Empresas do grupo:

Início » Mercado se enfurece com o governo Bolsonaro

Mercado se enfurece com o governo Bolsonaro

por Ricardo de Freitas
4 minutos ler
bolsonaro

É didática a reação do mercado ao drible do governo no teto de gastos para conseguir bancar o Auxílio Brasil de R$ 400, em medida encomendada pelo presidente Jair Bolsonaro e avalizada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

Desde que o presidente bateu o pé no valor acima do recomendado pelos técnicos do governo, que trabalhavam com um valor de R$ 300 para o novo benefício, os investidores institucionais reduziram fortemente suas posições no mercado de capitais.

A teimosia de Bolsonaro gerou os pedidos de demissão de Bruno Funchal (secretário especial do Tesouro e Orçamento) e de Jeferson Bittencourt (secretário do Tesouro) da equipe econômica. E em busca de proteção, o dinheiro do mercado minguou e a especulação explodiu.

Como resultado, em 72 horas as principais empresas na B3 perderam R$ 284,4 bilhões em valor de mercado.

O segmento ligado a combustíveis fósseis lidera as perdas, com R$ 40,3 bilhões, sendo que somente a Petrobrás impactou com R$ 24 bilhões a menos. O ranking tem os bancos em segundo lugar, com queda de R$ 32 bilhões.

Empresas como Vale, Magazine Luiza , Rede D’Or, Ambev e Eletrobrás perderam, respectivamente, R$ 23 bilhões, R$ 12,3 bilhões, R$ 8 bilhões, R$ 7,5 bilhões e R$ 6,8 bilhões nesta semana, de terça a quinta-feira. Os números foram compilados para a Retorno Semanal por Einar Rivera, da consultoria Economatica.

Sinal é claro. O que se vê no mercado deveria ser encarado por Bolsonaro como um alerta aos riscos de encampar uma política de gastos desenfreados em busca de reeleição.

Como disse o relator da medida provisória que cria o Auxílio Brasil, deputado Marcelo Aro (PP-MG), homem da base de sustentação do governo na Câmara, conceder um valor de R$ 400 neste momento é o mesmo que emprestar agora aos pobres para tirar lá na frente, depois das eleições.

Alguns agentes do mercado discordam do deputado e dizem que, nessas proporções, o valor do benefício é o mesmo que emprestar agora para tirar agora mesmo.

Sócio-sênior do BTG Pactual, André Esteves alertou em evento do Lide nesta manhã que o caminho trilhado pelo governo não tem como acabar bem. Segundo ele, o Brasil está passando neste momento por uma fase de perda de credibilidade motivada pelo que chama de “fraqueza institucional”.

“A semana foi marcada por uma derrapada e é um erro flexibilizar a norma (do teto de gastos)”, disse, de forma alta e clara, o banqueiro.

Selic. Isso tudo coloca ainda mais lenha na fogueira para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), na quarta-feira da semana que vem, 27.

O Bradesco e a SulAmérica Investimentos elevaram nesta manhã a projeção de alta da Selic de 1 ponto porcentual para 1,25 ponto, a 7,5%. De acordo com as instituições, o debate fiscal da semana é o principal responsável pela aceleração do ritmo de aperto monetário.

A gestora WHG, dona de um fundo macro que está cada vez mais atenta ao mercado internacional e desinteressada com o Brasil (leia abaixo mais sobre isso), acaba de fazer uma simulação de qual seria o nível ideal do Ibovespa considerando o atual cenário de juros atual. No atual nível da curva, inclinada a 12% ao ano, no longo prazo, o Ibovespa teria de ir a 102 mil pontos.

Curiosamente, o índice Bovespa às 11h58 de hoje cedia 3,57%, aos 103.884 ponto, ante mínima de 103.192 pontos do dia…

Fundos macro olham para o exterior.
Por falar em gestoras macro, as assets que operam fundos de multimercado que aplicam em inflação, moedas e taxas de juros estão cada vez mais atentas ao exterior. E menos animadas com o Brasil.

A percepção de que a economia brasileira deve apresentar um desempenho mais fraco, com a retração do IBC-Br de agosto, e de que o eixo do crescimento econômico global se desloca para os países da Ásia está levando os gestores de fundos macro a rever a alocação de ativos, e a olhar cada vez mais as oportunidades em mercados do outro lado do mundo.

Pela sua condição de segunda maior economia do mundo e em contínua expansão, ainda que agora em ritmo mais lento, a China é um dos principais polos de atração, ao lado dos Estados Unidos.

Com Informações Mais Retorno

Você também pode gostar

This website uses cookies to improve your experience. We'll assume you're ok with this, but you can opt-out if you wish. Accept Read More