Um novo estudo intitulado Possíveis cenários da pandemia no Brasil sob diferentes durações de proteção vacinal, aponta que mesmo com o avanço da vacinação contra a Covid-19, o país pode ter um novo surto da doença no ano que vem.
O estudo considera a taxa média de proteção das vacinas que estão sendo aplicadas no país, contra os casos sintomáticos da doença, onde:
- CoronaVac — Eficácia de 50%
- Janssen — Eficácia de 66%
- AstraZeneca — Eficácia de 76%
- Pfizer — Eficácia de 95%
E considera também uma possível queda no nível dos anticorpos conferidos pelas vacinas em dois cenários, sendo eles após 12 e 18 meses.
Variáveis da pesquisa
Os pesquisadores criaram um Índice de Proteção Covid-19 (IPC) que sumariza e diferencia a desigualdade social em diferentes localidades, que podem determinar variáveis que determinam um novo suporte específico maior em uma região do que em outra.
Os parâmetros utilizados também incluem:
- Taxa de vacinação dos Estados e municípios
- Nível de isolamento social
- Densidade demográfica
Assim, caso não ocorra uma revacinação no início de 2022, a pesquisa apontou que existe um risco eminente de que um novo surto da Covid-19, possa atingir o país entre os meses de abril e setembro, que dependerá do período da imunidade conferida pelas vacinas.
“Já se observa no país a diminuição das medidas de prevenção, com retorno às atividades comerciais e às aulas presenciais, aglomerações em espaços de lazer, realização de festivais de música e eventos esportivos, o que amplia continuamente o risco de transmissão e surgimento de novas variantes, principalmente em cidades com baixo IPC, alta densidade e polos turísticos como o exemplo hipotético da cidade de Olinda-PE”, alerta o estudo.
É importante lembrar que nenhuma vacina possui 100% de eficácia, o que somente por esse motivo, parte dos imunizados já são suscetíveis à infecção em um primeiro momento. O que com o passar do tempo, seja pela doença ou pela vacinação, o risco real de infecção ou reinfecção pode se tornar inevitável, declarou a epidemiologista Gerusa Figueiredo, uma das autoras do estudo e professora do IMT-USP (Instituto de Medicina Tropical de São Paulo).
Pandemia não vai acabar
“Não é hora de decretar o fim da pandemia. É hora de retomar as atividades com o máximo de cuidado possível, monitorando a curva epidêmica”, declarou em comunicado a bióloga Beatriz Carniel, que também atuou como autora do estudo.
Outro ponto que é de grande receio dos especialistas diz respeito ao afrouxamento das medidas de restrição, devido ao avanço da vacinação. “Vai abrir tudo agora. Isso passa uma sensação para as pessoas de normalidade. E as pessoas precisam continuar utilizando máscaras e manter distanciamento” afirma Gerusa.
Além disso, com a chegada da variante Delta no país, o temor com relação as novas ondas de infecções também aumentam, até mesmo entre os vacinados. Conforme informou Gerusa, a cepa indiana é a que mais escapa da imunização parcial, com relação a apenas uma dose dos imunizantes que requerem duas.
“As ações dos governos acerca da pandemia e a adoção ou não das medidas individuais e coletivas de prevenção da covid-19 pela população também são fatores significativos no impulsionamento de novos surtos da doença. Este novo contexto social trazido pela presença do coronavírus alterou fundamentalmente o estilo de vida dos cidadãos e passou a exigir um conjunto de novos comportamentos, como o uso de máscaras, a adoção de protocolos de higiene, e a diminuição da vida social presencial”, complementam os autores do estudo.
Conteúdo por Jornal Contábil, com informações r7
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