Negócios

Crescimento de escândalos Organizacionais

Ultimamente, estamos vendo na mídia muitos escândalos corporativos envolvendo a alta administração e órgãos de governança em fraude financeira, corrupção, abuso de poder e assédio em renomadas organizações de vários seguimentos.

Neste sentido, podemos observar que isso contribui para que as organizações implementem medidas corretivas. Porém, é essencial que elas desenvolvam sistemas robustos de governança corporativa, ética empresarial e canais de denúncia eficazes para prevenir e detectar comportamentos inadequados. Além disso, a adoção de uma cultura corporativa transparente e uma postura de tolerância zero em relação à fraude, corrupção e assédio é fundamental para garantir a integridade e a confiança nas organizações.

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Podemos dizer que com toda essa exposição, as organizações cada vez mais estão engajadas em criar um ambiente mais íntegro, e seus colaboradores mais propensos a denunciar situações semelhantes em seu próprio local de trabalho.

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Na minha opinião, podemos destacar os principais fatores que propiciaram este aumento significativo de escândalos organizacionais:

1 – Maior conscientização e facilidade no acesso aos canais de denúncia:

Com o avanço da tecnologia e o aumento da conscientização sobre questões como assédio no local de trabalho, discriminação e irregularidades financeiras, entre outras, mais pessoas podem estar cientes de que há opções para realizar uma denúncia, por meio de plataforma em diversos canais, inclusive de forma anônima.

Imagem: yanalya / freepik

2 – Disponibilidade de denúncias anônimas:

As denúncias anônimas desempenham um papel significativo no aumento de denúncias corporativas. Os colaboradores ou partes interessadas podem optar por relatar irregularidades ou má conduta sem a identificação do denunciante e por meio de plataformas on-line. Essas denúncias podem levar a investigações mais aprofundadas.

3 – Avanço em recursos tecnológicos para investigação interna:

As organizações estão amadurecendo sobre como conduzir investigações internas para examinar possíveis irregularidades ou comportamentos inadequados. Essas investigações podem ser desencadeadas por denúncias de colaboradores, terceiros, fornecedores, clientes, ou mesmo quando a auditoria interna vai realizar seus trabalhos e suspeita de alguns desvios fora do padrão.

4 – Mudança cultural:

Nos últimos anos, houve uma mudança cultural em relação à tolerância 0 (zero) na aceitação de má conduta corporativa. É necessário que todos, sem exceção do cargo ou função, sejam um exemplo dentro e fora das organizações, principalmente a alta administração e os órgãos de governança, que devem ter uma reputação exemplar, por isso falamos muito de top down! Podemos, também, destacar a maturidade das organizações que estão investindo em recursos de investigação, bem como na proteção legal aos denunciantes. Com isto, os colaboradores estão se sentindo mais encorajados a falar e denunciar comportamentos inadequados, uma vez que há uma maior aceitação e apoio para aqueles que se manifestam com boa-fé.

5 – Proteção legal e regulatória aos denunciantes:

Em muitos países, foram introduzidos regulamentos e leis mais rigorosos para proteger os denunciantes de boa-fé de retaliação e garantir que suas preocupações sejam tratadas adequadamente.

Por isso, destaco que na minha opinião o aumento nas denúncias corporativas nem sempre significa necessariamente um aumento na má conduta da gestão. Temos que analisar caso a caso e considerar que os colaboradores estão se sentindo mais empoderados para relatar problemas, e esperam que as organizações tomem medidas corretivas adequadas. No entanto, é crucial que as empresas estabeleçam canais de denúncia eficazes e adotem uma cultura de transparência e responsabilidade para lidar adequadamente com essas denúncias e evitar possíveis abusos, conforme já relatado acima.

Por Paulo Gomes, diretor-geral do Instituto dos Auditores Internos do Brasil – IIA Brasil.

Leonardo Grandchamp

Supervisor de Redação do Jornal Contábil e responsável pelo Portal Dia Rural.

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