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A demonstração ou apuração do resultado do exercício (DRE) é uma demonstração contábil que cruza receitas, custos e resultados com o objetivo de determinar o resultado líquido em um período de tempo. De forma simplificada, é um resumo financeiro que aponta se a empresa teve lucro ou prejuízo.
O termo “resultado” representa as contas de receita (dinheiro que entra) e de gastos (despesas e custos). O DRE é elaborado anualmente para prestação de contas, mas pode ser feito mensalmente pela administração da empresa para acompanhar os resultados.
Segundo a legislação brasileira, a apuração do resultado do exercício apresentada anualmente deve detalhar:
Como podemos ver, as exigências são muitas, fazendo com que seja ainda mais importante conhecer bem o processo para evitar erros.
A DRE representa um desafio até mesmo para os profissionais de contabilidade, já que é uma bastante complexa. Porém, o 1º passo para tornar tudo mais claro é entender a finalidade da apuração do resultado do exercício.
O objetivo da DRE é determinar se uma empresa está obtendo lucros ou prejuízos a partir das suas atividades, listando as operações que alteram o patrimônio líquido contábil, tanto positivamente (receitas) como negativamente (despesas).
Tudo parece bastante simples se pensarmos que é só pegar o valor das receitas e subtrair as despesas. Entretanto, a empresa pode vender um produto neste mês e só receber o pagamento daqui alguns meses, da mesma forma que existem vendas parceladas.
Quando a empresa faz um investimento (por exemplo, a compra de produtos para o estoque), é difícil determinar quanto esse investimento trouxe de resultado, já que os produtos não são vendidos no mesmo mês — e, mesmo que sejam, o pagamento nem sempre entra de imediato.
O mesmo vale para as despesas, que muitas vezes são difíceis de identificar, pois nem sempre são provenientes apenas da compra de mercadorias. Existem itens como aluguel, refeições, horas extras e diversos outros.
Por todas essas questões, a DRE é uma ferramenta capaz de demonstrar com exatidão qual foi o resultado líquido (lucro) obtido por uma empresa dentro de um determinado período.
Vale lembrar que as empresas pagam impostos como o Imposto de Renda da pessoa jurídica e a Contribuição Social sobre o lucro líquido. Esses tributos são calculados em cima do lucro apurado pela DRE.
Ou seja, se houver algum erro na apuração, consequentemente existirá um erro no pagamento dos impostos. Nesse caso, a empresa sempre sairá perdendo. Se o erro na apuração do lucro for para menos, o imposto pago também será menor e a empresa estará sujeita a uma multa da Receita Federal ou qualquer outro órgão fiscal. Se o erro for para mais, a empresa acabará desperdiçando dinheiro, o que também é totalmente indesejado.
Muitos empreendedores acreditam que o lucro da empresa é identificado no fluxo de caixa, mas esse é um equívoco.
O fluxo de caixa registra as movimentações financeiras, mostrando se a empresa pagou todas as contas do período e se faltou ou sobrou dinheiro. Porém, fechar o caixa no vermelho — ou seja, faltar dinheiro para pagar as contas — não quer dizer que a empresa não dá lucro. A organização pode ter altos valores em direitos a receber, por exemplo.
Muitas vezes, a ausência de dinheiro no caixa pode acontecer devido ao aumento do volume de compra (para abastecer o estoque, digamos) devido a um aumento nas vendas. Pode ser que a empresa esteja vendendo à prazo, mas comprando à vista.
Daí a importância de analisar a situação por meio da apuração do resultado do exercício. Só ela vai mostrar se a empresa está efetivamente operando com lucro, ajudando a encontrar falhas de gestão que podem ir desde a precificação até os custos e despesas variáveis.
Antes de entrarmos em um exemplo de apuração do resultado do exercício, é importante compreender alguns conceitos e definições básicas das variáveis que estarão contidas na própria DRE.
Ao vender uma mercadoria, a empresa faz a entrega e tem a diminuição de um ativo (mercadorias). Em contrapartida, recebe dinheiro pela venda. Ou seja, nessa operação há um custo de mercadoria vendida, já que a saída da mercadoria está diretamente associada à venda que foi feita. Conheça 5 ações para reduzir custos e ter uma gestão financeira eficiente da sua empresa.
Por outro lado, o pagamento de uma conta (aluguel, por exemplo) também causa a diminuição de um ativo (dinheiro), mas não está associada a uma venda. Afinal, a conta do aluguel será paga mesmo que a empresa não efetue nenhuma venda. Saiba como uma boa gestão financeira diminui as despesas da empresa.
Para o exemplo de DRE que mostraremos mais adiante, usaremos como exemplo um modelo de empresa comercial, que é aquela que compra e vende mercadorias. Entretanto, o mesmo princípio pode ser utilizado para uma empresa de serviços e uma empresa industrial, que fabrica e vende os seus produtos.
São 5 etapas para a apuração do resultado do exercício, sendo que o Resultado Líquido do Exercício é o valor que deve ser identificado ao final do processo. Acompanhe:
Receita Operacional Líquida = Receita Operacional Bruta – Deduções da Receita Bruta
Sendo que:
Resultado Operacional Bruto = Receita Operacional Líquida – Custos das Vendas
Sendo que:
Resultado Operacional pré-IR/Contribuição Social = Resultado Operacional Bruto – Despesas Operacionais – Despesas Financeiras Líquidas – Outras Receitas e Despesas
Sendo que:
Lucro Líquido Antes das Participações = Resultado Operacional pré-IR/Contribuição Social – Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social Sobre o Lucro
Resultado Líquido do Exercício = Lucro Líquido Antes das Participações – Empregados, Partes Beneficiárias, Participações de Administradores, Debêntures, Fundos de Previdência e Assistência para Empregados
Que tal ver um exemplo de apuração do resultado do exercício com valores práticos? Vamos lá!
Digamos que uma empresa tenha o seguinte balanço:
Ativo | |
Caixa | R$ 4.000,00 |
Mercadorias | R$ 6.000,00 |
Soma do Ativo | R$ 10.000,00 |
Passivo | |
Fornecedores | R$ 2.000,00 |
Patrimônio Líquido e Capital Social | R$ 8.000,00 |
Soma do Passivo | R$ 10.000,00 |
Vamos supor que a empresa comercializou todo o seu estoque de mercadorias e recebeu por essas vendas a quantia de R$ 10.000,00 à vista. A apuração do resultado foi feita logo após a venda.
Atualmente temos os seguintes saldos:
Caixa | (-) R$ 4.000,00 |
Mercadorias | (-) R$ 6.000,00 |
Capital Social | (+) R$ 8.000,00 |
Fornecedores | (+) R$ 2.000,00 |
Agora precisamos registrar o passo a passo da operação.
Em 1º lugar, deve ser registrado o valor da venda, que foi de R$ 10.000,00 à vista. Ou seja, entrou dinheiro no caixa da empresa, havendo um débito na conta caixa.
Fazendo um débito de R$ 10.000,00 na conta caixa, temos que fazer um crédito de R$ 10.000,00 em outra conta. Chamaremos essa outra conta que registrará o crédito de Receita de Venda.
O novo saldo fica assim:
Caixa | (-) R$ 4.000,00(-) R$ 10.000,00 |
Mercadorias | (-) R$ 6.000,00 |
Receita de Vendas | (/) R$ 10.000,00 |
Capital Social | (+) R$ 8.000,00 |
Fornecedores | (+) R$ 2.000,00 |
Após o registro da venda, precisamos fazer o registro da saída da mercadoria, já que a empresa vendeu todo o seu estoque. Dessa forma, precisamos também saber quanto a empresa tinha em estoque, o que nesse caso pode ser facilmente descoberto olhando o item “Mercadorias”, identificando que havia R$ 6.000,00.
Assim, faremos uma diminuição na conta de estoque. Por ser um ativo, registraremos de R$ 6.000,00 a crédito nessa conta. Como estamos fazendo um registro a crédito, teremos também um registro a débito em uma nova conta, chamada de Custo da Mercadoria Vendida (CMV).
Chegamos ao seguinte:
Caixa | (-) R$ 4.000,00(-) R$ 10.000,00 |
Mercadorias | (-) R$ 6.000,00(+) R$ 6.000,00 |
Receita de Vendas | (+) R$ 10.000,00 |
Capital Social | (+) R$ 8.000,00 |
Fornecedores | (+) R$ 2.000,00 |
Custo de Mercadoria Vendida (CMV) | (-) R$ 6.000,00 |
Definidos os novos saldos, está contabilizada a operação da venda. Portanto, até aqui, a conta de Receita foi credita e a conta de Custo foi debitada. Para entender melhor o crédito inserido na conta de Receita e o débito inserido na conta de Custo, vamos analisar a situação.
A venda ocorreu a R$ 10.000,00, porém, teve um custo de R$ 6.000,00 em mercadorias, gerando assim um lucro de R$ 4.000,00. Esse valor de lucro (R$ 4.000,00) será registrado no Patrimônio Liquido por meio de uma conta chamada de Lucros Acumulados.
É importante entender por que o Lucro Acumulado faz parte do Patrimônio Liquido da empresa. O lucro não precisa ser devolvido ou pago a ninguém por não ser uma obrigação ou dever, portanto, não pertence ao passivo. Por outro lado, também não é um direito ou bem da empresa (até porque não é tangível ou material), não sendo também um ativo.
Além disso, o valor não pode ser registrado no caixa ou receita de vendas, por exemplo, porque esses R$ 4.000,00 já estão no caixa da empresa. Afinal, foi feita a venda de um estoque de R$ 6.000,00 pela qual a empresa recebeu R$ 10.000,00. Assim, o valor que sobre faz parte do Patrimônio Liquido. Em outras palavras, o lucro é um valor em dinheiro que a empresa conquistou e que será distribuído aos sócios no futuro.
As contas de Receitas, Despesas e Custos são contas transitórias ou temporárias, ou seja, elas não aparecerão no balanço. Essas contas só possuem saldo enquanto queremos apurar o resultado, porém quando fazemos a apuração o saldo são transferidos para outra conta, zerando as Receitas, Despesas e Custos.
Assim, para apurar o resultado do exercício será aberta uma nova conta chamada de Apuração do Resultado do Exercício ou DRE. Assim nosso saldo vai conter os seguintes valores:
Caixa | (-) R$ 4.000,00(-) R$ 10.000,00 |
Mercadorias | (-) R$ 6.000,00(+) R$ 6.000,00 |
Receita de Vendas | (+) R$ 10.000,00 |
Apuração do Resultado do Exercício | — |
Capital Social | (+) R$ 8.000,00 |
Fornecedores | (+) R$ 2.000,00 |
Custo de Mercadoria Vendida (CMV) | (-) R$ 6.000,00 |
Em seguida, é hora de identificar entre as contas acima aquelas que são de Receita, Despesa e Custo.
As contas Caixa, Mercadorias, Capital Social e Fornecedores são respectivamente contas de ativo, ativo, passivo e patrimônio liquido. Assim, sobram as contas Receita de Vendas e Custo das Mercadorias Vendidas, que são contas de resultados. Essas contas de resultado deverão ser zeradas, e seu saldo será transferido para a conta de Apuração do Resultado do Exercício, resultando no seguinte:
Caixa | (-) R$ 4.000,00(-) R$ 10.000,00 |
Mercadorias | (-) R$ 6.000,00(+) R$ 6.000,00 |
Receita de Vendas | (+) R$ 10.000,00(-) R$ 10.000,00 |
Apuração do Resultado do Exercício | (-) R$ 6.000,00(+) R$ 10.000,00 |
Capital Social | (+) R$ 8.000,00 |
Fornecedores | (+) R$ 2.000,00 |
Custo de Mercadoria Vendida (CMV) | (-) R$ 6.000,00(+) R$ 6.000,00 |
Vale notar que foi feito um débito na conta de Receita de Vendas para zerá-la, e o crédito correspondente foi inserido na conta DRE. O mesmo se aplica para zerar a conta de Custo de Mercadoria Vendida.
Todas as contas que tiveram seu resultado zerado não precisarão aparecer no balanço do DRE. Como podemos ver no saldo da Apuração do Resultado do Exercício acima, o resultado foi um lucro de R$ 4.000,00 no período. Esse valor será representado como Lucro do Exercício.
O balanço patrimonial da empresa ficará da seguinte forma:
Ativo | |
Caixa | R$ 14.000,00 |
Soma do Ativo | R$ 14.000,00 |
Passivo | |
Fornecedores | R$ 2.000,00 |
Patrimônio Líquido e Capital Social | R$ 8.000,00 |
Lucro do Exercício | R$ 4.000,00 |
Soma do Passivo | R$ 14.000,00 |
É fundamental lembrar que a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) está prevista na lei brasileira e deve ser apresentada pelas empresas anualmente. Portanto, o 1º cuidado a ser tomado é a realização periódica da apuração, evitando que a empresa seja punida por essa omissão.
Em 2º lugar, é importante recordar que a empresa está sujeita a multas e medidas judiciais caso efetue de forma equivocada o pagamento de impostos. Como os impostos são justamente calculados sobre o lucro, a DRE deve ser executado com precisão para que nenhuma consequência negativa venha a ocorrer.
Além disso, obviamente, uma empresa que negligencia a DRE está sujeita a complicações financeiras por não conhecer o real desempenho da organização. Isso prejudica imensamente a tomada de decisões, podendo levar a companhia à falência ou a uma grave crise.
Atualmente, a maior parte das empresas opta por utilizar um software para ajudar na gestão financeira. Esses programas são conhecidos como sistemas de gestão e, ao contrário do que muita gente pensa, não são de uso exclusivo das grandes organizações. Pelo contrário: existem softwares desenvolvidos especialmente para auxiliar as pequenas e médias empresas a organizar sua contabilidade no cotidiano da rotina corporativa.
Hoje em dia são raras as empresas que optam por fazer toda a sua contabilidade manualmente. No caso da DRE, o próprio sistema de gestão se encarrega de zerar as contas de resultado e fazer a transferência para o Patrimônio Liquido, facilitando muito o processo e ajudando a prevenir erros.
Uma das vantagens de contar com um sistema de gestão é que não há necessidade de investir em infraestrutura (como computadores e equipe) se o software for totalmente armazenado na nuvem. Assim não é preciso se preocupar com instalações. Isso também traz mais segurança para os dados da empresa, além de possibilitar o acesso via internet de qualquer lugar para os usuários cadastrados.
Uma das dificuldades da contabilidade e da DRE em si é a visualização dos dados, que nem sempre é clara ou rápida de ser feita, podendo levar a erros.
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Com informações Fortes Tecnologia
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