A posição do dólar americano no sistema monetário internacional permanece robusta, exercendo uma influência preponderante nas transações comerciais globais. Apesar do seu domínio em aproximadamente 80% das operações financeiras mundiais, é importante ressaltar que o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos representa cerca de 26% da economia global. Essa discrepância entre a força do dólar e a dimensão da economia americana levanta questões sobre as razões subjacentes a esse fenômeno.
Entre os fatores que explicam essa situação, destaca-se o poderio militar dos Estados Unidos, bem como sua trajetória política ao longo da história. Embora essa força não garanta necessariamente vitória em conflitos — como evidenciado pela Guerra do Vietnã —, ela contribui para a posição do dólar como moeda dominante. Além disso, a reputação das instituições educacionais americanas atrai um grande número de estudantes internacionais, muitos dos quais retornam aos seus países de origem ocupando posições de destaque na economia e na política.
A trajetória do dólar como moeda global remonta à Primeira Guerra Mundial e se solidificou ao longo do século XX, especialmente após a Segunda Guerra Mundial. O “privilégio exorbitante”, como descrito por Giscard d’Estaing nos anos 60, refere-se ao status especial que o dólar detém nas transações internacionais, especialmente após os EUA se beneficiarem financeiramente com a guerra e posteriormente através do Plano Marshall, que auxiliou na reconstrução da Europa.
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No entanto, o início do século XXI trouxe novos desafios ao domínio do dólar. A ascensão econômica da China e o lançamento do Euro criaram debates sobre a viabilidade contínua da moeda americana como padrão global. O processo de desdolarização vem ganhando força, impulsionado principalmente pela crescente desconfiança em relação à hegemonia americana, exacerbada pelas sanções econômicas impostas à Rússia devido à guerra na Ucrânia.
Esse clima de incerteza tem levado economias emergentes, particularmente no Sul Global, a reconsiderar suas reservas cambiais e buscar alternativas ao uso do dólar em suas transações. Os BRICS estão na vanguarda dessa mudança, promovendo iniciativas que visam reduzir a dependência do dólar nas trocas comerciais e financeiras.
As perspectivas sobre o impacto das políticas econômicas de Donald Trump são ainda incertas. Embora um aumento no protecionismo seja esperado, a extensão e os detalhes dessas medidas permanecem indefinidos. A rivalidade econômica entre os EUA e a China está se intensificando, com a China se preparando para reagir conforme necessário.
Por outro lado, a União Europeia enfrenta dificuldades significativas para formular uma resposta coerente às políticas de Trump. As instabilidades políticas internas em países-chave como França e Alemanha dificultam uma abordagem unificada em questões estratégicas. Em meio a essa fragmentação, muitos países europeus parecem optar por negociações bilaterais com os EUA em vez de buscar soluções coletivas para problemas globais.
A falta de uma estratégia coesa tem gerado uma sensação crescente de que a União Europeia perdeu sua capacidade de lidar com desafios externos. Nesse cenário complexo, o futuro do dólar está em questão. Com o aumento da desconfiança nas relações internacionais e a busca por alternativas à moeda americana, é provável que sua participação nas transações globais diminua ainda mais.
As tensões geopolíticas atuais e as ameaças proferidas por Trump em relação a diversos países podem agravar essa situação. Assim, as expectativas são de que novas dinâmicas comerciais emergirão, levando a um reequilíbrio nas relações econômicas globais.
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