Negócios

O poder e a diferença das narrativas e dos números

Uma das maiores referências em valuation do mercado de capitais, Aswath Damodaran, discute a diferença entre a narrativa e os números em seu livro “Narrative and Numbers” Damodaran reforça a tese de que o mix entre uma boa narrativa e números é essencial para o mundo dos negócios e investimentos.

Como sabemos, o conhecimento foi passado de geração em geração por meio de histórias durante séculos.

Isso não foi à toa.

história possui um poder sobre nós, ela nos ajuda a nos conectar com os outros e, como estudos comprovam, desencadeiam reações químicas e impulsos elétricos que, entre outras coisas, nos permite recordar a informação adquirida mais facilmente.

No entanto, seu ponto forte também é seu ponto fraco, uma vez que é comum a prática do interlocutor se perder no meio do discurso e se tele transportar para o mundo das fantasias, onde a linha entre boas histórias e os contos de fadas se cruzam.

Isso pode não ser um problema se você é um cineasta, mas é um desastre no mundo dos negócios ou no mercado de ações.

Mesmo que as histórias sejam importantíssimas, elas são insuficientes, e, por conta disso, devemos sempre suportá-la com números por trás.

Durante a maior parte da história da humanidade, o potencial de utilização dos números esteve extremamente limitado, pois coletar e armazenar grandes quantidades de dados era trabalhoso e analisá-los era difícil e caro.

tecnologia está mudando isso.

Informações baseadas em números estão sendo cada vez mais disponibilizadas no ambiente digital, onde qualquer um com acesso à internet pode acessar uma grande e valiosa base de dados e utilizar de ferramentas, também democratizadas, para analisar todas essas informações.

Isso é verdade também no mercado financeiro, onde até mesmo pequenos investidores têm cada vez mais acesso à informação – por exemplo, a quantidade de dados de mercado disponível em um home broker.

E por que nos atraímos pelos números?

Pois, em um mundo de grandes incertezas, principalmente o que vivemos agora, eles nos oferecem um senso de precisão e objetividade, nos proporcionando um guia para as histórias.

O problema é que a precisão dos números, é, muitas vezes, ilusória, principalmente por conta de diversos vieses que existem no mundo dos algarismos. 

A crise econômica de 2008, por exemplo, provou que senso comum muitas vezes é mais eficiente que modelos matemáticos, que não apontaram os riscos (e muitos) existentes nos famosos títulos de dívidas imobiliários de baixa qualidade da época (os famosos subprime).

Outro processo bem difícil foi o brasil antes do plano real.

Todo esse progresso tecnológico do âmbito numérico veio com um custo, pois, por mais que agora não temos que nos preocupar com a falta de dados na hora de tomar uma boa decisão, temos que enfrentar outro problema: a grande quantidade de dados que, se não soubermos em quais focar, nos levam para a direção errada.

Economistas comportamentais acreditam que, ironicamente, uma das consequências da grande oferta de dados é que o processo de decisão do investidor ficou mais simples e irracional do que era antes.

Outra ironia é que, como os números estão dominando todas as discussões, eles se tornaram menos relevantes, e as pessoas estão confiando menos no lucro operacional (EBIT) das empresas.

Sendo assim, empreendedores e investidores devem – sempre – utilizar o poder das histórias e dos números, pois ambos são complementares.

Atualmente, vivemos em tempos em que muitas empresas abusam das narrativas – a maioria das vezes tech – e deixam a desejar nos números, fator que um investidor nunca deve menosprezar ou esquecer.

Gabriel Dau

Estudante de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, atualmente trabalha como Redator do Jornal Contábil sendo responsável pela elaboração e desenvolvimento de conteúdos.

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