A Receita Federal do Brasil (RFB) desenvolveu um estudo sobre o tempo de liberação de mercadorias, baseado em metodologia da Organização Mundial das Aduanas (OMA) para a redução de tempo de processos de importação no Brasil, calculando o tempo desde a chegada da mercadoria no país, até a sua efetiva saída do local alfandegado.
O Time Release Study (TRS) conduzido ao longo do ano passado apurou que o tempo médio para a liberação dos produtos, considerando todos os fatores, foi de 7,4 dias, sendo: 5,8 dias para aéreo, 9,7 dias para marítimo e 2,3 dias para rodoviário.
Diante desses números, constatou-se que mais de 87% das mercadorias importadas são fisicamente liberadas em menos de 7 dias, contados de sua chegada ao país.
Um ponto importante do estudo revela que as ações sob responsabilidade dos agentes privados, notadamente o importador (ou seu preposto – despachante aduaneiro), o transportador internacional e o depositário representam mais da metade do tempo total despendido em todos os fluxos analisados.
Entregas de mercadorias após o desembaraço e entrega de documentos instrutivos à RFB tem potencial para reduzir em média mais de 40% dos tempos totais.
“Esse estudo veio como um ‘choque’ para os importadores que colocam a culpa da demora da importação na burocracia imposta pelo governo, e pelo que pudemos constatar, mais da metade do tempo gasto está na comunicação entre os entes privados e também na emissão e pagamentos das taxas”, informa Thiago Souza, co-founder da Dootax , empresa que otimiza o pagamento de tributos por meio de um software que utiliza RPA (Robotic Process Automation).
Ele também aponta que alguns clientes internacionais utilizaram a solução da Dootax para mapear essa burocracia e saíram à frente.
“Com o processo de automação da emissão e pagamento das guias de importação, o processo passou de até 4 dias para poucos minutos”, aponta Souza.
Outro pilar proposto no TRS é o módulo Pagamento Centralizado de Comércio Exterior no âmbito do Portal Único, onde serão concentrados e automatizados os pagamentos dos tributos incidentes sobre o comércio exterior, promovendo simplificação e harmonização dos meios de pagamento e eliminando etapas de compensação do pagamento de guias bancárias, que possibilitará a eliminação de redundâncias de informações e a simplificação dos processos para os operadores.
“Caso as empresas não queiram esperar o desenvolvimento e a liberação do Portal Único para conseguir ter acesso aos seus produtos mais rápido, a Dootax já tem essa solução funcionando.
No mesmo caso apresentado acima, conseguimos emitir e pagar a guia 24×7, e com a automação ajuda, inclusive, a redução de custos na área fiscal e financeira, pois todo o processo é automatizado e sem interferências humanas, impossibilitando erros”, ressalta Souza.
Logística
O Time Release Study, também mostrou a importância de mapear cada etapa da cadeia logística e identificar possíveis gargalos a serem melhorados.
A startup D2P tem justamente o objetivo de ajudar as empresas nessa constante procura por melhores práticas na logística das operações de comércio exterior.
Aplicando a experiência de seus fundadores em inteligência de comércio exterior, áreas aduaneira e logística internacional, em sua plataforma é possível extrair de forma automática e de fontes confiáveis as informações dos processos de comércio exterior de seus clientes para ser realizado o diagnóstico logístico.
“Nesse diagnóstico são analisados não só prazos, mas também custos e outros parâmetros da operação para que sejam identificados esses pontos de melhorias. Além disso, a D2P apoia na implantação dessas melhorias e mede os resultados alcançados, o que na maioria das vezes significa enorme redução de custo na operação“, informa Jaquelyne Abrahim da D2P.
Automação e Integração dos Fluxos Logísticos
Outro ponto de destaque são os três grandes fluxos que compõem a cadeia de suprimentos: o fluxo de materiais, o fluxo financeiro e o fluxo de informações.
Quando esses fluxos são desintegrados e dependentes de diferentes intervenientes e diversas etapas, os processos e as informações ficam fragmentadas e se perdem nas interfaces entre as operações, aumentando consideravelmente os tempos, os custos e os riscos.
Das recomendações, iniciativas e propostas para o ganho de eficiência nos processos, a Quattro , startup de tecnologia para Logística e Supply Chain desenvolveu a Flowls, plataforma de integração e automação dos Fluxos Logísticos que vem para juntar todas essas peças que envolvem os processos, conectando os diferentes intervenientes e sistemas e integrando todo o fluxo de informações.
“Como resultado, as empresas conseguem ter visibilidade de todas as etapas dos processos, permitindo um melhor planejamento, controle e previsibilidade além de democratizar a gestão logística e auxiliar os usuários para a tomada de melhores decisões.
É como um ‘gêmeo’ virtual que replica os processos físicos no digital, permitindo reduzir desperdícios e ineficiências que resultam em grandes reduções de custos e de riscos e aumento da qualidade percebida pelos clientes internos e externos, com a entrega de uma melhor experiência a todos os elos envolvidos na cadeia”, informa Anna Valle da Quattro.
Certificação OEA
Quase o ponto final, mas não menos importante é a fase da inspeção prévia ao carregamento.
Mitigação de riscos e inspeções físicas de carga e equipamento de transporte, são pontos de atenção na certificação OEA (Operador Econômico Autorizado), uma das contra medidas propostas pelo TRS como ferramenta para redução do tempo da liberação aduaneira, e uma das especialidades da empresa CargoSnap .
“A certificação OEA é um importante instrumento para maior eficiência da cadeia Logística e traz consigo diversos benefícios, como usufruir vantagens de Acordos de Reconhecimento Mútuo (ARM) com a Aduana Chinesa e a possibilidade de iniciar o desembaraço aduaneiro antes da chegada do navio (sob águas), são vantagens muito atraentes e necessárias.”, ressalta Daniel Maul Lins da CargoSnap
A inspeção prévia ao carregamento é essencial para verificação da integridade da unidade de carga e mitigação do risco de transporte simultâneo, não autorizado, de outros produtos.
Permite detecção, por exemplo, de paredes falsas em contêineres ou carrocerias. A avaliação do operador deve abranger, quando for o caso, procedimentos executados de forma terceirizada.
“Como pede a normativa, criamos uma trilha de auditoria de cada container embarcado, realizamos a coleta de evidências de forma segura, rápida e fácil e também utilizamos o mobile APP com leitores via OCR (Optical Character Recognition) das portas de contêineres, de placas de veículos e do lacre do Armador.
Com facilidade e agilidade, podemos rapidamente coletar os dados sem a interferência humana, minimizando erros de digitação e sem papel”, finaliza Daniel Maul Lins da CargoSnap.