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Crimes que um contador pode cometer “sem querer”; cuidado

A profissão de contador pode esconder algumas armadilhas perigosas. É preciso conhecer detalhes que podem colocá-lo em apuros.

por Rodrigo Peronti
7 minutos ler

Ser contador é uma grande responsabilidade, mas nem sempre as coisas saem como planejado. Afinal, entre cálculos, declarações e prazos apertados, erros podem acontecer. Mas o problema é que alguns desses erros não são apenas falhas técnicas – eles podem ser considerados crimes. Sim, você leu certo! Mas calma, ninguém está dizendo que contadores por aí estão se tornando criminosos da noite para o dia.

O ponto é que, mesmo sem intenção, algumas ações podem ser enquadradas na lei como ilícitos, e isso pode trazer sérios problemas. Mas que tipo de erro pode levar a um processo? Quais são as consequências? E, mais importante, como evitar essas armadilhas? Vamos entender melhor.

1. Sonegação fiscal: quando o erro pode custar caro para o contador

O contador tem um papel essencial na correta apuração dos tributos de uma empresa, mas qualquer deslize pode ser interpretado como sonegação fiscal. Esse crime acontece quando há omissão de informações ou fraudes que resultam na redução de impostos devidos. Mas não pense que só fraudes intencionais entram nessa categoria! Um erro de cálculo ou o uso incorreto de uma dedução fiscal pode levar a problemas com o Fisco.

E quais são as consequências? Bom, a Lei 8.137/1990, que trata dos crimes contra a ordem tributária, prevê penas que vão de 2 a 5 anos de reclusão, além de multa. Mas há uma saída: se a dívida for quitada antes da denúncia, a punição criminal pode ser afastada. Mas, para evitar dores de cabeça, o melhor caminho é revisar tudo antes de enviar as declarações.

2. Falsidade ideológica: cuidado com os documentos

Muitos contadores lidam com contratos, declarações e balanços financeiros, mas nem sempre percebem que um simples ajuste pode caracterizar falsidade ideológica. Esse crime, previsto no Código Penal (art. 299), ocorre quando alguém insere ou altera informações falsas em documentos públicos ou privados para obter alguma vantagem. Mas não precisa ser uma falsificação grosseira para entrar na mira da lei – basta que a informação inserida possa induzir alguém ao erro.

Exemplo? Um contador que, sem perceber, registra um dado incorreto para melhorar a situação financeira da empresa pode estar cometendo um crime, ainda que sua intenção não seja fraudulenta. Mas há um detalhe importante: para que seja considerado crime, é preciso que haja dolo, ou seja, que a pessoa tenha consciência da irregularidade e, mesmo assim, prossiga com a ação. Mas, como interpretar isso? Bom, às vezes, um pequeno erro pode parecer inocente, mas, se resultar em prejuízo a terceiros, pode gerar grandes problemas.

3. Apropriação indébita: o dinheiro da empresa não é do contador

A rotina contábil exige um alto nível de confiança, mas há situações em que essa confiança pode se transformar em risco. Se um contador recebe valores para pagar tributos, mas acaba utilizando esse dinheiro para outro fim (mesmo que temporariamente), pode ser acusado de apropriação indébita. O problema é que, mesmo que a intenção seja repor o valor depois, a lei não vê isso com bons olhos.

O Código Penal (art. 168) estabelece que apropriação indébita ocorre quando alguém se apodera de um valor que foi confiado a ele, mas não era de sua propriedade. E a pena? Pode chegar a 4 anos de prisão e multa. Mas esse tipo de situação geralmente ocorre por falha de gestão ou falta de organização, e não por má-fé. Mas o Fisco e a Justiça não perdoam descuidos desse tipo, então é melhor garantir que os valores destinados a tributos e pagamentos estejam sempre separados e organizados.

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4. Lavagem de dinheiro: sem perceber, mas na mira da lei

Poucos contadores imaginam que podem ser envolvidos em esquemas de lavagem de dinheiro, mas isso é mais comum do que parece. O crime acontece quando valores de origem ilegal passam por um processo de “limpeza” para parecerem lícitos. E como um contador pode se envolver nisso?

Bom, se ele for responsável por criar estruturas contábeis que ocultem a origem do dinheiro – mesmo que ache que está apenas seguindo ordens –, pode acabar sendo investigado. O problema é que, no Brasil, a Lei da Lavagem de Dinheiro (Lei 9.613/1998) prevê punições pesadas para qualquer envolvido, com penas que vão de 3 a 10 anos de prisão, além de multa. Mas tem um agravante: dependendo do caso, a pena pode aumentar se houver uso de empresas de fachada ou transações internacionais suspeitas.

A dica aqui é clara: se parecer estranho, desconfie! Mas, além disso, é fundamental manter registros detalhados das operações realizadas e, se necessário, denunciar movimentações suspeitas.

5. Contabilidade paralela: um erro que pode sair caro ao contador

Muitas empresas tentam manter dois conjuntos de registros contábeis – um oficial e outro “para controle interno” –, mas esse tipo de prática é altamente arriscada. Se o contador aceita fazer esse tipo de contabilidade paralela, pode ser acusado de fraude contábil. Mas qual o problema disso?

A Lei 11.638/2007, que modernizou as normas contábeis brasileiras, exige que todas as empresas mantenham registros fiéis à realidade. Mas quando há duplicidade de informações, a Receita Federal pode interpretar como tentativa de fraude fiscal. E isso não resulta apenas em multa: pode configurar crime de falsificação de documentos e até levar à perda do registro profissional.

A atenção nunca é demais

O trabalho do contador vai muito além dos números – ele é um guardião da legalidade financeira das empresas. Mas, como vimos, pequenos deslizes podem ter grandes consequências. Mas como evitar esses riscos?

  • Revisão constante: erros acontecem, mas revisar documentos e cálculos reduz os riscos.
  • Atualização profissional: a legislação muda com frequência, mas se manter informado evita equívocos.
  • Ética sempre: se algo parece irregular, melhor questionar do que assumir o risco.

O contador pode até não ser o dono da empresa, mas sua assinatura tem peso legal. E se houver algum problema, as consequências podem ser sérias. Mas, com cuidado e conhecimento, dá para evitar essas armadilhas e seguir uma carreira sem sustos.

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