eSocial: uma revolução nas relações trabalhistas

Escrever sobre o eSocial pode até parecer simples. Podemos começar falando da LEI, seus impactos jurídicos, tecnicamente o que mudar na infraestrutura da empresa, pessoas e entregas. Porém, falar de eSocial abrange muito mais do que a legislação e seus impactos técnicos e jurídicos.

É preciso falar sobre como fazer com que esse projeto efetivamente funcione. Algumas pessoas se esquecem de que o eSocial afeta todos: trabalhadores, empregadores e governo. Por isso, cada um dos impactados precisa sair da sua bolha e pensar mais sobre esta mudança significativa e importante para a vida profissional e social de todos os envolvidos.

Ainda mais porque precisamos lutar contra uma cultura praticada pelo governo e pelos gestores de RH enraizada dentro dos departamentos e dos processos das empresas. Do seu lado, o governo faz sua parte com a implantação – adiada várias vezes, sim, verdade; mas melhor adiar do que começar de forma errada –, enquanto as empresas adequam suas rotinas corporativas e os gestores alinham suas práticas.

Estes talvez sejam os mais impactados, por carregaram a cultura da desinformação legal. Toda mudança é difícil, sabemos disso. Então temos de implantar esta mudança de forma consciente e organizada. Sempre que falo em eSocial, costumo frisar que o layout, manual operacional, o sistema e toda a tecnologia do mundo não resolverão nada se dentro das instituições, do governo e entre os empregados esta cultura não for arrancada e replantada com modernidade, transparência e informação. Esses itens são essenciais para o sucesso do projeto.

Como mudar essa cultura e tornar o eSocial um projeto de sucesso?

Se o eSocial é um projeto, a melhor forma de conduzi-lo é trata-lo exatamente como um projeto. E os gestores, em especial, devem começar mapeando o que precisam entregar, identificando os processos internos da empresa e seus reflexos juntos às obrigações legais a serem enviadas ao eSocial. Neste momento, sair da bolha (setor, atribuição etc.) é primordial.

Mapeado os procedimentos – seus impactos e o que deve mudar –, então implantamos os novos processos e os colocamos em prática. Estes processos não são simples de implantar, pois carregam as mudanças culturais sobre as quais falamos. Podemos elencar vários processos que devem ser visitados e revisitados quantas vezes forem necessárias para que atendam empresa, empregados e eSocial.

Podemos falar de admissão de colaboradores, concessão de férias, apuração do ponto, alterações cadastrais do colaborador, alterações contratuais, entre tantas outras, sem esquecer os processos relacionados à área de segurança do trabalho e medicina ocupacional. Temos muito trabalho pela frente, trabalho que vai muito além de sistema e tecnologia, muito além do que a promulgação de uma LEI e suas orientações.

Praticamente todas as áreas das empresas serão afetadas. Será que os gestores dessas áreas sabem disso? E mais: estão comprometidos com as mudanças e a adoção de novas tarefas? Os sistemas legados ao RH, como jurídico, financeiro e outros, estão integrados? Já foi testada a agilidade dos colaboradores para informar obrigações um dia após o fato, como por exemplo, em uma alteração contratual? A auditoria já foi acionada?

Todas as áreas têm de conhecer os impactos do eSocial e mudar uma cultura passa por um novo entendimento de gestão. A cultura de uma empresa é composta pelas convicções, valores individuais, morais e éticos das pessoas estratégicas da empresa, que quando compartilhados de forma autêntica e eficaz, permeiam toda a estrutura e criam uma visão e filosofia compartilhada.

Para que a implantação do eSocial ou de qualquer outro projeto, seja bem-sucedido, o segredo está na transparência e na colaboração. Elas são as responsáveis por ampliar a sinergia entre as equipes e potencializar a comunicação, derrubando barreiras e criando comprometimento. E isso é o que traz ênfase nos resultados.

Por isso, é fundamental acreditar nesta realidade chamada eSocial. Somente vivendo esta realidade desde já e mudando uma de nossas culturas mais comuns – que é a de deixar as coisas para a última hora – o projeto poderá mostrar a que veio: um verdadeiro avanço na sistemática de obrigações acessórias.

Quando todos tiverem consciência das oportunidades que acompanham o eSocial – como a melhoria dos processos internos, a racionalização de custos e a automação – vão perceber que este projeto é uma ótima oportunidade para que as empresas sejam mais eficientes. E que venha a revolução!

jornalcontabil

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