Brumadinho pode aumentar receita da Vale em US$1 bi

Com o desastre de Brumadinho, a Vale deve ter este ano uma receita US$1 bilhão mais alta do que teria se não tivesse acontecido a tragédia. A conta, de especialistas ouvidos pela CBN, leva em consideração a redução da produção com o fechamento de dez barragens, como foi anunciado pela companhia. Com a oferta menor, o preço aumenta. Além disso, há a expansão da mina de Carajás, no Pará, cujo minério de ferro tem valor agregado mais alto.

Em 2015, quando houve o desastre de Mariana, o minério era negociado a cerca de US$50 por tonelada. Hoje, está 60% mais caro, acima de US$80. 

Na Bolsa de Valores de São Paulo, depois de uma queda recorde de mais de 24% na última segunda-feira, na quarta, as ações da Vale chegaram a subir mais de 9%. Alexandre Mastrocinque, especialista em mineração na editora Empirucus, avalia que a expectativa de aumento na receita contribuiu para a recuperação do valor de mercado.

“De receita, a Vale vai ter US$1 bilhão a mais do que ela teria se não tivesse acontecido o incidente. E esse valor é suficiente para cobrir os custos que a Vale afirmou que vai ter com segurança. Por isso que as ações responderam muito positivamente depois dessa correção inicial da segunda-feira,” explicou Mastrocinque.

A Vale é a principal mineradora do país e representa 10% do índice da Bolsa de Valores de São Paulo. Apesar do histórico de desastres sem precedentes no Brasil, a mineradora está cada vez mais valiosa. Do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, até o início deste ano, a Vale passou de R$77 bilhões para R$297 bilhões em valor de mercado. Depois de Brumadinho, essa cifra bilionária teve 18% de queda, por enquanto. 

O diretor executivo da Agência para o Desenvolvimento Tecnológico da Indústria Mineral Brasileira (ADIMB), Roberto Xavier, explicou que os investimentos na exploração de minérios não costumam ser afetados por catástrofes.

“Os investimentos sempre são controlados por preços de commodities no mercado, eles não são controlados por acidentes que ocorrem na mineração,” disse ele.

Mas o doutor em política ambiental, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, Bruno Milanez, explicou que estudos acadêmicos apontam uma relação entre a alta dos preços com a redução da segurança na atividade de mineração.

“Quando começa o período de boom, existe uma corrida pela expansão porque todas as mineradoras vão querer aproveitar o período da bonança. A gente vai ter um aumento significativo nos investimentos. E além disso, existe uma pressão muito forte sobre os órgãos públicos, que não têm aumento de pessoal durante esse período, para aprovar esses projetos muito rapidamente. Quando o preço começa a cair, a gente tem empresas altamente endividadas. A medida em que o preço cai, eles têm que reduzir os custos operacionais em geral. E uma das primeiras questões que é deixada de lado quando se pensa em redução de custos, é a questão de segurança e de monitoramento,” explicou o professor.

Milanez, que pesquisa o papel social, econômico e ambiental da extração mineral afirma que o setor tem que repensar a relação com a sociedade, as empresas precisam ser mais transparentes na comunicação com as pessoas que moram no entorno. Ele reforça que a atividade sempre implica em riscos. 

“Tem que pensar o setor como um todo e pensar não apenas se tem sirene ou não, mas o tamanho, a localização, a necessidade de barragens. A gente tem soluções tecnológicas que são menos arriscadas do que as barragens de rejeitos. Há outras tecnologias que reduzem significativamente esse risco. Mas não existe risco zero na mineração. É uma atividade de risco por sua própria natureza,” complementou Milanez.

O Brasil é o maior exportador de minérios do mundo depois da Austrália. Somente o minério de ferro foi o terceiro produto mais vendido para o exterior na pauta brasileira, perdendo para soja e petróleo bruto. Dados do IBGE apontam que a mineração correspondia a 2% do PIB brasileiro em 2016. Com Informações da CBN

Ricardo de Freitas

Ricardo de Freitas possui uma trajetória multifacetada, ele acumula experiências como jornalista, CEO e CMO, tendo atuado em grandes empresas de software no Brasil. Atualmente, lidera o grupo que engloba as empresas Banconta, Creditook e MEI360, focadas em soluções financeiras e contábeis para micro e pequenas empresas. Sua expertise em marketing se reflete em sua obra literária: "A Revolução do Marketing para Empresas Contábeis": Neste livro, Ricardo de Freitas compartilha suas visões e estratégias sobre como as empresas contábeis podem se destacar em um mercado cada vez mais competitivo, utilizando o marketing digital como ferramenta de crescimento.

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