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Diabetes é responsável por mais de 28 amputações por dia, no país

Diabetes é responsável por mais de 28 amputações por dia, no país

14/11/2023 às 10h04 Atualizada em 14/11/2023 às 13h04
Por: Leonardo Grandchamp
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Imagem por @xb100 / freepik
Imagem por @xb100 / freepik

No período compreendido entre janeiro e agosto deste ano, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou 6.982 amputações de membros inferiores, que incluem pernas e pés, decorrentes de complicações relacionadas ao diabetes. Esse número equivale a uma média de mais de 28 casos por dia.

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Os dados fornecidos pelo Ministério da Saúde revelam um aumento contínuo desses casos ao longo dos anos. Em 2022, foram registradas 10.168 amputações, um aumento de 3,9% em relação ao total de 2021, que foi de 9.781. Isso representa uma média de 27,85 cirurgias por dia em unidades públicas de saúde no ano passado.

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A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) ressalta que o diabetes emergiu como a principal razão para amputações não traumáticas em membros inferiores no território nacional, ultrapassando até mesmo as amputações traumáticas, provenientes de eventos como acidentes de trânsito ou acidentes de trabalho.

Levimar Araújo, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes e portador de diabetes tipo 1, ressalta a gravidade da situação. Ele destaca que o número expressivo de amputações não relacionadas a acidentes é, principalmente, atribuído ao diabetes, além do tabagismo. Isso destaca a urgência em combater esses fatores prejudiciais à saúde.

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A SBD também alerta que cerca de 13 milhões de pessoas com diabetes enfrentam o risco de desenvolver úlceras nos pés, conhecidas como pés diabéticos, que podem levar a amputações.

A Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé (ABTPé) expressa preocupação com essa realidade e destaca que o pé diabético é considerado uma complicação grave, muitas vezes resultando em consequências devastadoras, como a amputação de dedos, pés ou pernas. O presidente da ABTPé, Luiz Carlos Ribeiro Lara, enfatiza a gravidade dessa situação.

O alerta sobre as complicações associadas ao diabetes é oportuno, pois ocorre no Dia Mundial do Diabetes, celebrado em 14 de novembro. Em 2023, a Organização Mundial de Saúde (OMS) escolheu o tema "Educação para Proteger o Futuro" para destacar a importância de aprimorar o acesso à educação de qualidade sobre a doença para profissionais de saúde e pessoas que convivem com o diabetes.

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Pé diabético

A neuropatia periférica, uma condição desencadeada pelo diabetes, resulta na perda das funções dos nervos nos pés. Isso compromete tanto o tato quanto a sensibilidade à dor. A diminuição dessa sensibilidade associada ao diabetes torna mais difícil para o paciente perceber lesões ou feridas.

Em uma entrevista concedida à Agência Brasil, Jordanna Maria Pereira Bergamasco, diretora da ABTPé e especialista em ortopedia cirurgiã do pé e tornozelo, ressalta a relevância da sensibilidade nos pés como um elemento de proteção para indivíduos portadores de diabetes.

"A falta dessa sensibilidade protetora nos pés faz com que feridas ocorram sem que o paciente as perceba, resultando em infecções. O paciente não consegue lidar com essas feridas, e elas podem levar a amputações, tanto menores quanto maiores, abrangendo desde uma pequena parte do dedo até a perna. O número de ocorrências é significativo."

Jordanna destaca ainda que é praticamente inevitável que, em até uma década após o diagnóstico do diabetes, os sintomas da neuropatia periférica comecem a surgir. Mesmo com a doença controlada, é provável que os pacientes apresentem algum grau de neuropatia. Contudo, ela ressalta que o controle adequado da glicose no sangue é fundamental para postergar as alterações neurológicas, principalmente nas extremidades inferiores, e, consequentemente, prevenir mutilações.

"A doença conduz à neuropatia, algo que não podemos evitar. A única maneira de postergar isso é por meio do controle glicêmico. E para evitar amputações, é fundamental ter cuidado", conclui a endocrinologista.

Na família

A educadora Amanda Pereira, que leciona em uma escola pública do ensino fundamental no Distrito Federal, está familiarizada com diversas práticas de prevenção às complicações do diabetes. Em dezembro de 2021, ela vivenciou a perda de sua mãe, Marilena Pereira, aos 64 anos, devido a uma infecção generalizada que teve início com uma ferida no pé, alcançando até o osso.

Amanda compartilhou com a Agência Brasil que a mãe foi diagnosticada com diabetes em 2007, aos 40 anos, e enfrentou com indignação as restrições alimentares impostas pela doença. Marilena continuou consumindo bebidas alcoólicas, cigarros e refrigerantes, além de ingerir doces de maneira desregrada, recusando-se a praticar atividades físicas.

Em 2015, a doença cobrou seu preço pelas extravagâncias de Marilena, resultando na perda da visão do lado esquerdo e parte do lado direito. Essa consequência contribuiu para o desenvolvimento de depressão na mãe de Amanda, que passou a evitar consultas médicas.

Em 2019, após fraturar o fêmur em uma queda no banheiro, Marilena perdeu a autonomia para se locomover e, em seguida, enfrentou uma trombose. Amanda expressa sua percepção de que sua mãe envelheceu rapidamente em seis anos e desistiu de viver.

Apesar dos cuidados da família, a simples fricção dos pés da mãe no lençol da cama resultou na ferida derradeira que não cicatrizou e a levou ao óbito. Atualmente, aos 44 anos, Amanda se depara novamente com as consequências do diabetes, convivendo com o sogro e um aluno afetados pela doença. O sogro está gradualmente perdendo a visão.

As experiências adversas, no entanto, também trouxeram ensinamentos sobre a doença para Amanda. "A chave do diabetes é cuidar de si mesmo, porque, ao longo do tempo, consome o organismo da pessoa. A doença é silenciosa. Ela não avisa. Quando se manifesta, já causou estragos. Mas, se a pessoa se cuida, é mais difícil que algo grave aconteça, especialmente se houver acompanhamento médico, uma alimentação saudável e a prática regular de atividade física. Para mim, o diabetes é uma doença terrível", conclui a professora.

Cuidados

Jordanna ressalta a importância de cuidados específicos com os pés de indivíduos diagnosticados com diabetes:

  • Realizar exames visuais periódicos nos pés, seja pela própria pessoa, um familiar ou um profissional de saúde.
  • Optar por meias brancas ou de cor clara, principalmente de algodão, para facilitar a detecção de possíveis manchas de sangue no tecido.
  • Em casos de baixa mobilidade ou sobrepeso, utilizar um espelho para examinar a sola dos pés.
  • Evitar o uso de calçados apertados, duros, de plástico, de couro sintético, com bicos finos, saltos altos e sandálias que deixam os pés desprotegidos.
  • Escolher sapatos que proporcionem conforto.
  • Evitar o uso de calçados novos por mais de uma hora por dia até que estejam devidamente amaciados.
  • Abster-se de andar descalço para prevenir ferimentos causados por batidas e topadas.
  • Realizar o corte das unhas dos pés com a assistência de um especialista e abster-se de retirar calos ou cutículas.
  • Manter os pés sempre aquecidos.
  • Assegurar-se da temperatura da água ao submergir os pés, utilizando o cotovelo como referência.
  • Abster-se do uso de bolsas de água quente nos pés.
  • Hidratar os pés para evitar rachaduras que podem facilitar infecções oportunas.
  • Evitar o acúmulo de umidade entre os dedos para prevenir o desenvolvimento de frieiras.
  • Evitar andar descalço em superfícies quentes para prevenir queimaduras.
  • Em situações de lesões, buscar prontamente a orientação de um profissional médico.

Em comunicado, o Ministério da Saúde divulgou à Agência Brasil que está empenhado em implementar estratégias voltadas para a promoção da saúde e a prevenção de condições crônicas associadas ao diabetes. Essas iniciativas abrangem o acompanhamento nutricional, a promoção de hábitos saudáveis e a disponibilização de guias alimentares destinados à população brasileira. Adicionalmente, a instituição certificou novos centros da Academia da Saúde, espaços dedicados à prática de atividades físicas, reconhecidas como fundamentais para um estilo de vida mais saudável. No ano de 2023, o Ministério da Saúde destinou um montante superior a R$ 870 milhões para custear equipes multiprofissionais, compostas por especialistas de diversas áreas da saúde, com atuação na Atenção Primária à Saúde, considerada o ponto de ingresso no sistema de saúde pública no Brasil.

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