Bem-estar financeiro é um conceito amplo, mas, nas palavras da pesquisadora Virgínia Nicolau Gonçalves, “é a percepção do indivíduo sobre a sua própria vida financeira. O quanto alguém está satisfeito e seguro em relação a ela”.
Em estudo que avaliou 130 artigos científicos publicados entre 1990 e 2020, Virgínia e seus colegas pesquisadores Mateus Ponchio e Roberta Basílio, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), de São Paulo, colocaram em evidência uma série de fatores que têm prejudicado o desenvolvimento do bem-estar financeiro da mulher.
Menor renda, menor conhecimento financeiro, cargos de qualidade inferior e pressão sobre o papel de cuidadora da família são alguns dos fatores evidenciados pelo estudo, publicado pelo International Journal of Consumer Studies.
Intitulado “Women’s financial well-being: a systematic literature review and directions for future research”, o trabalho dos pesquisadores brasileiros faz uma análise aprofundada de desigualdades já bem evidenciadas nos últimos dois anos, após a chegada da pandemia do novo coronavírus.
Segundo os pesquisadores, o engajamento da mulher diminui com a vinda da maternidade, enquanto o dos homens aumenta.
Dados do IBGE afirmam que mães de crianças de até 3 anos têm uma participação de 55% no mercado de trabalho, enquanto as que têm crianças pequenas representam 67%.
Isso se deve à pressão sobre a mulher para exercer o papel de cuidadora da família e do lar.
O tempo gasto na manutenção da casa, das crianças e mesmo de idosos reduz a possibilidade de investimento em estudos e outros avanços profissionais.
Chamando a atenção, o estudo também avaliou o impacto que a violência tem no bem-estar financeiro feminino, extrapolando suas consequências físicas e emocionais.
Ações tomadas pelos parceiros de mulheres em situação de abuso doméstico, como sabotagem, manipulação e chantagem, causam uma noção de dependência financeira atada ao agressor.
Ainda na esfera das relações socioafetivas, mulheres viúvas ou divorciadas apresentam maior dificuldade de retorno à estabilidade.
Na separação, o homem tende a ficar com a casa, enquanto as mulheres retêm a guarda dos filhos, reduzindo seu tempo e eventualmente enfrentando dificuldades no recebimento de pensão.
Enquanto isso, sem plano de previdência e com falta de histórico profissional, as viúvas também tendem a sofrer maior estresse econômico.
Analisando todos esses fatores, se torna evidente a dificuldade que a mulher tem para estabelecer um bem-estar financeiro, mas um problema ainda maior é o mercado, que continua a oferecer poucas opções e apresenta desigualdades.
Com o surgimento da atual crise sanitária, causada pela Covid-19, tornam-se difíceis os avanços nesse campo.
Segundo relatório da consultoria PwC, as conquistas da mulher no mercado de trabalho devem retroceder até quatro anos em 2021.
Atualmente, as mulheres ainda podem contar com algumas alternativas de trabalho, que podem estabilizar a situação financeira.
Concursos públicos são uma boa opção para quem não tem boa perspectiva de emprego formal nem deseja apostar em um emprego informal.
Atualmente, é possível se inscrever em uma grande variedade de editais disponibilizados por bancas organizadoras como a Cebraspe e a FGV Concursos.
O empreendedorismo também já se mostrou uma opção não só viável como eficaz.
Pesquisas mostram que as mulheres têm uma tendência a fazer investimentos mais seguros e garantidos, apresentando resultados melhores do que os da parcela masculina no mercado.
“Na igualdade de gênero, o Brasil ainda engatinha”, argumenta Mateus Ponchio.
O estudo feito por ele e seus colegas pesquisadores da ESPM se apresenta como uma importante ferramenta para pesquisas e medidas futuras. Governos, ONGs e empresas podem se basear nessas informações para planejar políticas de redução à desigualdade de gênero.
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