News Yahoo

Inteligência Artificial nas finanças: quais os impactos para os negócios e para a mão de obra especializada?

Por Rogério Borili Vice-presidente de produtos da Becomex

Não é segredo que a tecnologia vem transformando a forma de trabalhar. A cada dia, surgem novas ferramentas e aplicações para automatizar processos, tornando-os mais ágeis e precisos. Na área de finanças, em especial no setor tributário, o uso da Inteligência Artificial vem se tornado cada vez mais fundamental para eliminar os erros manuais, aumentar a produtividade e tornar o negócio mais estratégico – principalmente no Brasil – onde são gastas 1.958 horas por ano para atender todas as obrigações fiscais, de acordo com o Banco Mundial.

Segundo pesquisa realizada pela Thomson Reuters em parceria com a Live University, 56% das empresas brasileiras pretendem utilizar Inteligência Artificial para otimizar a gestão de tributos. Quando o debate é sobre qual tecnologia é mais funcional para o setor, 61% dos profissionais apontam o Machine Learning como a inovação mais capaz de beneficiar o segmento; 31% apostam no Data Science e 10% preferem os chatbots.

O fato é que essas tecnologias reunidas devem revolucionar a área de finanças, a exemplo do que já vem ocorrendo com os bancos, além de outros setores como o e-commerce e o atendimento em geral, devido à sua alta capacidade de precisão na coleta e análise de dados, resolução de problemas e agilidade de resposta.

No caso do setor tributário, podemos ver em curto prazo uma espécie de humanização do trabalho – ironicamente proporcionado pelos robôs – com a eliminação das atividades burocráticas e rotineiras que demandam muito tempo. Com isso, os profissionais deste segmento poderão abolir as tarefas manuais em planilhas, otimizar e integrar processos em ERP ou até mesmo suprimi-los, uma vez que tecnologias baseadas em Inteligência Artificial serão responsáveis pela recolha, análise codificada e incorporação das informações de forma automatizada e altamente ágil, aumentando significativamente a produtividade. Na prática, estes profissionais terão mais tempo para fazer uma análise mais minuciosa do negócio, além de estreitar relacionamento com colegas, parceiros e clientes, para troca de ideias, mais organização e aplicação de novos projetos.

Mas, se por um lado a Inteligência Artificial tem o poder de “desrobotizar” o trabalho humano, por outro lado, existe o debate sobre a substituição da força de trabalho em prol da tecnologia. De acordo com a pesquisa da Thomson Reuters e Live University, 61% dos entrevistados preferem profissionais com pouca atuação na área tributária, mas bastante conhecimento em tecnologia e inovação – uma tendência que vem ocorrendo em todas as áreas e segmentos.

Acompanhar a evolução tecnológica é fator predominante para qualquer profissional, mas isso não significa que ele perderá o seu posto de trabalho.

Por exemplo, um analista financeiro que ficava diariamente preenchendo planilhas e alimentando sistemas, evidentemente não poderá se ater a este tipo de tarefa, que certamente será substituída por robôs. Mas, ele pode e deve usar o seu conhecimento e potencial criativo para encontrar gargalos e oportunidades na operação, apontar novas frentes de atuação e olhar mais de perto as dores de seu cliente para propor soluções mais assertivas e estratégicas para o negócio, ou seja, deixar de lado o trabalho repetitivo para dar vez ao verdadeiro diferencial do profissional frente à tecnologia, a subjetividade humana.

O uso da inovação tecnológica no setor financeiro traz ganhos mútuos: para a empresa, significa inovação, redução de custos, mais agilidade, primor, compliance e competitividade na operação. Para o profissional, é uma oportunidade de desenvolver novas habilidades, destacar conhecimentos e competências, explorar a criatividade e sair da mesmice. A diferença está no olhar de quem vê como dificuldade ou como um novo caminho para sua carreira, seja ela inicial ou já consolidada. É este olhar que fará a diferença na vida pessoal, profissional e nos negócios.

Rogério Borili é vice-presidente de Produtos da Becomex. Engenheiro da Computação, é responsável por desenvolver soluções que criaram processos inovadores na área tributária e por ampliar o mercado da Becomex.

Leonardo Grandchamp

Supervisor de Redação do Jornal Contábil e responsável pelo Portal Dia Rural.

Recent Posts

Brasil atinge 21,6 milhões de empresas ativas em 2024; Simples Nacional domina 84% do mercado

Introdução ao Relatório Jornal Contábil de Empresas no Brasil O Brasil encerrou 2024 com 21,6 milhões…

6 horas ago

Artigo: O empresariado brasileiro e o ano mais difícil na transição pós-reforma

A reforma tributária, solução para simplificar a tributação sobre o consumo, apresenta desafios significativos para…

7 horas ago

Inscrições para o Fies abertas até sexta-feira, dia 7. Veja como fazer

Se você participou de alguma edição do Enem, quer parcelar seus estudos e está tentando…

8 horas ago

Inteligência Artificial e os escritórios contábeis: uma parceria estratégica para o futuro

A inteligência artificial (IA) está transformando diversos setores da economia, e com os escritórios contábeis…

10 horas ago

Dia Mundial do Câncer: campanha estimula prevenção e INSS tem benefícios garantidos

Nesta terça-feira, dia 04 de fevereiro, é uma data dedicada ao Dia Mundial do Câncer.…

11 horas ago

Seu Escritório Contábil Está Pronto para o Deepseek?

A integração de inteligência artificial (IA) avançada, como o Deepseek, está transformando a contabilidade em uma…

12 horas ago