Temas em alta, tais como o desmatamento da Amazônia, o combate ao racismo e à promoção da diversidade e igualdade de gênero, a geração de emprego e crescimento econômico no pós-crise e o combate à pandemia da COVID-19 têm um ponto em comum: a sigla ESG (Environmental, Social and Governance), que atende aos princípios ambientais, sociais e de governança.
Não se trata de algo recente, mas que volta a ganhar relevância nos tempos atuais.
Entender a importância e a complementariedade de cada pilar deste tripé é chave para criar negócios prósperos e permitir o acesso a fontes de financiamento que possam gerar emprego e renda.
Na questão de sustentabilidade, esta não se limita às temáticas verdes e de proteção à natureza.
Estamos falando de proteger a própria sociedade humana.
E tem ainda os pilares social e de governança.
É possível buscar o ganho financeiro e ser sustentável.
Trazendo para uma visão de gestão de riscos e compliance, uma empresa com práticas sustentáveis tem menos riscos, como os de interromper sua operação por falta de insumos e de capital humano, assim como de sofrer com multas ou sanções.
É uma organização com visão holística e que prega o respeito no seu sentido mais amplo, promovendo a diversidade e entendendo o seu papel social na busca pela eficiência no uso de recursos, inclusive os naturais.
São vantagens mais duradouras e que podem se traduzir em ganhos financeiros.
Por tudo isto, torna-se atrativa para os investidores.
Pensando na questão ambiental, não é coincidência que recentemente um grupo de 29 instituições financeiras tenham entregue uma carta ao governo brasileiro condicionando a manutenção dos investimentos à preservação da Floresta Amazônica.
É importante entender o momento da história em que vivemos e as mudanças que a sociedade, de uma forma geral, quer debater, e o que ela aceita e não aceita mais.
E quando digo sociedade me refiro aos diversos participantes, certamente indo além dos investidores.
Isto engloba diferentes interesses e pontos de vistas.
E não é nada fácil harmonizá-los, mas há a necessidade e os caminhos.
O momento mostra que é importante tomar decisões que sejam éticas, pensando no curto e longo prazos, além de considerar tanto os direitos individuais como os coletivos.
É preciso estar disposto a incorporar novos hábitos e abrir mão de práticas antigas.
Extrair da natureza de forma desenfreada, por exemplo, não é mais uma opção.
Muitos associam problemas como a pandemia ao desrespeito com a natureza.
É preciso compensar, recompor, reciclar e buscar alternativas de abordagem.
E, felizmente, negócios surgiram a partir deste entendimento, gerando empregos e renda.
Veja casos como o de geração de energia solar e eólica, os biocombustíveis, os carros híbridos e elétricos, a reciclagem de materiais e o tratamento de resíduos, entre outros exemplos.
Vale lembrar também que a sociedade também mudou.
Assédios são hoje mais visíveis e menos tolerados, assim como as vítimas são ouvidas.
Piadas contra minorias ou racistas não são mais aceitas como normal e ações cometidas fora do ambiente de trabalho tem justificado demissões em razão de atitudes antiéticas.
As organizações adotaram o código de ética e os canais de denúncia, assim como ações de diversidade, equidade e responsabilidade social tomaram corpo.
Os pilares social e governança se fazem presentes. Ponderação e respeito, sem extremismos, é um caminho que muitos já trilharam com sucesso.
São muitas as razões pelas quais se busca estar alinhado com as questões de ESG.
Há pessoas e organizações que vão fazer o que é certo, simplesmente pela crença de que esta é a única opção justa e válida.
Outras pelo marketing e/ou possibilidade de ter benefícios.
Se não for motivo suficiente, há ainda o risco de dano à reputação, as perdas financeiras e as sanções para serem levados em consideração no processo decisório, independentemente das motivações.
E as ações não podem ser isoladas ou feitas apenas com base na iniciativa de poucos.
Coordenação e engajamento público e privado são fundamentais, assim como as ações e os pactos setoriais e coletivos, sem contar a devida governança dentro das organizações.
O tema ESG é sério, relevante e requer atenção por parte do Conselho e dos Executivos, fazendo parte da estratégia e dos planos da organização, lembrando que é preciso cobrir os três pilares de forma estruturada e coesa.
E a sua organização, está preparada?
Por: Jefferson Kiyohara é diretor de compliance na ICTS Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados, além de única consultoria reconhecida como Empresa Pró-Ética por quatro anos consecutivos.
Introdução ao Relatório Jornal Contábil de Empresas no Brasil O Brasil encerrou 2024 com 21,6 milhões…
A reforma tributária, solução para simplificar a tributação sobre o consumo, apresenta desafios significativos para…
Se você participou de alguma edição do Enem, quer parcelar seus estudos e está tentando…
A inteligência artificial (IA) está transformando diversos setores da economia, e com os escritórios contábeis…
Nesta terça-feira, dia 04 de fevereiro, é uma data dedicada ao Dia Mundial do Câncer.…
A integração de inteligência artificial (IA) avançada, como o Deepseek, está transformando a contabilidade em uma…