Lula retira Correios e outras estatais de programas de privatização

Um dos grandes medos de funcionários dos Correios era a privatização da empresa que estava sendo cogitada no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas esse temor acabou nesta quinta-feira (6), quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou que a estatal não será privatizada.

A medida foi anunciada por meio de edição extra do Diário Oficial da União (DOU). No total, foram sete empresas excluídas do Programa Nacional de Desestatização (PND) e três do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI).

Estão fora da privatização:

PND

  • Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT);
  • Empresa Brasil de Comunicação (EBC);
  • Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev);
  • Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A. (Nuclep);
  • Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro);
  • Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias S.A. (ABGF);
  • Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada S.A. (Ceitec).

PPI

  • Armazéns e imóveis de domínio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab);
  • Empresa Brasileira de Administração de Petróleo e Gás Natural S.A. – Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA);
  • Telecomunicações Brasileiras S.A. (Telebras).

Privatizações não agradam o presidente

O presidente Lula tinha prometido que iria acabar com as privatizações. Durante a campanha, o petista defendeu o uso de estatais para indução do crescimento econômico por meio de investimentos.

Ele decidiu que não serão mais feitos estudos de privatização de oito estatais, como a Petrobras e os Correios, em um decreto publicado no seu primeiro dia de governo.

Os Correios estavam na mira do ex-ministro Paulo Guedes que defendia sua privatização. Em fevereiro de 2021, Jair Bolsonaro enviou à Câmara dos Deputados a proposta de fim do monopólio do serviços postais, que funcionaria como o primeiro passo para a privatização total da empresa.

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Veja a função das empresas que não serão mais privatizadas

EBC: Em 2007 foi criada a EBC (Empresa Brasileira de Comunicação), responsável em criar e difundir conteúdos que contribuam para o desenvolvimento da consciência crítica das pessoas. Segundo informações do antigo Ministério da Economia, a EBC tinha, em 2020, 1.880 funcionários.

A EBC reune TV Brasil (presente nas TVs por assinatura e por captação via antena parabólica), Agência Brasil, rádios MEC e Nacional (sete emissoras no total), Rede Nacional de Comunicação Pública (reúne 33 afiliadas de TV e 11 de rádio) e Radioagência Nacional (disponibiliza conteúdo radiofônico produzido por equipe da EBC e parceiros).

Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT): em 1963 era fundada a empresa estatal que passava a monopolizar a entrega de correspondências no país, mas não de encomendas.

Atualmente, com cerca de 100 mil servidores, a empresa também realiza o envio de livros didáticos às escolas públicas e distribui as provas do Enem, entre outros.

Em 2019, a empresa acumulou um prejuízo de R$ 2,4 bilhões. No ano seguinte, o lucro líquido dos Correios foi de R$ 1,53 bilhão e, em 2021, o resultado positivo foi de R$ 2,3 bilhões.

Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev): empresa pública, criada em 1974, que fornece soluções de Tecnologia da Informação e Comunicação para o aprimoramento e a execução de políticas sociais do Estado.

Uma de suas funções é processar o pagamento mensal de cerca de 35 milhões de benefícios previdenciários. Também é responsável pela aplicação online que faz a liberação de seguro-desemprego, por exemplo.

Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A. (Nuclep): fundada em 1975 para atender ao Programa Nuclear Brasileiro, a Nuclep tem como objetivos principais projetar, desenvolver, fabricar e comercializar equipamentos pesados para os setores Nuclear; Defesa; Óleo e Gás e Energia, entre outros.

A estatal entregou o primeiro grande equipamento nuclear para a Usina de Angra 3, o Condensador, em 2014. Este seria, segundo a estatal, o primeiro dos três que serão entregues à Eletronuclear até meados de 2020. 

Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro): com 58 anos de existência e mais de nove mil servidores, o Serpro informa que é a maior empresa pública de tecnologia da informação do mundo.

Ela presta serviços a outros órgãos públicos, como a Receita Federal, o Tesouro Nacional, a Secretaria de Comércio Exterior e o Ministério das Relações Exteriores, entre outros.

ABGF (Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias S.A.). Vinculada ao Ministério da Fazenda, a ABGF foi criada em 2013 para auxiliar a execução de políticas públicas relativas à administração de fundos e operacionalização de garantias prestadas com recursos da União.

Ceitec (Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada S.A.). Vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, atua no segmento de semicondutores.

Armazéns e imóveis de domínio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab): criada em 1990, a estatal, que é vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, contribui para a regularidade do abastecimento e formação de renda do produtor rural.

Empresa Brasileira de Administração de Petróleo e Gás Natural S.A. – Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA): foi criada em 2013, sendo vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), atua na gestão dos Contratos de Partilha de Produção, na representação da União nos Acordos de Individualização da Produção (Unitização) e na gestão da comercialização de petróleo e gás natural. A estatal tem 62 servidores.

Telecomunicações Brasileiras S.A. (Telebrás): Em 1972, é criada a Telebrás sendo vinculada ao Ministério das Comunicações, a empresa é uma sociedade de economia mista de capital aberto, que fornece soluções de conexão. Tem pouco mais de 400 funcionários. Com uma rede óptica de 28 mil quilômetros quadrados e satélite geoestacionário, a empresa visa promover políticas públicas de inclusão digital e universalizar a banda larga.

Jorge Roberto Wrigt

Jornalista há 38 anos, atuando na redação de jornais impressos locais, colunista de TV em emissora de rádio, apresentador de programa de variedades em emissora de TV local e também redator de textos publicitários, na cidade de Teresópolis (RJ). Atualmente se dedica ao jornalismo digital, sendo parte da equipe do Jornal Contábil.

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