O ex-presidente do Banco Central e sócio-fundador da Gávea Investimento, Armínio Fraga, avaliou, durante participação no Summit Imobiliário Brasil 2016, que a volta da CPMF não será suficiente para corrigir a rota do déficit fiscal no Brasil. A coisa chegou em um jeito que não é suficiente só a volta da CPMF, fazer um esforço curto. Não é uma questão cíclica. Nossa máquina não está preparada para crescer. Vive hoje certa paralisia, afirmou.
De acordo com Fraga, o Brasil vive hoje uma trajetória muito perigosa, que combina queima de caixa, Produto Interno Bruto (PIB) encolhendo e juro real astronômico. Destacou ainda que a relação dívida/PIB, de 72%, não incorpora prejuízos a olho nu, como a necessidade de capital para a Petrobras, a Caixa Econômica Federal e o FGTS. É necessário, na sua visão, uma reviravolta importante na área fiscal.
Nossos Estados estão péssimos do ponto de vista de finanças. O Rio de Janeiro vive um momento particularmente difícil, acrescentou o sócio-fundador da Gávea. Ele vê a relação dívida/PIB do Brasil chegando perto dos 80%, crescendo entre 7% e 8% por ano. Para Fraga, alinhar a trajetória da dívida pública no País requer uma reforma de Estado. O melhor a fazer de cara seria arrumar a trajetória da dívida pública, avaliou Fraga.
Governo
Fraga negou rumores de que teria sido convidado para participar de um novo governo e desmentiu ter jantar agendado com o vice-presidente Michel Temer esta noite. Não fui convidado a participar de um novo governo, afirmou.
O ex-presidente do Banco Central reiterou, no entanto, que gostaria de colaborar como o que fosse possível e que suas políticas estariam próximas do que havia elaborado na composição da chapa do então candidato à presidência pelo PSDB, Aécio Neves, em 2014. Fraga negou que tivesse um jantar com o vice Temer esta noite e disse que na suposição de um encontro, o tema seria econômico. Não tivemos a chance de conversar. Se Temer me der a honra de um convite irei, e será para sugestões na área econômica, afirmou. Não há jantar esta noite, afirmou e observou que tal assunto sobre agenda deve ser checado com o próprio Temer.
Ele acrescentou que já havia sinalizado que nesse momento não poderia compor o governo, por razões pessoais, que envolvem por exemplo a recém recompra da Gávea Investimentos. Há especulações que de Fraga ocuparia o Ministério da Fazenda em um eventual governo pós impeachment da presidente Dilma Rousseff, com o atual vice, Michel Temer ocupando a presidência.
Estadão
Fonte: Portal Contábil SC