Investimentos

Desvalorização do real: A importância da diversificação geográfica

Mesmo com as altas recentes que alçaram o Ibovespa aos 102 mil pontos, o principal índice da bolsa brasileira ainda está longe do patamar anterior à crise provocada pelo coronavírus.

Já o S&P 500, principal índice do mercado americano, retomou ao nível pré-crise há mais de um mês.

Apesar disso, os investidores brasileiros ainda alocam 99% da sua carteira no mercado doméstico, desperdiçando oportunidades, como constam nos dois relatórios mais recentes da Capital Research, a primeira casa de análises 100% gratuita do Brasil.

Para Felipe Silveira, especialista em ações da casa, diversos estudos revelam que não somente os investidores brasileiros como os de todo o mundo tendem a ter um peso excessivo em ativos locais em suas carteiras, sem atentar para as vantagens da diversificação geográfica.

É o chamado “home bias“, ou viés doméstico. “As pessoas tendem a se sentir mais confortáveis com ações de empresas que estejam mais presentes no seu dia a dia. O que faz sentido, considerando que você deve conhecer aquilo em que está investindo”, relata.

No entanto, Silveira acredita que as razões que justificam encarar a diversificação internacional como um benefício também são bastante intuitivas, apesar de serem constantemente ignoradas: “dificilmente todas as melhores oportunidades de investimentos estarão necessariamente entre as poucas centenas de empresas listadas na bolsa brasileira, por isso é importante diversificar”, comenta.

Para da uma visão mais exata do impacto da ausência da aplicação em mercados internacionais, Rafael Amaral, o especialista em fundos de investimento da Capital Research, traz um dado complementar.

“Enquanto o PIB do Brasil representa aproximadamente 2,5% do PIB Mundial, a alocação média do investidor brasileiro no mercado doméstico é de 99%. É uma exposição muito desigual”, explica.

O relatório assinada pelo especialista também destaca: “este não é um fenômeno exclusivo dos investidores brasileiros, mas aqui ele é muito mais contundente do que em outros países.”

Na prática, qual é o impacto do home bias no rendimento?

Para exemplificar o impacto do viés doméstico nos rendimentos de longo prazo dos investidores brasileiros, os especialistas da Capital Research compararam os rendimentos de duas carteiras hipotéticas de investimentos: uma 100% composta pelo Ibovespa enquanto a outra está dividida igualmente entre IBOV e IVVB11, o ETF que replica o S&P 500, composição recomendada pela casa de análises em sua Carteira Capital.

“Quem investiu R$ 100 mil na carteira 100% IBOV em 1995, primeiro ano completo do Plano Real, teria R$ 1,88 milhão hoje, enquanto quem investiu os mesmos R$ 100 mil em uma carteira 50% IBOV e 50% S&P 500 teria R$ 3,11 milhões”, relata Felipe Silveira.

Além do rendimento 65% maior, a carteira mais diversificada também apresenta uma volatidade 35% menor do que a composta apenas por Ibovespa, o que colabora para evitar perdas desnecessárias pelo caminho.

No relatório publicado pela Capital Research, Felipe Silveira reconhece que o câmbio e o risco político do país estrangeiro no qual se deseja diversificar são fatores de atenção ao investidor.

Mesmo assim, essa diversificação se mantém como uma boa opção dado que “para nós brasileiros, investir no exterior é muito mais uma proteção contra o risco cambial e contra o nosso próprio risco político do que o contrário. A desvalorização recente do real é prova disso e, na verdade, faz da exposição a uma moeda mais forte um dos fatores mais favoráveis à diversificação geográfica”, conclui.

Acesse o site da Capital Research para ver estes e os demais relatórios da casa.

A casa de análises Capital Research pertence ao grupo Red Ventures, que conta com um portfólio de empresas digitais nas indústrias de educação, saúde, home service e serviços financeiros.

Gabriel Dau

Estudante de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, atualmente trabalha como Redator do Jornal Contábil sendo responsável pela elaboração e desenvolvimento de conteúdos.

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