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A profissão de contador, tradicionalmente associada ao domínio dos números e das finanças, está passando por uma transformação significativa. Com o aumento das complexidades econômicas e regulatórias em um mundo cada vez mais globalizado, os contadores estão sendo desafiados a expandir seus conhecimentos para além da contabilidade pura. Essa tendência já é uma realidade em diversas partes do mundo, onde os profissionais da contabilidade estão sendo obrigados a adquirir um entendimento aprofundado das leis criminais e outros aspectos jurídicos.
A globalização e a evolução tecnológica trouxeram muitas oportunidades, mas também aumentaram o risco de crimes financeiros. Fraude, roubo, lavagem de dinheiro, suborno, corrupção e peculato são apenas alguns dos crimes que podem envolver aspectos financeiros, e os contadores estão na linha de frente na prevenção e detecção dessas atividades ilícitas.
Além desses crimes, os contadores também devem estar cientes de questões como lidar com produtos do crime, uso desonesto de posição, fazer declarações falsas ou enganosas, crimes cibernéticos e obtenção ou divulgação ilegal de informações. Esse conhecimento não é apenas um diferencial competitivo, mas uma necessidade para garantir a conformidade e a integridade das operações financeiras das empresas.
Em países como os Estados Unidos e o Reino Unido, já se observa uma mudança no currículo dos cursos de contabilidade, que agora incluem disciplinas de direito criminal, ética empresarial e compliance. Nos Estados Unidos, por exemplo, muitos programas de MBA e de contabilidade estão integrando módulos sobre a legislação antifraude e anticorrupção. No Reino Unido, a Association of Chartered Certified Accountants (ACCA) incluiu em seu exame final tópicos sobre leis criminais e regulamentos financeiros.
Em vários Países já estão exigindo que os profissionais de contabilidade sejam obrigados a adquirir conhecimento das leis criminais, incluindo, mas não se limitando a, fraude, roubo, lavagem de dinheiro, suborno, corrupção, peculato, lidar com produtos do crime, uso desonesto de posição, fazer declarações falsas ou enganosas, crimes cibernéticos e obtenção ou divulgação ilegal de informações.”
Este tipo de conhecimento está muito além do que se pode razoavelmente esperar da maioria dos profissionais Contábeis
No Brasil, o cenário não é tão diferente. A Operação Lava Jato e outros escândalos de corrupção recentes mostraram a importância de uma formação ampla para os contadores. Com o advento da Lei Anticorrupção (Lei 12.846/2013) e a Lei de Lavagem de Dinheiro (Lei 9.613/1998), a necessidade de um conhecimento profundo das leis criminais se tornou evidente para os profissionais que atuam na área.
Para atender a essas novas demandas, os contadores devem buscar uma capacitação contínua. Cursos de pós-graduação, workshops, seminários e certificações específicas em compliance e legislação criminal são algumas das opções disponíveis. Além disso, a parceria com advogados e especialistas em direito pode ser uma estratégia eficaz para garantir que as empresas estejam em conformidade com as leis e regulamentos vigentes.
O papel do contador está evoluindo. Deixando de ser apenas o guardião dos números, o contador moderno deve se posicionar como um profissional multifacetado, com conhecimentos que transcendem a contabilidade e abarcam áreas críticas do direito criminal. Essa mudança não só aumenta a responsabilidade dos contadores, mas também abre novas oportunidades para aqueles que estão dispostos a se adaptar e expandir seus horizontes profissionais.
Mas até que ponto é possível para um contador realizar tantas ações e responsabilidades ao mesmo tempo? Parece uma missão quase impossível, e os governos precisam valorizar esses profissionais. Hoje, além da contabilidade normal, que já é desgastante, eles precisam aprender funções de agentes policiais e analistas de segurança cibernética. Nunca uma profissão chegou a um limite desses.
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