa atividade será responsável por mudar indivíduos e suas personalidades no ambiente organizacional.
Acontece que cada colaborador possui naturalmente características próprias que podem agregar na equipe, desde que, a interação seja adequada e possa estimular tais habilidades.
O objetivo do treinamento de equipes não é meramente mudar pessoas, até porque essa é uma tarefa que envolve outro grau de experiência e complexidade. No entanto, é possível transformar a maneira pela qual os colaboradores interagem, acrescentar novas dinâmicas e moldar a natureza dessas relações.
A cultura organizacional molda equipes
A começar, por exemplo, aumentar a oportunidade de encontros e bate-papos, mudar a maneira como as reuniões são conduzidas e o estímulo para troca de experiências e tomada de decisões descentralizadas, ou seja, de maneira autônoma.
O treinamento não existe com a finalidade de ditar regras sobre como cada colaborador deve se comportar. Entretanto, estimulá-lo através da troca e da experiência agregadora, tanto para os resultados organizacionais, como para o desenvolvimento individual e profissional, a partir da construção espontânea de habilidades que muitas vezes, estavam inconscientes ou desconhecidas.
O treinamento alinha os colaboradores à cultura da empresa, mas sem privá-lo da liberdade de ser quem é, pois a identidade de cada integrante é essencial e agrega na diversidade cultural da equipe. Imagina se todos pensassem da mesma maneira ou se comportassem como robôs programados? Como existiria troca e enriquecimento? Impossível, não é mesmo?
Diversidade é pauta obrigatória em sistemas complexos
É preciso entender que cada colaborador oferece a partir da sua perspectiva respostas sobre o mercado, produto ou cliente, essenciais para discussão e troca.
A diversidade cultural, de gênero, racial, para além de atribuições importantes no aspecto do desenvolvimento social, geram riquezas de perspectivas e aumentam as chances da compreensão. Por exemplo, ampliar a visão de como produto X irá repercutir de acordo com a óptica de quem vivencia o cenário, não necessariamente o cliente, mas uma perspectiva interna.
Não podemos ignorar a importância da representatividade. Imagina selecionar um influenciador para o seu produto, mas este já fez, algumas vezes, comentários com teor homofóbico nas redes sociais, uma vez que parte do seu público consumidor é LGBT?
Para pessoas que não acompanham tais discussões por não pertencerem a este grupo, pode passar despercebido. Mas quem sentiu-se ofendido dificilmente irá esquecer.
A partir disso, vemos comumente campanhas ou decisões desastrosas, pela ausência de representatividade na empresa e a compreensão de sistemas organizacionais complexos. A experiência, renome do gestor ou diretor de marketing, é indiferente nesse caso. Pode ter certeza que o cliente uma vez decepcionado não dará a mínima importância e pode mudar completamente sua opinião sobre a marca.
A “dor”, muitas vezes, só é ‘sentida’ por quem vivencia e faz parte, por mais empáticos que sejamos, existem entrelinhas do comportamento humano e social que não são lógicas ou previsíveis. Muitas é vezes, é preciso trocar de lente, sobretudo àquelas já viciadas a um determinado cenário.
A diversidade na empresa é um enriquecimento cultural, é a oportunidade de ampliar perspectivas, humanizar e ganhar muito em experiência e amadurecimento na compreensão de sistemas organizacionais complexos.
[banner-rotativo]
Trocar eficiência por resiliência
Por muitos anos acreditamos que a eficiência foi essencial para o avanço das empresas. Quando precisamos de comandos e respostas previsíveis, de fato a eficiência ajuda e gera resultados. Na era industrial ser eficiente, tal como as máquinas, foi o suprassumo.
No entanto, a revolução industrial 4.0 trouxe inúmeros desafios, dentre eles, o principal: a imprevisibilidade. Embora tenhamos altíssima tecnologia e o apoio da inteligência artificial, tais ferramentas podem gerar movimentos imprevisíveis entre grupos e experiências que nem ser quer pensamos que poderia repercutir. Pode criar um produto que considera perfeito para o público e simplesmente não ser bem aceito.
Aquela ideia subestimada pela equipe, de repente, gerou uma excelente repercussão. E porque isso ocorre? A grande sacada é essa, a imprevisibilidade. Nem sempre teremos as respostas, mas o importante é estar aberto e preparado para testar, observar a experiência, tal como cientistas fazem em seus laboratórios.
Ainda precisamos treinar muito a capacidade de nem sempre ter respostas, mas de se surpreender com o imprevisível, é a partir do imprevisível, que geramos questionamentos e que somos naturalmente instigados a criar e acompanhar sistemas organizacionais complexos.