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74% dos alunos da rede pública recebem algum tipo de atividade não presencial

por Gabriel Dau
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• Estudo foi encomendado ao Datafolha pela Fundação Lemann, Itaú Social e Imaginable Futures, com objetivo de fornecer às redes de ensino dados e evidências que ajudem na estratégia da oferta de atividades não presenciais aos alunos na pandemia.

• Foram realizadas 1.028 entrevistas com pais ou responsáveis por 1.518 estudantes da rede pública em todo o Brasil, entre os dias 18 e 29 de maio.

• Maior parte dos alunos acessa as atividades que são ofertadas por meio de algum equipamento tecnológico (internet pelo celular ou computador, TV ou rádio) e a maioria desses alunos (84%) se dedica mais de uma hora por dia aos estudos. Segundo os pais ou responsáveis que responderam à pesquisa, 82% dos estudantes estão fazendo a maioria das atividades escolares.

• Do ponto de vista dos pais ou responsáveis, metade acredita que o aprendizado das crianças e jovens está evoluindo, enquanto 54% veem motivação dos alunos nas aulas. Porém, 31% temem que o aluno desista da escola se não conseguir acompanhar as aulas em casa e 58% consideram muito difícil para as crianças sob sua responsabilidade manter rotina de estudos. Esta dificuldade de acompanhamento está relacionada principalmente à falta de tempo dos adultos e à dificuldade para que eles expliquem as matérias.

• Perfil dos estudantes da pesquisa: 55% se declaram pardos ou pretos, 37% brancos, 2% amarelos, 2% indígenas, e 4% outros. Estudantes com menor nível socioeconômico tiveram menos acesso a atividades pedagógicas não presenciais.

A pandemia da Covid-19 obrigou as escolas a fecharem suas portas aos estudantes e impôs uma realidade até então inédita na educação do Brasil e do mundo.

Ainda assim, a rede pública de ensino brasileira está conseguindo ofertar atividades não presenciais aos seus estudantes, em um esforço conjunto de secretarias de educação, gestores e professores, que em tempo recorde conseguiram reunir uma série de alternativas para dar continuidade ao aprendizado.

Ao mesmo tempo, pais ou responsáveis e os próprios alunos tentam se adaptar ao novo cenário. Isso é o que mostra uma pesquisa do Datafolha realizada a pedido da Fundação Lemann, Itaú Social e Imaginable Futures.

Foram efetuadas 1.028 entrevistas com pais ou responsáveis por 1.518 estudantes da rede pública em todo o Brasil. A margem de erro máxima para o total da amostra é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%.

A pesquisa quantitativa teve abordagem telefônica, a partir de sorteio aleatório de números de telefones celulares, e foi realizada entre os dias 18 e 29 de maio de 2020.

Em menos de três meses de pandemia no Brasil, é possível afirmar que 74% dos estudantes das redes municipais e estaduais estão recebendo algum tipo de atividade para fazer em casa.

Entre os alunos do Ensino Médio, esse número chega a 85%.

O índice de acesso ao material é alto, pois as atividades e o conteúdo pedagógico foram disponibilizados de diferentes maneiras – plataformas digitais, materiais impressos, videoaulas gravadas e, até mesmo, rádio e televisão -, considerando as diversas realidades dos estudantes.

As atividades ofertadas pelas escolas por meio de algum equipamento tecnológico (internet pelo celular ou computador, TV ou rádio) correspondem a 37%, por material impresso 3%, e recebem tanto impresso quanto por tecnologias, 34%.

“O material não substitui de nenhuma maneira o professor ou a interação social que a escola proporciona, mas mostra como a tecnologia pode ser uma boa aliada na educação”, diz Denis Mizne, diretor executivo da Fundação Lemann.

“Essa é a primeira de uma série de três pesquisas que têm por objetivo apoiar os gestores públicos com dados e evidências para um melhor planejamento das suas ações na pandemia. Os desafios são muitos, tanto dos estudantes quanto dos professores e gestores, que precisam pensar em novas formas de ensino-aprendizagem para manter a motivação dos estudantes e evitar o abandono escolar”, diz Angela Dannemann, do Itaú Social.

Como as crianças estão estudando em casa?

A rotina dos estudantes em casa foi outro ponto abordado com pais e responsáveis. 84% dizem que os estudantes se dedicam mais de uma hora por dia aos estudos em casa, sendo que 29% passam mais de três horas diárias.

E 82% estão fazendo a maioria das atividades escolares enviadas pela escola.

Entre as principais dificuldades das atividades não presenciais estão: acesso à internet (23%), dificuldade com conteúdo (20%), falta de equipamentos (15%) e falta de interesse no conteúdo (15%).

A pesquisa mostra, ainda, que metade dos pais ou responsáveis dos alunos que receberam algum material acredita que o aprendizado está evoluindo em casa e 54% veem motivação dos alunos nas aulas.

71% também acreditam que o relacionamento em casa não piorou após o início das atividades remotas. Por outro lado, 31% dos respondentes demonstraram preocupação com a evasão escolar.

Esse percentual é ainda mais alto entre pais com baixa escolaridade e menor renda.

Dos pais com medo do estudante desistir de frequentar a escola quando as aulas voltarem, o percentual é maior para responsáveis com apenas o ensino fundamental (40%), com até dois salários mínimos mensais (36%), com estudantes da cor preta (37%) e das escolas com menor nível socioeconômico.

Acesso à internet e desigualdade regional

A pesquisa Datafolha deixa claro que as redes públicas deram passos largos nesta pandemia para chegar aos alunos e superar os desafios.

Porém, eles ainda são muitos, como o próprio estudo demonstra. As desigualdades regionais são grandes, por exemplo, na oferta das atividades pedagógicas não presenciais.

Na região Norte, pouco mais da metade dos alunos (52%) receberam atividades escolares na pandemia, e no Nordeste, 61%.

Em contrapartida, na região Sul, 94% dos estudantes receberam algum tipo de atividade pedagógica não presencial, seguido por Sudeste, 85%, e Centro-Oeste, 80%.

Do total de respondentes da pesquisa, 24% dos estudantes das redes públicas não receberam nenhum tipo de atividade não presencial na pandemia.

Essas crianças e adolescentes são, na maioria, moradoras de favelas ou comunidades (57%), estudam em escolas municipais (67%), cursam o Ensino fundamental 1 ou 2 (90%) e são pretas ou pardas (60%).

42% residem na região Nordeste e 22% no Norte do país.

Os pais ou responsáveis apontam a falta de comunicação ou de explicações por parte das escolas como um dos principais motivos para o não acesso às atividades durante a pandemia (40% justificam desta forma).

Equipamentos usados pelos estudantes

Outro ponto importante apontado é o acesso dos estudantes aos equipamentos eletrônicos. A maioria das famílias (95%) possui telefone celular.

59% dizem ter internet banda larga na residência. 50% afirmam ter de 1 a 3 equipamentos com acesso à internet, 46% com mais de 4 equipamentos e apenas 4% sem nenhum equipamento.

Aqui também as diferenças regionais são grandes. Enquanto nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste os estudantes com internet banda larga são, respectivamente, 71%, 65% e 65%, na região Norte apenas 37% declararam possuir internet, e 53% no Nordeste.

Perfil dos estudantes

• Gênero

47% feminino

53% masculino

• Por Ciclo escolar

44% no EF1

36% no EF2

20% no Ensino Médio

• 5% tem algum tipo de deficiência

• Cor declarada

48% pardos

37% brancos

7% pretos

2% amarelos

2% indígenas

4% outros

Perfil dos Responsáveis

• Idade

4% de 18 a 24 anos

30% de 25 a 34 anos

41% de 35 a 44 anos

22% de 45 a 59 anos

2% mais de 60 anos

• Parentesco

64% mãe

23% pai

5% avô/avó

5% tia/tio

3% irmão/irmã

3% padrasto/madrasta

• Cor declarada

47% parda

32% branca

12% preta

3% amarela

2% indígena

4% outros.

• Renda das famílias

73% até dois salários mínimos

13% de 2 a 3sm

7% de 3 a5 sm

3% de 5 a 10 sm

1% mais de 10 sm

2% recusa/não sabe

• Renda na pandemia

55% teve a renda reduzida

33% ficou igual

11% a renda aumentou

• Residência

35% vivem em capital ou região metropolitana

65% no interior

• Crianças ou adolescentes em idade escolar por residência

61% um estudante

30% dois estudantes

17% três ou mais estudantes

(média de 1,5 estudantes por residência)

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