Fique Sabendo

A crise previdenciária e o futuro do Brasil

O Global Pension Index 2024, elaborado pelo CFA Institute e Mercer, avaliou 48 países com base em critérios como adequação, sustentabilidade e governança, e o resultado coloca o Brasil em uma posição preocupante. Nosso país amarga o 33º lugar, uma das últimas posições no ranking, o que evidencia a necessidade urgente de reformas e atenção ao sistema previdenciário. Em contraste, países como Holanda, Islândia e Dinamarca ocupam o topo da lista, demonstrando maior solidez e sustentabilidade em seus modelos.  

Os países latino-americanos mais bem colocados são Chile (em 9º lugar), Uruguai (13º) e México (16º). Eles integram o grupo B, com sistemas bem estruturados, mas com áreas que precisam ser melhoradas. Já Colômbia (em 27º lugar), Brasil (33º) e Peru (37º) estão no grupo C, dos sistemas que têm riscos e/ou falhas importantes, que ameaçam a sustentabilidade de longo prazo. Por fim, a Argentina (em 47º lugar) está no grupo D, dos países com sistemas que, sem grandes reformas, são insustentáveis. 

A má colocação do Brasil, em particular, reflete o desequilíbrio crescente entre o número de contribuintes e o número de beneficiários, uma questão complexa com raízes em diversos fatores. O envelhecimento da população, com o aumento da expectativa de vida e a diminuição da taxa de natalidade, significa que temos cada vez mais pessoas aposentadas e menos pessoas em idade ativa para contribuir com o sistema. Além disso, o alto índice de desemprego e a informalidade no mercado de trabalho reduzem o número de contribuintes e, consequentemente, a arrecadação da previdência. 

Outros fatores que agravam a situação são a existência de regimes especiais de aposentadoria para determinadas categorias profissionais, com regras mais brandas, e a sonegação previdenciária, praticada por empresas e indivíduos. Esses elementos contribuem para o rombo previdenciário, obrigando o governo a cobrir o déficit da previdência com recursos do Tesouro, comprometendo investimentos em áreas essenciais como saúde, educação e infraestrutura. Se medidas não forem tomadas, o sistema previdenciário pode se tornar insustentável no futuro, colocando em risco o pagamento das aposentadorias e pensões, e aprofundando a desigualdade social. 

Diante desse apavorante cenário, é fundamental que o Brasil encontre soluções para o problema previdenciário, com foco na justiça social e na sustentabilidade do sistema. Isso exige um debate amplo e transparente com a participação de toda a sociedade, buscando um consenso que garanta a dignidade dos aposentados e a segurança das futuras gerações. 

Adm. Wagner Siqueira

Presidente do Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro (CRA-RJ) e ex-Presidente do Instituto de Previdência do Estado do RJ (IPERJ).

Mariana Freitas

Recent Posts

Posso criar CNPJ de MEI no nome do cônjuge? Essas são as consequências

Muitos empreendedores encontram no Microempreendedor Individual (MEI) uma ótima alternativa para formalizar seus negócios, pagar…

4 horas ago

Quer voltar a ser MEI no meio do ano? O que fazer

Se você já foi Microempreendedor Individual (MEI) e precisou mudar de categoria empresarial, mas agora…

4 horas ago

Lucro Presumido x Lucro Real: veja o mais vantajoso para seu negócio

Ao iniciar ou gerenciar um negócio, a escolha do regime tributário pode parecer um labirinto,…

5 horas ago

MEI: você está pagando impostos a mais sem saber?

Se você é MEI, já se pegou pensando se realmente está pagando os impostos justos…

5 horas ago

Desperdício zero: Como reduzir os impostos da sua empresa de forma legal e eficiente

Pagar impostos faz parte do jogo quando se tem um negócio, mas ninguém gosta de…

5 horas ago

Os 5 concursos públicos mais aguardados de 2025

Em 2025 dezenas de concursos públicos estão previstos, decidimos montar uma lista com as melhores…

7 horas ago