A Operação Downtown revelou uma complexa rede de hotéis e hospedarias controladas pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) no centro de São Paulo. Essa rede foi uma resposta às operações policiais que tentavam desmantelar o fluxo de usuários de drogas na região da Cracolândia, situada entre a Alameda Dino Bueno e o Largo Coração de Jesus, na Luz.
De acordo com a investigação, o PCC começou a adquirir imóveis em 2022, criando uma infraestrutura que lhes permitia transferir a Cracolândia para qualquer parte do centro da cidade, mantendo a logística do tráfico intacta. O delegado-geral Artur Dian em entrevista ao Estadão, destacou a complexidade da investigação, que se estendeu por um ano e envolveu quatro departamentos da Polícia Civil, além do Denarc. O objetivo das buscas era reunir provas contra a organização criminosa.
Ao todo, foram identificados 124 locais para as buscas, com os imóveis registrados em nomes de acusados de participação no PCC ou de laranjas utilizados pelo grupo.
De acordo com o delegado Fernando José Santiago, da 4ª Delegacia do Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), a política da Prefeitura de São Paulo de fechar antigas hospedarias, vedando suas entradas com barreiras de tijolos a partir do segundo semestre de 2021, foi o gatilho que provocou a migração do fluxo de usuários de drogas no ano seguinte. Essa intervenção fez com que o PCC, adaptando-se à nova realidade, começasse a construir sua rede de hotéis e hospedarias no centro da cidade em 2022.
A investigação policial acompanhou o deslocamento dos usuários de drogas pelo centro histórico de São Paulo, revelando o controle exercido pelo crime organizado nessa movimentação. Os policiais do Denarc investigaram as transações de compra e venda de imóveis na região para identificar os novos proprietários dos hotéis. Muitos desses imóveis foram adquiridos por preços abaixo do valor venal, o que indica que a ação da facção criminosa levou à desvalorização dos prédios.
A estratégia do PCC de adquirir e controlar essas propriedades permitiu-lhes manter a logística do tráfico de drogas eficiente, mesmo com as operações policiais e as políticas de fechamento das antigas hospedarias. Esse controle foi crucial para a manutenção do fluxo de usuários de drogas na região, destacando a capacidade adaptativa e a resiliência da organização criminosa diante das ações repressivas das autoridades.
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