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Até onde vai a responsabilidade do contador e do gestor?

A entrega das obrigações acessórias é de responsabilidade do gestor do negócio e não do contador. Entenda essa relação

por Ana Luzia Rodrigues
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Dados recentes da Ordem dos Contabilistas de Angola (OCCPA) revelam um cenário desafiador no mercado de trabalho: apenas 5.345 contabilistas estão autorizados a assinar demonstrações financeiras e 417 peritos contabilistas atuam no país. Embora esses profissionais atendam cerca de 200 mil empresas, aproximadamente 69 mil ainda enfrentam a falta desses especialistas, evidenciando uma lacuna significativa no setor. Distribuição Desigual e Concentração em Luanda A distribuição geográfica dos contabilistas em Angola revela uma disparidade notável, com uma concentração expressiva em Luanda, que abriga 4.765 desses profissionais. Esse número contrasta fortemente com a realidade de outras províncias, como Lunda-Sul, onde há apenas um contabilista com cédula profissional. Essa concentração desigual dificulta o acesso aos serviços contábeis em diversas regiões do país. Déficit de Contabilistas nas Províncias Angolanas O Ministério das Finanças, em colaboração com a OCCPA, tem reconhecido publicamente a escassez de contabilistas no mercado angolano. A análise por província revela o tamanho do déficit: Bengo (4), Benguela (226), Bié (33), Cabinda (63), Cunene (12), Huambo (103), Huíla (165), Cuando Cubango (10), Kwanza Norte (12), Kwanza Sul (23), Luanda (4.765), Lunda Sul (2), Lunda Norte (6), Malanje (20), Moxico (8), Namibe (45), Uíge (50) e Zaire (10). Essa distribuição desigual exige medidas urgentes para suprir a demanda em todo o território nacional. Expansão Territorial e a Necessidade de Formação O economista Lopes Paulo, um dos fundadores da OCCPA, adverte que a situação tende a se agravar com a criação de novas províncias no âmbito da nova Divisão Político-Administrativa. Ele enfatiza a importância de ampliar a formação de contabilistas, destacando a contribuição do Instituto Médio de Estudos de Luanda (IMEL) e de outras instituições de gestão, que permitem que as empresas acolham finalistas para estágio prático. "É fundamental buscar novos talentos nas escolas e integrá-los ao mercado de trabalho", defende Lopes Paulo, ressaltando a necessidade de preparar os profissionais para os desafios do mercado. A Prática da Contabilidade e a Necessidade de Especialização Durante a segunda edição da Conferência Nacional de Jovens Contabilistas, o profissional Adilson Machado abordou a discrepância entre a teoria ensinada nas instituições e a prática enfrentada pelos novos profissionais. Ele argumenta que a formação deve ser mais especializada, com contabilistas atuando em setores específicos como imobiliário e agrícola, e questiona a amplitude da atuação permitida aos profissionais: "O meu número na ordem não deveria me permitir assinar qualquer tipo de conta", enfatizou Machado, defendendo a necessidade de uma formação mais direcionada. O Futuro da Contabilidade e a Busca por Novos Talentos Adilson Fernando também criticou o uso excessivo da contabilidade geral como base para o exercício profissional, citando setores como mineração e petróleo como exemplos que requerem conhecimentos específicos. Ao discutir o futuro da profissão, ele sugere que a valorização da contabilidade seria maior se os estudantes buscassem formação além das universidades e instituições tradicionais. Essa visão inovadora aponta para a necessidade de adaptação da formação dos contabilistas às demandas específicas do mercado. A Ordem dos Contabilistas e Peritos de Contabilidade de Angola A Ordem dos Contabilistas e Peritos de Contabilidade de Angola (OCCPA), estabelecida em 11 de outubro de 2010, tem como missão promover princípios éticos e normas técnicas, defender os interesses dos seus membros e contribuir para sua formação contínua. Diante do cenário desafiador da escassez de contabilistas, a atuação da OCCPA é fundamental para garantir a qualidade dos serviços contábeis e o desenvolvimento da profissão em Angola.

Desde o momento em que é criada, uma empresa já adquire uma série de obrigações, sejam elas com o governo, com os seus investidores ou com a sociedade.

A rotina do contador é intensa e este trabalha sempre com prazos a cumprir. Caso ocorra qualquer equívoco, pode gerar graves consequências para os clientes.

Mas, o que muitos gestores se esquecem é de que as obrigações de uma empresa não são privativas somente do profissional contábil. Afinal, até onde vai a responsabilidade do gestor e a do contador? 

Vejamos a seguir. Acompanhe!

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Contabilidade

Repassar a responsabilidade do empreendedor para o contador e se omitir por completo está longe de ser a melhor opção. Quem primeiro sente os reflexos dessa postura é a própria empresa, pois o empreendedor que vira as costas para a gestão não conhece seus custos, não sabe cortar despesas e atrasa o crescimento. Isso sem falar de quando caminha para o vermelho.

Mas tudo pode ainda ficar pior: a responsabilidade civil, tributária e penal do contador é solidária ao empresário. Ou seja, antes de tudo, é o empreendedor que responde por possíveis irregularidades. 

Mas quais riscos o empreendedor corre? Quais as responsabilidades do contador? Vejamos a seguir.

Responsabilidade civil

O descumprimento de termos contratuais e erros técnicos que venham a prejudicar a empresa ou terceiros, causados pelo contador, proporcionam ao profissional cinco anos, a partir do conhecimento do fato, para reparar os danos ocorridos, caso o contrário o mesmo ficará responsável por arcar com os gastos gerados.

Contadores são pessoalmente responsáveis pelos atos culposos junto aos clientes e pelos atos dolosos perante terceiros, solidariamente com o cliente.

Responsabilidade penal

Caso venham a ocorrer erros na emissão de documentos, falsificação ou omissão, é de responsabilidade do contador alertar o empresário sobre o problema e, em hipótese alguma, se passivo a situação de irregularidade.

A profissão contábil zela pela legalidade das empresas e nunca pode estar de acordo com processos ilegais.

Caso o profissional venha cometer tais erros ou ser cúmplice, responderá legalmente.

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Responsabilidade tributária

O contador será responsabilizado, junto do contribuinte, por atos de falsidade em documentos por ele assinados e por irregularidades de escrituração cujo objetivo é fraudar impostos.

Outra contribuição importante da Lei define crimes contra a ordem tributária. Suprimir ou reduzir tributo, omitir informações, prestar declaração falsa, fraudar a fiscalização tributária e falsificar nota fiscal são algumas das ações que podem render até cinco anos de prisão e multa ao profissional da contabilidade.

Por que contratar contador?

Lidar com as questões financeiras, administrativas e fiscais da empresa pode ser muito demorado, cansativo e confuso para quem não tem todo o conhecimento necessário. 

Inclusive em relação às obrigações fiscais que precisam ser emitidas e enviadas para os órgãos competentes. Por isso, é sempre aconselhável contratar contador devidamente registrado em seu conselho de classe, o que traz vários benefícios:

  • Perfeita situação cadastral;
  • Consultoria a qualquer momento;
  • Melhor gestão do negócio;
  • Segurança nas relações trabalhistas;
  • Valorização da empresa;
  • Manutenção e segurança dos arquivos eletrônicos;
  • Economia de tempo e dinheiro.

Conclusão

Transferir a responsabilidade para o contador, omitir-se, mostrar-se descuidado com o controle financeiro e com a documentação pode ser um verdadeiro tiro no pé. Esse tipo de postura legitima um possível desleixo da contabilidade, que não encontra retorno nas suas orientações e cobranças.

Portanto, as principais lições sobre as responsabilidades legais do contador são: 

  • O contador deve conhecer a fundo suas responsabilidades e as de seu cliente;
  • Revisar toda a contabilidade do cliente periodicamente é essencial a fim de identificar possíveis erros (intencionais ou não) que possam prejudicar tanto o próprio cliente, quanto terceiros;
  • Perante a identificação de falhas, assumir uma postura de parceria junto ao cliente. Além de orientá-lo quanto aos passos necessários para corrigir o que está errado e colocar a empresa de volta aos trilhos.

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