Artigo: Dos fiscais honestos e dos corruptos

Numa empresa de porte médio, bem sucedida no mercado nacional e internacional, altamente conceituada e sediada nas Alterosas, aconteceu um episódio muitos anos atrás bem exemplar para os dias de hoje.

O contador, que possuía curso de contabilidade da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, avisa ao diretor da empresa que um fiscal estadual estava na sala de reuniões querendo falar com ele.

O fiscal, que examinava os documentos da empresa há algumas semanas, terminou o seu serviço e foi curto e grosso com o diretor: a multa é de tantos milhões, eu tenho pela lei uma participação na multa, mas como o dinheiro demora a chegar e eu estou reformando a casa, prefiro que vocês me paguem parte desse prêmio que o estado me dá e vamos esquecer a multa que estou aplicando. O fiscal, de sandália havaiana, de camiseta, bem à vontade para explicar o que proponha.

O diretor se levantou, saiu da sala, voltou com algumas chaves e as entregou ao fiscal dizendo que estava tudo certo e que no dia seguinte às 5.30 h poderia vir para receber a sua parte. O fiscal pergunta: à tarde, não é? Não, este é o horário que a gente começa a trabalhar aqui todo dia.

O senhor pode vir e com, a multa que está nos aplicando injustamente, só para ganhar a sua comissão, pode assumir a empresa. O fiscal tentou negociar e no final se despediu dizendo que ia receber “o dele”de qualquer maneira, mas que o diretor e a empresa iriam se arrepender para o resto da vida.

O processo rolou anos e anos, foi julgado pelo Conselho dos Contribuintes do Estado de Minas e os empresários ainda ouviram dos representantes do fisco que eram a podridão da sociedade. E o fisco perdeu, mas a empresa teve também perdas enormes.

Quantos casos de extorsão você conhece em todos os níveis? Não há empresário neste país que não tenha sido extorquido pelo menos uma vez na vida.

O escândalo que esta sendo levantado agora pelo Polícia Federal no nível da Receita Federal, é pequeno perto do que rola pelos estados e municípios nessa área. Pelo menos, a Polícia Federal levantou isso, enquanto as polícias estaduais e procuradorias nas sua maioria ficam silenciosas em relação ao assunto.

Mas, a regra de fiscais corruptos não é regra. A absoluta, e reafirmo, absoluta maioria dos servidores públicos no Brasil é honesta. O empresário precisa resistir, denunciar e por para correr quem o chantageia.

Precisa conhecer as leis e usá-las a seu favor e não se abater com a primeira chantagem que aparentemente facilita a vida. Mas dificulta o sucesso, a sobrevivência. Porque chantageado uma vez, chantageado sempre. Honestidade tem preço, mas vale a pena. (Com Folha de Negócios)

Stefan Salej – www.salejcomment.blogspot.com – Consultor Internacional e ex-presidente da Fiemg

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