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BNDES tem lucro de R$ 9,8 bilhões no trimestre

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) registrou lucro líquido, ou lucro contábil, de R$ 9,8 bilhões no primeiro trimestre de 2021, aumento de 78% em comparação a igual período do ano passado, e um lucro recorrente (que exclui ganhos ou perdas com itens extraordinários) estável de R$ 2,4 bilhões. O lucro líquido foi impulsionado pela venda de participações societárias e pela intermediação financeira. Na avaliação do presidente do banco, Gustavo Montezano, “continuidade” é a melhor palavra para resumir o primeiro trimestre de 2021. “Um trimestre onde, mais uma vez, a gente entrega robustos resultados”.

Sergio Moraes / Reuters

Montezano explicou que cerca de 70% do lucro contábil são meramente financeiros, ou seja, é um lucro especulativo, sem adicionalidades sócio-ambientais. “É um lucro de especulação financeira em bolsa de valores”. Isso requer alocação de risco substancial. O presidente considerou “um desperdício de recurso público você tomar tamanha alocação de risco em atividades que não têm adicionalidade sócio-ambiental”. Explicou que, exatamente por isso, o banco está se desfazendo de sua carteira especulativa para pegar essa alocação de capital “que estava sendo desperdiçada, sob a ótica de desenvolvimento econômico, fazendo especulação financeira, e alocar esse capital, esse risco, em atividades que tornam o banco ainda assim financeiramente sustentável, mas trazem adicionalidades econômica e sócio-ambiental para o Brasil”.

Montezano destacou a carteira de crédito e repasses do BNDES, que totalizou R$ 446,1 bilhões, líquida de provisões, representando 60,5% dos ativos totais em 31 de março de 2021 e mantendo estabilidade em relação a 31 de dezembro de 2020. Referiu-se ainda à inadimplência sob controle, beneficiada pela isenção de pagamentos derivada da pandemia do novo coronavírus. A inadimplência acima de 90 dias, referência para o setor bancário, se manteve em 0,04% em 31 de março deste ano, contra 0,01% em 31 de dezembro do ano passado. O percentual segue bem abaixo da inadimplência do Sistema Financeiro Nacional, da ordem de 2,19% em 31 de março de 2021.

Perspectiva robusta

Para Montezano, todo o pacote de resultados do BNDES mostra uma perspectiva financeira “robusta e bem estável em relação ao que a gente viu no ano passado”. Chamou atenção para a continuidade do amadurecimento da estratégia de desinvestimentos da instituição, destacando em 2021 a saída completa do banco nas posições de ações e debêntures participativas da mineradora Vale. Reafirmou que isso mostra a continuidade da estratégia de retirar o BNDES de posições financeiras meramente especulativas. “É um lucro financeiro apenas que se restringe às operações per si e não tem qualquer benefício lateral para os mais necessitados e ou para o meio ambiente”. Montezano garantiu que o banco dará prosseguimento ao bem sucedido reposicionamento de sua carteira especulativa de renda variável.

Olhando para a frente, Gustavo Montezano reafirmou que a meta será a continuidade do amadurecimento desse reposicionamento do BNDES. O banco passará a ser, cada vez mais, uma instituição multiprodutos e multisserviços, saindo da atuação muito centrada no canal crédito, que continuará sendo relevante, mas que passa cada vez mais a ser complementado e adicionado com outras ferramentas de produtos e serviços, “para que possa atingir sua missão final que é desenvolver o Brasil economicamente, social e ambientalmente”. Para Montezano, essa multiplicidade de produtos e serviços amplia a capacidade do BNDES de promover o desenvolvimento do país e não ser apenas um banco de empréstimos.

“Olhando para a frente, a gente quer isso, um BNDES cada vez mais capacitado, com diferentes produtos e serviços, para poder executar sua missão”. O maior foco será a sustentabilidade financeira e o impacto social e ambiental de suas ações. “O Brasil pode contar com o BNDES”, manifestou o presidente do banco.

Alienações

A diretora de Finanças do BNDES, Bianca Nasser, reiterou que o resultado do banco no primeiro trimestre vem em linha com o trimestre anterior, impulsionado pelo resultado líquido com renda variável. A carteira de participações societárias do BNDES somou R$ 61,5 bilhões em 31 de março de 2021, mostrando queda de 21,1% no trimestre, em função das alienações de ações no total de R$ 12,6 bilhões, com destaque para Vale e Klabin, além da desvalorização dos investimentos em não coligadas, em especial Petrobras e Eletrobras.

Os desembolsos evoluíram 35%, chegando a R$ 11,3 bilhões, dos quais 46% desse valor (R$ 5,2 bilhões) foram destinados a micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) e 49% (R$ 5,6 bilhões) ao setor de infraestrutura. O produto de intermediação financeira atingiu R$ 4,4 bilhões, aumento de 7,8% em comparação ao primeiro trimestre de 2020. A receita com operações de crédito e repasses aumentou 10,8% em relação ao primeiro trimestre de 2020, chegando a R$ 9,2 bilhões. Essas operações beneficiaram, entre janeiro e março de 2021, 23 mil empresas com cerca de 162 mil trabalhadores.

Bianca Nasser informou que 52,5% da carteira de crédito de operações diretas e indiretas não automáticas do banco estão vinculados a empreendimentos que apoiam a economia verde e o desenvolvimento social. Os recursos estão aportados em projetos de saneamento, energias renováveis, desenvolvimento urbano, entre outros incluídos na sigla ASG (relativa a questões ambientais, sociais e de governança corporativa). No primeiro trimestre de 2021, R$ 3,7 bilhões foram desembolsados para esses setores.

Tesouro

O ativo do Sistema BNDES atingiu R$ 737,2 bilhões no primeiro trimestre de 2021, revelando redução de 5,3% ou o equivalente a R$ 41,1 bilhões, derivada, principalmente, do pagamento antecipado de R$ 38 bilhões ao Tesouro Nacional e da desvalorização da carteira de participações societárias por conta de oscilações dos papéis no mercado financeiro.

O valor devido pelo BNDES ao Tesouro era de R$ 195,3 bilhões em 31 de dezembro de 2020. Em 31 de março deste ano, esse montante caiu para R$ 153,9 bilhões, como resultado da liquidação antecipada de R$ 38 bilhões e de pagamentos ordinários de R$ 3,4 bilhões. A operação representou redução de 21,2% em comparação à posição em 31 de dezembro de 2020. Ao final de março de 2021, o Tesouro Nacional representava 20,9% das fontes de recursos do banco e o Fundo de Amparo do Trabalhador (FAT), 43,6%.

Segundo Bianca Nasser, até agora já foram pagos ao Tesouro, este ano, R$ 54 bilhões. O saldo remanescente de dívidas do BNDES com o Tesouro alcança R$ 116,2 bilhões. A diretora explicou que o cronograma de devolução de recursos ao Tesouro prevê pagamento de R$ 62 bilhões até dezembro próximo e de R$ 54,2 bilhões até dezembro de 2022. O cronograma está em análise pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

O FAT se manteve como principal fonte de recursos do BNDES. No acumulado de janeiro a março de 2021 entraram R$ 5,1 bilhões de recursos do FAT Constitucional e foram liquidados R$ 6,3 bilhões referentes aos juros semestrais. O volume de recursos do fundo com o banco atingiu R$ 321,5 bilhões em 31 de março de 2021.

O patrimônio líquido do BNDES alcançou R$ 113,9 bilhões no primeiro trimestre deste ano, mantendo estabilidade em comparação a 31 de dezembro de 2020. Bianca anunciou uma nova suspensão de pagamentos em até seis meses para micro e pequenas empresas, em razão da pandemia da covid-19, com potencial de beneficiar 100 mil empresas, podendo chegar a R$ 2,9 bilhões de suspensão de pagamentos. Os empréstimos em TLP poderão ser prorrogados em até 18 meses.

Fábrica de projetos

O diretor de Infraestrutura, Concessões e PPPs do BNDES, Fábio Abrahão, revelou que o banco tem hoje, na Fábrica de Projetos, 120 projetos mandatados, mobilizando capital de R$ 243 bilhões e envolvendo projetos de iluminação pública, saneamento, energia elétrica, portos, entre outros setores. Abrahão destacou na área de saneamento o recente leilão da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) do Rio de Janeiro, “maior operação de concessão de saneamento do país”, com R$ 22,7 bilhões de valor de outorgas oferecidas, investimentos de R$ 23 bilhões previstos em 12 anos, e que deve gerar mais de 40 mil empregos diretos e beneficiar cerca de 11 milhões de fluminenses.

Na área ambiental, o BNDES tem no momento 45 projetos em unidades de conservação federais e estaduais, com preservação de 2,2 milhões de hectares de florestas nacionais na Amazônia. No curto prazo, com leilão previsto para novembro deste ano, o destaque é o Parque do Iguaçu, com R$ 393 milhões de investimentos nos primeiros cinco anos de concessão.

O presidente do BNDES, Gustavo Montezano, afirmou que a ideia é acelerar a carteira da Fábrica de projetos nos próximos trimestres, trazendo não só valor financeiro, mas benefícios para a sociedade.

Fonte Agência Brasil – Alana Gandra

Jorge Roberto Wrigt

Jornalista há 38 anos, atuando na redação de jornais impressos locais, colunista de TV em emissora de rádio, apresentador de programa de variedades em emissora de TV local e também redator de textos publicitários, na cidade de Teresópolis (RJ). Atualmente se dedica ao jornalismo digital, sendo parte da equipe do Jornal Contábil.

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