O ano de 2020 foi extremamente atípico e difícil em muitos sentidos. Quando focamos nas dificuldades financeiras vivenciadas nos últimos nove meses pelos brasileiros, em especial, devido a pandemia de Covid-19, encontramos uma taxa de desemprego de 14,6% no país, ou seja, um novo recorde.
Atualmente, o Brasil conta com 212,2 milhões de habitantes, conforme dados do IBGE.
Deste total, estima-se que a população economicamente ativa, isto é, com condições de trabalhar e receber, seja de 106 milhões.
Ao fazermos um recorte por tipo de trabalho, o Instituto revela que 13 milhões trabalham no setor estatal e 93 milhões no setor privado.
Dos trabalhadores do setor privado, 38 milhões eram celetistas (trabalhadores com carteira assinada) no mês de março, sendo 40% mulheres (15,2 milhões) e 60% homens (22,8 milhões).
Com a chegada da pandemia, 897,2 mil brasileiros perderam o emprego entre março e setembro, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), publicado pelo governo federal; sendo a maioria mulheres: 588,5 mil, ou seja, 65,6% dos demitidos.
De acordo com a professora Simone Wajnman, da Universidade Federal de Minas Gerais, existe um efeito cicatriz na demissão de mulheres, ou seja, quanto mais tempo a mulher fica afastada do emprego, menor é a chance de ela retornar.
Além disso, há outras análises sobre o mercado de trabalho:
- As mulheres demoram mais a retornar ao emprego formal, conforme destacado pela professora Simone;
- As mulheres têm mais dificuldade de reorganizar o esquema doméstico para voltarem ao trabalho, sobretudo as que têm filhos e estão sem a opção de deixá-los na escola, ainda fechada neste período de pandemia;
- Os efeitos da reestruturação e da automação nas empresas reduzem a quantidade de trabalhadores necessários.
![desemprego](https://www.jornalcontabil.com.br/wp-content/uploads/2020/03/mudanca-de-emprego-desemprego-conceito-resignado_1421-3163.jpg)
Empreender passa a ser solução
Com base nos dados do Sebrae (2019), cerca de 27,4 milhões de mulheres são empreendedoras no Brasil.
Embora seja um número expressivo, o mesmo representa apenas 34% de todos os donos (homens) de empresas do país.
As análises do Sebrae ainda mostram que as empreendedoras são mais jovens e têm um nível de escolaridade 16% superior comparada aos homens.
Dentro do total de microempreendedores individuais (MEI), as mulheres representam 48% das formalizações, atuando especialmente em setores de beleza, moda e alimentação.
Outros pontos importantes da pesquisa apontam que as empreendedoras são cada vez mais “chefes de domicílio”, isto é, 45% delas já são a principal fonte de renda da casa.
Vale destacar, ainda, que a proporção de negócios por necessidade é maior entre mulheres, ou seja, grande parte decide abrir um negócio porque realmente precisa, justamente por não encontrar outra forma de emprego.