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Contas públicas fecham junho com déficit recorde de R$ 194,7 bilhões

As contas públicas fecharam o mês de junho com saldo negativo de R$ 194,7 bilhões, informou hoje (30), em Brasília, o Tesouro Nacional. O recorde no déficit primário, despesas maiores que as receitas, sem considerar no cálculo os gastos com juros, do Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) é explicado pelos efeitos da pandemia de covid-19 na economia. Em junho de 2019, o déficit primário ficou em R$ 11,8 bilhões.

“Assim como no mês anterior, o déficit de junho é explicado, principalmente, pela redução significativa na arrecadação, combinada com o aumento nas despesas do Poder Executivo decorrentes de medidas de combate à crise da covid-19, bem como da antecipação do pagamento do 13º de aposentados e pensionistas do Regime Geral da Previdência Social e pagamento acumulado dos precatórios”, diz o relatório do Tesouro Nacional.

No mês passado, em termos reais (descontada a inflação), a receita líquida apresentou queda de R$ 29,3 bilhões (-31%), enquanto a despesa total aumentou R$ 153,4 bilhões (+144%), quando comparados a junho de 2019.

O adiamento no pagamento de impostos contribuiu para reduzir as receitas em R$ 20,4 bilhões. Também contribui para reduzir as receitas a retração na atividade econômica.

No caso das despesas, o resultado foi influenciado principalmente pelas medidas de combate à crise gerada pela pandemia de covid-19 que somaram R$ 96,8 bilhões no mês de junho. “Destaque para o auxílio emergencial a pessoas em situação de vulnerabilidade social (R$ 44,7 bilhões), as despesas adicionais do Ministério da Saúde e demais ministérios (R$ 19,9 bilhões), o auxílio emergencial aos estados, municípios e DF (R$ 19,7 bilhões) e o Benefício Especial de Manutenção do Emprego e Renda (R$ 7,1 bilhões)”, diz o relatório.

Além disso, acrescenta o Tesouro, houve “elevação pronunciada” no pagamento de benefícios previdenciários, que cresceu 57,8% em termos reais (R$ 28,2 bilhões) devido à antecipação do pagamento de décimo terceiro de aposentadorias e pensões e no pagamento de sentenças judiciais e precatórios.

Resultado acumulado

No primeiro semestre, o déficit primário chegou a R$ R$ 417,2 bilhões, contra R$ 29,3 bilhões em igual período de 2019. Nesse período, a receita líquida apresentou queda de R$ 116,5 bilhões (-18,1 %) e a despesa total cresceu R$ 271,1 bilhões (+40,3%), quando comparados ao mesmo período de 2019.

Para esse período, o adiamento de pagamento de tributos estimado é de R$ 81,3 bilhões, enquanto a diminuição do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nos empréstimos totalizou R$ 6,3 bilhões. Do lado da despesa, até junho de 2020, os gastos realizados das medidas de combate à crise totalizaram R$ 210,6 bilhões.

“É importante destacar que os programas de combate aos efeitos econômicos e sociais da covid-19 são temporários, com execução concentrada no exercício de 2020. Adicionalmente, como a maior parte desses programas envolve ações de transferência de renda, não se espera que a sua execução gere valores elevados de restos a pagar para o exercício seguinte, como seria esperado no caso de programas de subsídios e/ou de investimento público”, destaca o Tesouro Nacional.

Redesenho de políticas sociais

No relatório, o Tesouro disse ainda que há “um debate promissor sobre o redesenho de políticas sociais para avaliar quais programas têm bons resultados e são efetivos para o cumprimento dos seus objetivos”.

Para o Tesouro Nacional, aumentar a qualidade do gasto preserva o controle das contas públicas, mantém os juros baixos e não gera necessidade de elevar a carga tributária. “A título de exemplo, enquanto o programa Bolsa Família concentra suas transferências no segmento dos 20% mais pobres da população, o programa abono salarial transfere seus recursos de forma mais uniforme para todos os níveis de renda, até mesmo para os 20% mais ricos da população”, disse no relatório.

De forma semelhante, acrescenta o Tesouro Nacional, “o Benefício de Prestação Continuada, que apesar de concentrar seus recursos no segmento dos 20% mais pobres da população, também é transferido para pessoas nas camadas de rendas superiores”. “Esses exemplos ilustram como se pode aumentar a eficácia e efetividade do gasto social por meio da melhor focalização, sem precisar elevar o montante das despesas públicas”, acrescentou.

O Tesouro argumentou que “vários estudos de comparativos internacionais revelam que o Brasil já aloca montantes superiores que seus pares emergentes para despesas sociais e possui perfil semelhante a países desenvolvidos”.

Fonte Agência Brasil – Kelly Oliveira

Jorge Roberto Wrigt

Jornalista há 38 anos, atuando na redação de jornais impressos locais, colunista de TV em emissora de rádio, apresentador de programa de variedades em emissora de TV local e também redator de textos publicitários, na cidade de Teresópolis (RJ). Atualmente se dedica ao jornalismo digital, sendo parte da equipe do Jornal Contábil.

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