O Crescimento Exponencial do Cooperativismo no Brasil
O cooperativismo, um modelo socioeconômico baseado na colaboração e na ajuda mútua, teve suas raízes fincadas em 1844, em Manchester, na Inglaterra. Inspirado pelo lema “um por todos e todos por um”, originado no romance “Os Três Mosqueteiros” de Alexandre Dumas, o movimento nasceu da união de trabalhadores que buscavam superar as dificuldades econômicas da época. A iniciativa inicial, centrada na compra coletiva de bens de consumo básico, transformou-se em um poderoso catalisador para a mudança social e econômica em escala global, promovendo valores de equidade, democracia e participação ativa.
Atualmente, o movimento cooperativista floresce em todos os continentes, com mais de 3 milhões de cooperativas operando em diversas áreas. No Brasil, o setor tem experimentado um crescimento notável, com 4.509 cooperativas registradas na Organização de Cooperativas do Brasil (OCB). Essas cooperativas abrangem uma vasta gama de setores econômicos e reúnem mais de 23 milhões de cooperados, o que representa aproximadamente 12% da população brasileira. Essa ampla participação demonstra o impacto significativo e a relevância do cooperativismo na economia e na sociedade do país.
A tabela abaixo oferece uma visão abrangente da distribuição das cooperativas no Brasil, destacando a diversidade e o alcance do movimento:
Setor | Número de Cooperativas | Exemplos de Atuação |
---|---|---|
Agrícola | 1.179 | Produção e comercialização de alimentos, insumos agrícolas, agroindústria, agricultura familiar. |
Transporte | 790 | Transporte de cargas e passageiros, logística, serviços de transporte escolar e turismo. |
Saúde | 702 | Hospitais, clínicas, laboratórios, planos de saúde, serviços odontológicos, cooperativas de profissionais da saúde. |
Crédito | 700 | Empréstimos, financiamentos, investimentos, contas correntes, cartões de crédito, seguros. |
Trabalho, Produção de Bens e Serviços | 641 | Artesanato, reciclagem, produção industrial, serviços de consultoria, tecnologia da informação, cooperativas de profissionais autônomos. |
Infraestrutura | 276 | Eletrificação rural, saneamento básico, telecomunicações, construção civil, habitação. |
Consumo | 221 | Supermercados, farmácias, lojas de departamento, compra coletiva de bens e serviços. |
As cooperativas de crédito têm desempenhado um papel fundamental na democratização do acesso aos serviços financeiros no Brasil. Operando como instituições financeiras regulamentadas e supervisionadas pelo Banco Central, elas oferecem uma alternativa viável e inclusiva aos bancos tradicionais. Com um foco em atender às necessidades financeiras de seus cooperados, as cooperativas de crédito têm expandido sua presença em áreas remotas e comunidades carentes, onde os serviços bancários tradicionais são limitados ou inexistentes.
O cooperativismo de crédito continua a atrair um número crescente de adeptos, impulsionado pela busca por soluções financeiras mais justas e acessíveis. O modelo cooperativo, que coloca os interesses dos cooperados em primeiro lugar, oferece diversas vantagens em relação aos bancos tradicionais, incluindo taxas de juros mais baixas, distribuição de sobras (lucros) entre os cooperados e um atendimento mais personalizado. O crescimento do setor também é impulsionado por fatores como a alta dos juros, que torna o crédito bancário mais caro, e a crescente conscientização sobre os benefícios do cooperativismo.
No modelo de crédito cooperativo, os cooperados são ao mesmo tempo donos e usuários dos serviços financeiros oferecidos pela cooperativa. Essa estrutura singular garante que os interesses dos cooperados sejam sempre priorizados. Para obter crédito, os interessados devem se tornar cooperados, o que envolve a compra de cotas de capital e a participação ativa na gestão da cooperativa. Essa participação confere aos cooperados o direito de votar nas decisões importantes da cooperativa e de receber sua parte nos resultados financeiros.
Apesar do sucesso do cooperativismo de crédito, o setor enfrenta desafios significativos, como o aumento da inadimplência. A expansão rápida do crédito, combinada com o cenário econômico adverso, tem contribuído para o aumento do número de cooperados que não conseguem honrar seus compromissos financeiros. A inadimplência, que era de 1,1% em 2021, subiu para 2,4% em 2023, o que exige medidas eficazes de gestão de risco e recuperação de crédito.
As cooperativas de crédito têm adotado diversas estratégias para mitigar os impactos da inadimplência. Entre as medidas mais comuns estão o aprimoramento dos sistemas de análise de crédito, a renegociação de dívidas, a venda de carteiras de crédito inadimplentes e a busca por parcerias com empresas especializadas em recuperação de crédito. Além disso, as cooperativas têm investido em educação financeira para conscientizar seus cooperados sobre a importância do uso responsável do crédito.
A colaboração com empresas de recuperação de crédito, como a Recovery, tem se mostrado uma estratégia eficaz para as cooperativas de crédito. Essas empresas possuem expertise e estrutura para negociar com os cooperados inadimplentes e recuperar os valores devidos. A parceria permite que as cooperativas liberem recursos para novos empréstimos e mantenham sua saúde financeira.
A educação financeira e o relacionamento próximo com os cooperados são elementos essenciais para o sucesso do cooperativismo de crédito. Ao conscientizar seus cooperados sobre o uso responsável do crédito e oferecer um atendimento personalizado, as cooperativas podem construir relacionamentos de longo prazo e garantir a fidelidade de seus cooperados.
O cooperativismo de crédito tem um futuro promissor no Brasil, impulsionado pela crescente demanda por serviços financeiros mais justos e acessíveis. O setor deve continuar a crescer e a se consolidar, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do país. No entanto, é fundamental que as cooperativas invistam em gestão de risco, tecnologia e inovação para enfrentar os desafios do mercado e garantir sua sustentabilidade.
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