No que diz respeito à reforma tributária, Pimentel avalia que a excessiva carga de impostos e sua complexidade são um dos principais fatores que reduzem muito a competitividade da indústria e da economia do País. Observa que honrar tributos representa R$ 270 bilhões do total de R$ 1,5 trilhão anual a mais que as empresas gastam para operar no Brasil em relação à média das nações da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), conforme revela estudo do Boston Consulting Group, com a participação de entidades de classe e do governo.
“Dentre os 12 fatores do Custo Brasil listados no relatório, os tributos são uns dos mais onerosos, com impacto significativo na competitividade da indústria e de nossa economia como um todo e no nível de atividade. Não é sem razão que, nas últimas três décadas, crescemos muito abaixo da média global”, frisa o presidente da Abit, acrescentando: “No mesmo estudo, a insegurança jurídica representa R$ 180 bilhões, e sabemos que boa parte dela advém da área tributária”.
Para Pimentel, o trâmite das votações das reformas foi afetado, no segundo semestre de 2021, pelo andamento da agenda administrativa e política, num ano ainda marcado pelas dificuldades inerentes à pandemia. “Um período eleitoral como 2022 afeta o trâmite normal das propostas, mas não podemos esperar mais um ano para aprovar reformas essenciais para o Brasil, pois são fundamentais para retomada do crescimento, recuperação de investimentos e geração de empregos”, pondera.
Uma da justificativas às vezes utilizadas para o emperramento das matérias é a de que a reforma tributária devesse ser feita depois da administrativa, também em curso, para que se dimensionassem devidamente o tamanho e o custo do Estado, propiciando um adequado “orçamento” da receita fiscal necessária para mantê-lo. Pimentel pondera que o argumento não procede, explicando: “Em primeiro lugar, porque a proposta de revisão da estrutura administrativa tem regras de uma transição longa e não resultará, de imediato, na concepção de um novo organismo público muito mais racional e eficiente. A melhoria e aperfeiçoamento do sistema tributário proporcionaria, em mais curto prazo, avanços expressivos para o ambiente de negócios, competitividade, investimentos e geração de empregos. Não há, portanto, qualquer dicotomia na votação das duas matérias, e nosso parlamento tem plenas condições de apreciá-las simultaneamente”.
Pimentel afirma que a conclusão das duas reformas de modo assertivo sinalizaria a possibilidade de um Estado mais eficaz, capaz de suprir de modo adequado as áreas prioritárias da saúde, educação e segurança, bem como estimularia investimentos, criando condições mais favoráveis à retomada econômica. “Seriam reduzidos, de imediato, o grau de insegurança jurídica e os temores de que o Brasil siga fazendo do empreendedorismo uma corrida de obstáculos, fator tão nocivo à nossa economia”.
Modelo mais simples e equânime
O presidente da Abit salienta que a reforma tributária precisa simplificar o sistema, extinguir as assimetrias intersetoriais e ampliar a base de contribuintes. Lembra que a indústria de transformação paga impostos de modo desproporcional, pois representa 11% do PIB, mas responde por 24% da arrecadação federal e 20,8% da previdenciária patronal. “É preciso corrigir esse tipo de distorção”, afirma.
Pimentel também acentua que a reforma tributária, se realizada de modo adequado, estimularia maior formalização da economia. Para este avanço, há duas medidas decisivas. A primeira é reduzir alíquotas, desestimulando a sonegação e incentivando a legalização. “Aliás, destinando menos dinheiro ao Estado, as empresas investem, ampliam a produção e pagam mais impostos. A receita fiscal cresce”, ressalta, acrescentando: “A segunda providência diz respeito à necessidade de a reforma transcender à economia analógica, abrangendo também a digital, o que incluirá a taxação de numerosas atividades hoje informais. Isso também poderá reduzir a carga de cada contribuinte e ampliar a arrecadação total”.
Para Pimentel, não se pode esperar o próximo governo e a nova legislatura do Congresso Nacional para concretizar a reforma tributária e a administrativa, assim como outras medidas importantes. “Há todo o ano de 2022 pela frente e não podemos desperdiçá-lo, pois é absolutamente prioritário remover os obstáculos ao fomento econômico. O calendário eleitoral, muito importante para nossa democracia, não pode retardar as demais agendas prioritárias”, conclui.
Nos siga no
Participe do nosso grupo no
Nos siga no
Google News
Participe do nosso grupo no
WhatsApp