A indústria da aviação no Brasil vive uma crise complexa e multifacetada nos últimos anos, marcada por diversos desafios interligados que impactaram significativamente as empresas aéreas, os passageiros e a economia como um todo. Para compreender a magnitude da crise, é crucial analisar seus principais fatores e as consequências geradas. Tudo começou a se agravar com o surgimento da covid-19, o que gerou um impacto global sem precedentes no setor aéreo, com queda drástica na demanda por voos.
Com o restabelecimento da demanda depois da pandemia, há fatores que não se resolveram e contribuíram para a crise, como o aumento vertiginoso do preço do querosene de aviação (QAV). O QAV, principal custo operacional das companhias aéreas, teve um aumento expressivo, impulsionado por fatores como a alta do petróleo no mercado internacional, a desvalorização do real frente ao dólar e a política de preços da Petrobras – que preferiu buscar maiores benefícios para o preço da gasolina e do diesel, deixando a QAV de lado nos últimos anos.
Outros pontos, como, desafios estruturais do setor aéreo brasileiro, com congestionamentos frequentes em grandes aeroportos, especialmente em horários de pico, falta de investimentos em modernização e expansão da capacidade aeroportuária também afetaram o segmento. Além disso, o Brasil é o país com maior número de judicialização na área no mundo, o que afugenta investidores estrangeiros de aportarem no mercado brasileiro. A crise da oferta de novas aeronaves e de mão de obra qualificada também piora o já crítico cenário atual, pois há demanda no mercado, mas há uma clara limitação de oferta.
Hoje o segmento aéreo brasileiro, em relação a outras áreas, possui uma tributação menor. Como referência o transporte aéreo de passageiros é isento de ICMS e tão pouco se aplica ISS na operação. Portanto, na operação de transporte aéreo de passageiros somente há a incidência de impostos federais e também não há necessidade de emissão de documento fiscal eletrônico, o que diminui a carga e de fato descomplica um pouco a operação fiscal das companhias aéreas.
Porém , a reforma tributária promulgada no final do ano passado trará mudanças significativas para a aviação civil no Brasil. A partir de agora, o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) substituirá o ISS e o ICMS, enquanto o CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) substituirá o PIS e a COFINS. Como a reforma não prevê isenções ou reduções de base de cálculo para o setor, ela tende a gerar aumento de custos, impactando ainda mais um segmento já fragilizado.
A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR) se manifestou contra a proposta de reforma tributária, alertando para seus potenciais impactos negativos. Apesar das críticas, às demandas não foram atendidas no texto final da reforma. Outra mudança importante é a provável obrigatoriedade de emissão de documentos fiscais eletrônicos. Essa medida se faz necessária para que as empresas se adaptem ao novo modelo de arrecadação do IBS.
Em suma, a reforma tributária trará desafios e incertezas para a aviação civil no Brasil. O aumento de custos e a necessidade de adaptação ao novo sistema de tributação podem afetar a competitividade e o desenvolvimento da categoria. O acompanhamento atento das mudanças e a busca por soluções inovadoras serão fundamentais para que as empresas aéreas minimizem os impactos negativos e se mantenham competitivas no mercado.
Portanto, a recuperação da divisão aérea nacional dependerá da implementação de medidas eficazes para enfrentar os desafios mencionados. O diálogo entre o governo, as companhias aéreas, os órgãos regulatórios e os demais stakeholders será fundamental para encontrar soluções conjuntas e construir um futuro sustentável para a aviação nacional, caso contrário cada vez mais este campo estará mais longe da população brasileira.
Por Yvon Gaillard é cofundador e CEO da Dootax, primeira plataforma de automação fiscal do Brasil.
Nos siga no
Participe do nosso grupo no
O Drex, versão digital do real regulamentada pelo Banco Central (Bacen), está prevista para ser implementada…
Abrir um negócio exige uma série de cuidados e demanda algumas ações por parte do…
A reforma tributária, aprovada no final de 2024, trouxe uma novidade que pode mudar a…
Se você já pensou em baixar uma versão modificada do WhatsApp, talvez seja hora de…
Se planejar financeiramente para a aposentadoria pode parecer um desafio, mas quanto antes você começar,…
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) anunciou uma medida emergencial para garantir suporte financeiro…