Um levantamento da KPMG apontou as principais tendências e desafios para o setor de infraestrutura no atual cenário de pandemia do novo coronavírus.
O documento traz ainda considerações sobre o padrão de retomada para companhias deste segmento, abordando a falta de insumos e mão-de-obra, queda nas receitas e crédito imobiliário, além da interrupção do fluxo de passageiros e diminuição de cargas.
Para o sócio-líder do setor de infraestrutura da KPMG no Brasil, Eduardo Redes, como indivíduos e negócios nós não controlamos uma pandemia, mas temos a opção de como reagimos a ela; e esta resposta é que irá determinar o que o “novo normal” poderá representar em oportunidades para cada um dos setores.
Segundo o levantamento, alguns dos principais desafios enfrentados por empresas do setor em virtude pandemia são:
– Aeroportos: neste caso, os resultados são oriundos essencialmente da tarifação do fluxo, vinculados à movimentação de passageiros, veículos e cargas.
O impacto de redução no PIB tem um efeito multiplicador de 60% a 70% maior no fluxo dos aeroportos, tornando impraticável a manutenção de geração de resultados pelo uso de ações no curto prazo.
Em março deste ano, a queda na movimentação foi superior a 50%, atingindo patamares acima de 90% no início de abril.
– Rodovias: o PIB guarda uma relação direta quanto ao fluxo de passageiros e cargas nas rodovias; ou seja, impactos de redução no PIB são igualmente acompanhados nos fluxos das rodovias.
Neste cenário, ocorreu perda menor no fluxo de cargas e maior no fluxo de veículos e receitas acessórias, que precisarão ser recompostas.
– Portos: a China é o principal parceiro comercial do Brasil (equivalendo a 60% do saldo da balança comercial do ano passado).
O potencial impacto na movimentação de cargas foi atenuado pelas medidas governamentais de redução de burocracia nos embarques e desembarques e também de alíquotas de importação.
– Engenharia e Construção – Imobiliário: queda nos lançamentos, cancelamento de vendas e redução do crédito imobiliário, que levou a uma maior queima de caixa.
– Engenharia e Construção – Infraestrutura: não tiveram contratos governamentais suspensos, porém apresentam faltam de insumos, funcionários (em função das quarentenas) e falta de crédito para construção.
Já as principais tendências para o setor infraestrutura destacadas pelo estudo são as seguintes:
– Socorro governamental para os aeroportos tende a criar cenário de fusões e vendas no setor aeroportuário.
– Foco na eficiência operacional e financeira: nas rodovias estima-se redução de 5% a 10% dos investimentos, despesas e custos.
– Negociação para reequilíbrio econômico-financeiro das concessões.
– Nas rodovias há incertezas para as negociações de reequilíbrio das concessões: haverá novas obrigações que talvez não sejam repassadas na negociação, como investimentos e despesas relacionadas a melhora de tecnologia e maior limpeza.
– Portos: o decréscimo de receitas, em conjunto com a necessidade de abastecimento requisitada pelo governo, pressionou margens e resultados. Todavia, o sinal de saída da China coloca uma recuperação no curto prazo.
– Engenharia e Construção – Imobiliário: recuperação se dará pela melhora na confiança do consumidor, e a posição dos bancos quanto ao crédito imobiliário futuro.
A maior necessidade de caixa no curto prazo será coberta via novos financiamentos e repactuação de dívidas anteriores.
– Engenharia e Construção – Infraestrutura: judicialização de contratos para desobrigação de continuidade de obras.
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