Economia

Mais ricos estão concentrando cada vez mais renda no país

Uma pesquisa recentemente divulgada pelo Observatório de Polícia Fiscal do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) revelou que a concentração de renda no Brasil está se acentuando entre os mais ricos, de acordo com dados do imposto de renda. O estudo, conduzido pelo economista colaborador Sérgio Wulff Gobetti, que não faz parte do quadro do Ibre/FGV, destaca um crescimento significativo na renda dos mais abastados, superando em duas a três vezes a média registrada por 95% da população brasileira.

Uma das constatações mais relevantes da análise é o aumento da renda dos muito ricos em um ritmo substancialmente superior à média observada para a maioria dos brasileiros nos últimos anos. Este cenário, se confirmado por estudos complementares, indicaria um novo recorde histórico na concentração de renda no topo da pirâmide, após uma década de relativa estabilidade na desigualdade.

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O estudo categoriza a população em diferentes estratos, incluindo o milésimo (0,1%) mais rico, o 1% mais rico, os 5% mais ricos e os 95% restantes dos adultos brasileiros. O pesquisador destaca que não apenas os mais ricos experimentaram um crescimento médio de renda superior à base da pirâmide, mas essa performance foi ainda mais expressiva à medida que se ascendia na escala de riqueza.

Em um período de cinco anos, marcado pela pandemia, enquanto a maioria da população adulta registrou um crescimento nominal médio de 33% em sua renda, os estratos mais elevados apresentaram variações de 51%, 67% e 87%, sendo que os 15 mil milionários que compõem o 0,01% mais rico experimentaram um crescimento ainda mais expressivo, atingindo 96%.

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Como consequência desse cenário, a fatia do bolo apropriada pelos 1% mais ricos no Brasil aumentou de 20,4% para 23,7% entre 2017 e 2022. Notavelmente, mais de quatro quintos desse aumento na concentração de renda foram absorvidos pelo milésimo mais rico, composto por 153 mil adultos com uma renda média mensal de R$ 441 mil em 2022.

Os resultados dessa análise baseada nos dados do imposto de renda alertam para um processo de reconcentração de renda no Brasil, destacando os rendimentos isentos ou subtributados como uma fonte significativa de remuneração para os super ricos. O estudo ressalta a importância de revisar as isenções tributárias que atualmente beneficiam especialmente os mais ricos, destacando a necessidade de um debate sobre essas políticas para promover maior equidade econômica no país.

Leonardo Grandchamp

Supervisor de Redação do Jornal Contábil e responsável pelo Portal Dia Rural.

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