Por contarem com uma renda fixa regular, os idosos aposentados são vistos como uma importante força da economia brasileira.
De acordo com dados da FGV Social, quase 63% da renda dos idosos são provenientes de pensões e aposentadorias, o que garante a estabilidade das famílias por meio da regularidade do ganho.
Outro dado, da Serasa Experian, reafirma a importância da renda dos idosos na sociedade brasileira e mostra que com mais estabilidade nos ganhos, os aposentados passaram a ter maior acesso a empréstimo – muitas vezes, inclusive, para atender às necessidades dos filhos, netos e outros parentes.
No entanto, a pandemia de Covid-19 provocou a transformação desse cenário: com o óbito de idosos, principal parcela da população afetada pelo vírus SARS-CoV-2, a falta de renda destinada a essas pessoas acabou levando muitas famílias ao empobrecimento.
De acordo com levantamento da FGV Social, os idosos representam 17,44% dos 5% mais ricos do Brasil e 1,67% dos 5% mais pobres, justamente por terem uma renda garantia com a aposentadoria ou benefício do INSS.
O economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, afirma que “os idosos têm uma função de bons provedores na sociedade brasileira”, uma vez que chegam a sustentar sozinhos a família.
Instabilidade, desemprego e novas decisões
Um fenômeno diretamente associado ao fato de que os idosos são os alicerces financeiros em muitas famílias do país é o desemprego que, inclusive, aumentou durante a pandemia e alcançou 14,4% em setembro.
Entre o primeiro e o segundo trimestre deste ano, por exemplo, quando o índice subiu de 11,6% para 13,8%, o número de residências chefiadas por idosos com dependentes aumentou em 541 mil, segundo o iDados.
Segundo a professora e coordenadora de economia do Insper, Juliana Inhaz, “sem emprego, familiares passam a depender dos mais velhos, muitos deles aposentados”.
Nesse cenário de instabilidade, quem reside com os pais evita se mudar e quem morava fora da casa dos pais, ao encarar o desemprego, retornam.
Proporcionalmente, quando há o enriquecimento das famílias, ocorre o inverso: os adultos se separam dos pais.
O economista Daniel Duque, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), declara que e reafirma o posicionamento de Juliana Inhaz: “hoje vivemos o inverso.
Há um empobrecimento, e os filhos voltam a morar com os pais.”