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Ministério eleva a R$ 89,4 bi previsão de superávit comercial este ano

A alta internacional das commodities (bens primários com cotação internacional) e a recuperação do consumo global levaram o governo a projetar um superávit recorde da balança comercial este ano. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia, o país deverá encerrar o ano exportando US$ 89,4 bilhões a mais do que importará.

A projeção representa alta de 75% em relação ao superávit de US$ 50,9 bilhões registrado em 2020. Até hoje, o recorde anual na balança comercial foi registrado em 2017, quando o Brasil exportou US$ 66,99 bilhões a mais do que tinha comprado do exterior.

A cada três meses, a Secex atualiza as estimativas de saldo para a balança comercial. Em janeiro, o órgão previa que o indicador encerraria o ano com superávit de US$ 53 bilhões. Os números apresentados hoje mostram crescimento tanto das exportações como das importações em relação à projeção anterior.

dólar / Foto: Gary Cameron / Reuters

De acordo com as previsões da Secex, o país exportará US$ 266,6 bilhões em 2021 e importará US$ 177,2 bilhões. Nas estimativas apresentadas em janeiro, as exportações estavam em US$ 221,1 bilhões; e as importações, em US$ 168,1 bilhões. Na comparação com 2020, o crescimento das exportações saltou de 5,3% para 27%. A alta das importações passou de 5,6% para 20,4%.

Consumo

Segundo o secretário de Comércio Exterior, Lucas Ferraz, dois motivos explicam a elevação da estimativa. O primeiro é a valorização das commodities no mercado internacional. De janeiro a março, os preços médios dos produtos agropecuários subiram 11,5% em relação ao mesmo período do ano passado. A valorização dos minerais foi ainda maior: alta de 30% na mesma comparação.

A segunda razão para a equipe econômica revisar as projeções está relacionada ao aumento do consumo internacional, em um cenário de recuperação da pandemia da covid-19. De acordo com o secretário, vários países estão diminuindo o consumo de serviços, normalmente produzidos por economias avançadas, e aumentando as compras de bens físicos, o que favorece países emergentes como o Brasil.

“Novas informações, com base em relatórios internacionais, sugerem que este ano haverá aumento expressivo do comércio global. Em meio à pandemia, o consumo global tem se redirecionado de serviços para bens manufaturados e agrícolas”, explicou Ferraz.

Petróleo

Nos três primeiros meses do ano, o desempenho da balança comercial acumula superávit de US$ 1,648 bilhão, o menor saldo para o período desde 2015. Naquele ano, a balança tinha registrado déficit de US$ 5,577 bilhões nos três primeiros meses. O Ministério da Economia, no entanto, atribui o encolhimento do saldo comercial à importação de plataformas de petróleo ocorridas nos dois últimos meses, que distorceram o resultado.

Essas plataformas, que estavam registradas em nome de subsidiárias da Petrobras no exterior, tinham sido exportadas na década passada sem jamais terem saído do litoral brasileiro. Com o Repetro, o novo regime tributário para o setor de petróleo, e a nova política da estatal, essas plataformas têm o registro transferido para o Brasil, o que configura uma importação.

Segundo o Ministério da Economia, o saldo comercial melhorará significativamente nos próximos meses, com o início da safra de grãos no Brasil e a diminuição das importações de plataformas de petróleo. Apesar do otimismo da pasta, a previsão de superávit comercial está muito acima das estimativas do mercado financeiro. Segundo o boletim Focus, pesquisa semanal divulgada pelo Banco Central, os analistas de mercado projetavam superávit comercial de US$ 55 bilhões para 2021 até o fim da semana passada.

Jorge Roberto Wrigt

Jornalista há 38 anos, atuando na redação de jornais impressos locais, colunista de TV em emissora de rádio, apresentador de programa de variedades em emissora de TV local e também redator de textos publicitários, na cidade de Teresópolis (RJ). Atualmente se dedica ao jornalismo digital, sendo parte da equipe do Jornal Contábil.

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