A educação financeira vai muito além de aprender a economizar, cortar gastos desnecessários, poupar e acumular quantias em dinheiro.
Ser educado financeiramente faz com que qualquer pessoa passe a buscar uma qualidade de vida melhor, além de proporcionar a segurança material necessária para aproveitar os prazeres da vida e obter uma garantia para eventuais imprevistos.
Infelizmente, no Brasil, a educação financeira ainda está longe de alcançar um patamar necessário, especialmente quando comparamos o cenário local com o de países desenvolvidos.
Segundo o Banco Mundial, apenas 3,64% da população economiza pensando no futuro.
Os índices mais baixos do mundo são formados pela média na América Latina, de 10,6%; enquanto outros países emergentes, como México (20,85%), África do Sul (15,93%) e Rússia (14,56%), apresentam números melhores.
É injusto culpar o patamar da educação financeira no Brasil a apenas o contexto histórico atual e é preciso entender alguns aspectos primordiais da conjuntura econômica do país, como por exemplo, a constante troca de moedas.
Nas últimas duas décadas, por exemplo, o Brasil teve uma moeda relativamente estável e inflação controlada, até abaixo dos dois dígitos.
Contudo, quando olhamos para anos mais distantes, em torno da década de 1980, essa não era a situação do país, com a mudança de moeda e um período de inflação descontrolado.
E essa incerteza sobre os preços assombra os brasileiros até hoje.
Nos momentos em que o governo não obtém êxito para controlar a inflação, o valor futuro da moeda entra em cheque, o que faz com que seja mais vantajoso gastar o dinheiro comprando bens do que poupar o valor, já que não se sabe quanto esse dinheiro irá valer no dia seguinte.
De fato, pensar desta forma fazia muito sentido antes do Plano Real, mas, infelizmente, esse é o pensamento que parece nortear os hábitos de consumo dos brasileiros até hoje.
Para se ter uma ideia, dados de pesquisa realizada pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capital (ANBIMA) em 2017, cerca de 75% da população nacional não fez nenhum tipo de aplicação financeira.
Em outras palavras, todo esse percentual da população passa toda a vida sem desenvolver um patrimônio sólido ou uma alternativa à aposentadoria, ficando refém da previdência social.
Dentre tantas outras desvantagens, a falta de educação financeira contribui para que o cenário do endividamento no Brasil cresça.
De acordo com levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), o ano de 2020 começou com 61 milhões de negativados.
Esses números refletem, também, a falta de hábito de poupar dos brasileiros: ainda de acordo com a entidade, apenas 28% dos brasileiros declaram ter poupado algum dinheiro nos últimos 12 meses, o 14.º pior índice do mundo.
É evidente que as medidas necessárias tomadas para tentar conter a propagação do novo coronavírus impactaram a economia nacional (e mundial também).
Dados de levantamento realizado pelo Instituto Paraná Pesquisas demonstram que aproximadamente 83% dos entrevistados afirmaram ter sido prejudicados financeiramente durante a pandemia.
Para especialistas do setor, é evidente que esses dados mostram mais um lado dos problemas causados pela crise, mas também deixam ainda mais clara a dificuldade que a população brasileira tem de construir e seguir um planejamento financeiro que seja capaz de equilibrar as receitas e gastos pessoais.
Dados auxiliares da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que realizou pesquisa focada no comportamento dos endividados no Brasil durante a pandemia, aproximadamente 11 milhões de famílias possuem alguma dívida.
O que mais assusta os especialistas é identificar que este movimento vem acontecendo de forma crescente: de 66,2% em março, o percentual passou para 67,4% em julho de 2020.
Todos esses índices fizeram as autoridades olharem para o tema de maneira diferente e, em 2020, a educação financeira passa a integrar a base Nacional Comum Curricular.
Para Rodrigo Pinheiro, CEO do Banco Bari, este é um passo muito importante, afinal, quanto mais cedo a noção do dinheiro é introduzida na vida da criança, maior será a capacidade de administração financeira.
“Não é coincidência observar que os países com menores índices de endividamento entre as famílias são os mais desenvolvidos, que oferecem uma base curricular educacional mais robusta. No Brasil, o caminho precisa ser o mesmo”, afirma Pinheiro.
A decisão de ensinar Educação Financeira foi do Ministério da Educação (MEC) e, de acordo com a entidade, as redes de ensino públicas e privadas de todo o país devem se adequar à nova norma para ajustar o currículo educacional e abordar o tema desde a educação infantil até o ensino médio.
A medida tem o objetivo de dar a base para que os alunos consigam desenvolver o hábito de poupar e até mesmo oferecer conhecimento para que, quando adultos, sejam capazes de tomar decisões mais conscientes em relação aos seus hábitos de consumo.
A educação financeira é essencial para que seja possível mudar o cenário das famílias brasileiras, porém é possível seguir alguns passos importantes, como:
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