Fluxo de caixa, o caminho obrigatório para companhias em reestruturação

Constituído para ser uma das mais abrangentes e mais utilizadas ferramentas de gestão, o fluxo de caixa também auxilia na avaliação do uso de recursos pela administração e na predição dos fluxos de caixa futuros da companhia.

Apesar de ser, essencialmente, uma ferramenta que demonstre a capacidade de geração de resultado da uma empresa ao longo do tempo – passado, presente e estimativa do futuro – é de se espantar que não seja adotada pela maioria das empresas. Na região Nordeste, por exemplo, muitas companhias em dificuldade desconhecem a importância dessa ferramenta na gestão empresarial.[5]

Nas empresas de pequeno e médio porte, a utilização desse controle provavelmente seja ainda menor. E, em muitos casos, quando é utilizado, geralmente é precário, com gestão diária, sem previsão de contas a pagar/receber, contando principalmente com o feeling do gestor ou acionista.

Também há a necessidade constante de fazer caixa através de desconto de duplicatas ou fomento, pois, “repentinamente”, a empresa fica sem caixa para cumprir com suas obrigações.

Para essas empresas, quatro sintomas destacam a necessidade de uma reestruturação de fluxo de caixa: incapacidade de honrar endividamento bancário; falta de recursos para pagamento de impostos; aumento do contas a pagar, especialmente com fornecedores; e atraso na folha de pagamento de funcionários.

Nesse sentido, dois tipos de reestruturação se destacam: a do fluxo de financiamentos especificamente, e a dos fluxos operacional e de financiamentos conjuntamente. Para entender melhor qual sua necessidade, é necessário efetuar uma análise profunda da empresa como um todo.

A reestruturação de fluxo de financiamentos deve ser aplicada em empresas que possuam resultado operacional positivo, porém com dificuldade de honrar suas obrigações junto aos agentes financeiros, seja por conta de queda brusca do faturamento, aumento repentino dos custos de matéria-prima, prazos de pagamento e de recebimento em descompasso, entre outros motivos.

Além de visar à readequação cirúrgica da estrutura de capital da empresa, essa modalidade libera os gestores e acionistas para que estes priorizem o fluxo de caixa operacional, ou seja, aumentem faturamento e recebíveis e diminuam custos e despesas de produção e administrativos.

A tarefa de contatar as instituições financeiras na busca de alternativas ao fluxo de pagamento atual pode ficar a cargo de uma empresa de consultoria focada em reestruturação. Principalmente em empresas familiares, esse profissional é benéfico para separar a figura de acionista da figura de administrador, muitas vezes confusas.

Quando, porém, apenas a reestruturação de fluxo de financiamentos não é suficiente ou quando ela deve abranger todos os níveis de fluxo de caixa – até mesmo toda a companhia – uma abordagem ainda mais abrangente é essencial.

Nesse contexto, é preciso ressaltar que existe a constante necessidade de a companhia demonstrar aos credores (fornecedores, parceiros e instituições financeiras), e até mesmo aos clientes a seriedade da empresa na implementação do turnaround.

Vale lembrar que as instituições financeiras estão cada vez mais exigentes com relação à sua exposição (risco), e cada vez mais dispostas a conceder linhas de créditos para empresas com gestão profissional.

Na gestão, inicialmente, deve-se elaborar em conjunto com a direção da empresa um plano de ação emergencial de curto prazo, conhecido como período crítico, o qual contempla geralmente entre 30 e 90 dias, com foco no desenvolvimento de estratégias de turnaround. Tal plano deve ainda auxiliar na identificação e aumento de receitas, no intuito de maximizar o caixa.

Também deve ajudar na redução dos custos ao mínimo absoluto e contribuir na projeção dos fluxos de caixa operacional e financeiro, bem como na readequação do fluxo de caixa de financiamentos, além de auxiliar na implementação, análise e adequação de processos, procedimentos, políticas e controles.

Após a reestruturação do fluxo de financiamentos, a gestão foca no aperfeiçoamento de longo prazo do fluxo de caixa como um todo, inclusive do fluxo operacional, englobando estratégias de mercado, produção, custos e despesas, vendas, compras, financiamentos, investimentos, trabalhistas, fiscal e tributário.

Tomadas as ações, apesar de complexa, a reestruturação define um novo marco na empresa. Esta proporciona novas estruturas e conceitos, percorrendo toda a companhia, desde o chão de fábrica até a alta direção, passando por todos os níveis estratégicos do negócio, no empenho máximo de dar uma nova guinada no empreendimento.

Benjamin Yung é especialista no segmento de reestruturação financeira e fundador da consultoria Estratégias Empresariais – ee@estrategiasee.com.br

jornalcontabil

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