A ICC Brasil, única instituição do setor privado com assento na ONU que fomenta o protagonismo das empresas brasileiras nos mercados globais, realizou esta semana a 5ª edição do Integrity Conference, sob o tema Construindo Resiliência em Tempos de Crise. O evento contou com a participação especialistas de diversos setores, entre eles, representantes do Programa Mundial de Alimentos da ONU, Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ABB, PwC, Movimento UniãoBR e General Motors, que compartilharam experiências reais das organizações.
A conferência, realizada em São Paulo, no escritório do Pinheiro Neto Advogados, contou com a participação de Salvador Dahan, Chief Risk Officer do Programa Mundial de Alimentos da Organização das Nações Unidas (UN World Food Programme), que falou sobre a importância de as empresas entenderem os potenciais riscos para gerenciar uma crise. “Sabemos que algumas são previsíveis e outras não. A preparação é importante para o plano de ação e para se ter o discernimento sobre o papel de cada um, em especial da liderança”, comenta o executivo.
Enfrentando cenários inesperados
No primeiro painel, moderado por José Alexandre Buaiz Neto, Sócio do Pinheiro Neto Advogados, os executivos dividiram suas experiências e principais estratégias das empresas, principalmente relacionados a fatores externos. Claudia Sender, Membro do Conselho da Embraer, Gerdau, Holcim e Telefônica, destacou o papel do conselheiro em trazer propostas e formas diferentes de pensar, além de uma visão externa e de longo prazo. “É importante ter um plano de ação e buscar soluções criativas para a tomada de decisões, ainda mais quando se trata de uma indústria complexa como a de aviação, na qual existem inúmeros desafios”, analisou Claudia.
Rafael Segrera, CEO da Schneider Electric para a América do Sul, contou que já vivenciou diferentes tipos de crises, mas evidenciou o período da pandemia de Covid-19. “Destaco a importância da comunicação e de cada tomada de decisão, sem ferir a ética e mantendo o funcionamento da operação, que foi fundamental naquele momento, principalmente o cuidado com as pessoas. Os processos estavam alinhados com os princípios globais da companhia”, contou o executivo.
Tatiana Monteiro de Barros, Fundadora do Movimento UniãoBR, destacou as chuvas no Rio Grande do Sul que afetaram milhares de pessoas. “Houve senso de emergência e mobilização de toda a cadeia e essa ajuda faz toda a diferença em momentos críticos”. Por meio de uma rede que conta com mais de 13 mil Organizações Não Governamentais (ONG), diversas empresas parceiras e mais de 5 mil voluntários, o UniãoBR faz o intermédio entre quem quer ajudar e quem precisa de ajuda.
Gestão de crises e resiliência empresarial
No segundo painel, moderado por Leonardo Lopes, Sócio da PwC, os participantes debateram sobre as diferentes crises no meio empresarial e a necessidade de um olhar atento as demandas socioambientais e de governança – atreladas a sigla ESG. “Quando falamos de gestão de crise e risco, compliance, minha experiência mostra que você não consegue prever uma crise, mas pode aprender com ela. É preciso criar um processo de autofiscalização. Autorregulação, cultura é a forma mais eficiente de garantir a ética e a integridade nas organizações”, contou Daniella Marques, Chairwoman, Managing Partner e Head de Special Assets da Legend.
Alexandre Pinheiro dos Santos, superintendente Geral da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), lembrou da importância de controles internos e do trabalho das auditorias para detectar não-conformidades. “As auditorias independentes têm papel importante neste processo de prevenção de eventos com potencial de crise. As empresas não podem ignorar pareceres de auditores independentes que cada vez mais terão exigência a cumprir”, comentou.
Ricardo Cabral, Compliance, Product Liability & Civil Litigation Director da General Motors (GM) América do Sul, citou a importância dos fornecedores e prestadores de serviços, que também fazem parte da responsabilidade corporativa. “Ponto relevante é que as empresas precisam cuidar de toda a cadeia que envolve a atividade, esta é uma demanda atual. Tem que validar quem atende seu cliente. Nós certificamos nossos parceiros e levamos de seis a nove meses no processo”, complementa.
Ao final do evento, a ICC Brasil lançou dois documentos com orientações para as companhias que contemplam tópicos relacionados a planejamento estratégico, tático, análise de cenário, entre outros. São eles: a inédita Diretrizes da ICC sobre Negócios Responsáveis em Contextos Desafiadores e Regras da ICC de Combate à Corrupção, atualizadas em 2023. “O paper [de 2024] surgiu de uma reunião difícil, estávamos no meio de conflitos armados, Oriente Médio, e debatendo a pressão sobre as empresas e como manter negócios com estes locais”, lembra Reynaldo Goto, Chief Compliance Officer da BRF.
Sobre a ICC Brasil
Como representante institucional de mais de 45 milhões de empresas, atingindo mais de 170 países, a Câmara de Comércio Internacional (ICC) atua com a missão de fazer os negócios funcionarem para todos, todos os dias, em todos os lugares. A entidade é a principal voz da economia real em uma série de organizações intergovernamentais, defendendo as necessidades das empresas locais na tomada de decisão global. No Brasil, a ICC atua desde 2014, tendo como missão trazer o setor privado para o centro da agenda de comércio internacional e ampliar a voz da comunidade empresarial brasileira junto a governos e organismos internacionais na elaboração de projetos voltados para o desenvolvimento econômico, social e melhoria do ambiente de negócios. A instituição possui uma visão multissetorial, com uma enorme diversidade entre seus mais de 200 associados, entre empresas, bancos e escritórios de advocacia. A entidade conta com oito comissões temáticas por meio das quais desenvolve projetos e endereça assuntos de alta relevância para o setor empresarial brasileiro, realizando advocacy junto ao governo, organizações internacionais e sociedade civil.
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