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Juros do cartão de crédito batem novo recorde: rotativo chega a 423% ao ano
Lei que limita juros a 100% ainda não impacta média do rotativo, que segue em alta
27/05/2024 14h00
Por: Mariana Santos de Freitas Fonte: Redação
Juros do cartão de crédito batem novo recorde: rotativo chega a 423% ao ano (Crédito: Freepik)

O Banco Central divulgou que a taxa média de juros do cartão de crédito rotativo subiu novamente em abril de 2024, chegando a 423% ao ano. Esse é o maior grau desde dezembro de 2023 (442,1% ao ano) e representa um novo recorde para o crédito rotativo no Brasil.

Mesmo com a lei que entrou em vigor em fevereiro de 2024, limitando os juros do rotativo a 100% ao ano, a média ainda está bem acima desse teto. A lei visa proteger os consumidores de superendividamento e evitar que a dívida no rotativo duplique.

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Para entender melhor, a taxa básica de juros da economia, conhecida como Selic, está atualmente em 10,75% ao ano. A Selic serve como referência para os bancos na captação de recursos no mercado. Em comparação, os juros do crédito rotativo do cartão de crédito podem ser quase 40 vezes superiores à taxa Selic.

E como funciona o crédito rotativo? O crédito rotativo é acionado quando o consumidor não consegue pagar o valor total da fatura do cartão de crédito até a data de vencimento. Nessa situação, o saldo devedor remanescente é financiado pelo crédito rotativo, submetendo o consumidor a essas altas taxas de juros.

A discussão sobre os juros do cartão de crédito rotativo também tem gerado atritos entre os bancos e as credenciadoras independentes, conhecidas como maquininhas. Esse conflito reflete as diferentes prioridades e modelos de negócios das instituições financeiras e das empresas de pagamento.

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Um dos principais pontos de divergência é o parcelamento sem juros no cartão de crédito, especialmente quando os prazos são longos. Os bancos argumentam que essa prática é insustentável a longo prazo e pode levar a um aumento dos custos para todos os usuários de cartão de crédito, devido ao risco elevado de inadimplência. Eles também alegam que o financiamento dos parcelamentos sem juros representa um custo significativo para eles, que não é devidamente compensado.

Por outro lado, a equipe econômica e as credenciadoras independentes defendem o parcelamento sem juros como uma forma de estimular o consumo e facilitar a vida dos consumidores. As maquininhas, em particular, beneficiam-se dessa prática, pois ela incentiva o uso do cartão de crédito, o que pode aumentar o volume de transações processadas por essas empresas. Além disso, a equipe econômica vê o parcelamento sem juros como uma ferramenta importante para fomentar a economia, permitindo que os consumidores adquiram bens e serviços de forma mais acessível.

Esse embate reflete a complexidade do sistema financeiro e a necessidade de encontrar um equilíbrio que beneficie tanto os consumidores quanto as diversas partes envolvidas no processo de pagamento e financiamento.

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