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Desafios de Lula: Relação com STF e Congresso moldam estratégia até 2026

por Ricardo de Freitas
4 minutos ler
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em seu terceiro mandato, alcança a metade de sua gestão com uma estratégia voltada para reorganizar o governo em preparação para as eleições de 2026. Diferente do que ocorreu no início de seu mandato, quando a busca por uma identidade de governo gerava preocupação, Lula agora se concentra na consolidação dos programas já implementados. Além disso, ele está explorando a proposta de aumentar a faixa de isenção do Imposto de Renda como uma forma de impulsionar sua popularidade, ao mesmo tempo em que busca atenuar as críticas do mercado financeiro diante da atual situação econômica do país.

Legislativo

No contexto legislativo, Lula enfrenta um cenário marcado pela maior presença de forças de centro-direita e direita no Congresso, além de ter herdado da gestão anterior de Jair Bolsonaro um arranjo orçamentário que concede aos parlamentares uma considerável fatia do Orçamento — cerca de R$ 50 bilhões em 2024 — para destinação em suas bases eleitorais. Em resposta a esse ambiente desafiador, o presidente tem cultivado uma relação inédita com a cúpula do Judiciário, recebendo apoio em temas importantes para sua administração, como a supervisão das emendas parlamentares e a responsabilização das plataformas digitais por conteúdos gerados por usuários.

Esse novo panorama é significativamente distinto daquele observado durante os dois primeiros mandatos de Lula, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) se tornou um fator complicador devido às investigações relacionadas ao escândalo do mensalão. Agora, Lula estabeleceu laços estreitos com ministros do STF, incluindo Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, com quem mantém diálogos frequentes. Um exemplo dessa proximidade foi evidenciado em um jantar no Palácio da Alvorada, realizado enquanto aconteciam eventos significativos na Praça dos Três Poderes.

Embora o STF tenha negado qualquer conluio entre o Planalto e o Judiciário, há um reconhecimento sobre a sinergia nas pautas abordadas. No entanto, dentro do próprio governo existem críticas referentes ao protagonismo excessivo de alguns ministros, especialmente do chefe da Casa Civil, Flávio Dino.

A relação entre Lula e os parlamentares tem se mostrado mais esporádica em comparação aos mandatos anteriores. A análise dessa mudança aponta que as dificuldades começaram logo na formação do governo. O deputado Eunício Oliveira (MDB-CE) observou que houve uma desconexão significativa entre a articulação política e o Legislativo.

Reforma Ministerial

Para contornar esses desafios, Lula está planejando uma reforma ministerial nos primeiros meses deste ano, buscando alinhar sua equipe às demandas eleitorais futuras. A especulação sobre sua candidatura em 2026 se intensificou após uma cirurgia emergencial realizada em dezembro, levando muitos a questionarem se ele realmente disputará um novo mandato. Enquanto isso, aliados notam que a atual composição ministerial ainda é predominantemente composta por petistas.

A reforma também visa mitigar conflitos internos que possam prejudicar sua administração. Embora haja a percepção de que Lula tenha incentivado disputas internas no passado, hoje ele parece menos disposto a lidar com essas questões. Isso levanta preocupações sobre a preservação do patrimônio eleitoral que construiu ao longo dos anos.

Entre as rivalidades mais marcantes estão as disputas entre os ministros da Fazenda e da Casa Civil, Fernando Haddad e Rui Costa. Apesar das diferenças ideológicas entre suas gestões, ambos concordaram em um acordo sobre o pacote fiscal proposto pelo governo.

As condições fiscais atuais são desafiadoras e contrastam fortemente com os superávits obtidos durante os primeiros mandatos de Lula. Nesse novo cenário econômico adverso, a prioridade da gestão tem sido elevar a isenção do imposto de renda para contribuir com a recuperação da popularidade presidencial. A expectativa é que essa proposta seja discutida no Congresso sob a perspectiva da justiça tributária.

Os dados recentes revelam que Lula possui atualmente 35% de aprovação como ótimo ou bom — uma comparação desfavorável em relação aos níveis de aprovação registrados nos primeiros meses de seus outros mandatos. De acordo com análises eleitorais recentes, o ex-presidente lidera todos os cenários para um eventual segundo turno nas eleições de 2026.

Por fim, Lula deixou claro que os últimos dois anos devem ser dedicados à implementação e à promoção dos programas já lançados durante seu governo. Iniciativas como Pé-de-Meia (auxílio financeiro para estudantes), Desenrola (perdão de dívidas) e Acredita (focado no empreendedorismo) são vistas como pilares fundamentais para consolidar sua marca nesta nova fase à frente do Planalto.

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