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No último dia 4 de agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa básica de juros da economia, a Selic, de 4,25% para 5,25% ao ano. Foi a quarta elevação consecutiva – que abriu o ano em 2% – em 2021; a primeira foi realizada em março, quando o Copom decidiu aumentar a Selic pela primeira vez em quase seis anos. Agora, com a alta de 0,89% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), a expectativa é que o Banco Central eleve a taxa em 1,25 % em setembro. Neste cenário, alguns apostam que a Selic poderá atingir 8% até o fim deste ano de aperto monetário.
O advogado e economista Alessandro Azzoni, também conselheiro deliberativo da Associação Comercial de São Paulo, comenta a tendência de elevação da taxa pelo governo.
Alessandro Azzoni: Sim, considero esta elevação algo muito negativo em um momento como este, em que o acesso ao crédito continua tão necessário. Além disso, devemos lembrar que, no ano passado, várias micro e pequenas empresas foram socorridas pelo Pronamp. Com o aumento da Selic, aumenta também o saldo devedor dessas empresas que ainda não conseguiram se recuperar e – em meio a uma lenta retomada – sofrerão um impacto direto. A taxa Selic também é referência de taxa de mercado e parâmetro para as taxas de financiamento dos bancos e isso traz evidentes consequências para os empréstimos futuros e já concedidos.
O governo está usando a política monetária para conter o processo inflacionário no Brasil, mas só cabe aumentar a taxa de juros para conter a inflação relacionada à demanda – e a inflação que temos hoje é mais de custo, puxada pelos preços. Não vejo muito consumo, neste momento: vejo supermercados e carrinhos cada vez mais vazios.
Há um impacto também negativo para a economia. A elevação da taxa de juros, como eu disse, deixa o crédito cada vez mais caro, e pode trazer um aumento nos juros a serem repassados para as empresas e consumidores – no cartão de crédito e na compra a prazo, por exemplo –, deixando o dinheiro cada vez mais caro e restringindo cada vez mais o poder de compra do consumidor. Isso pode desacelerar a economia ainda mais. Para quem tiver dinheiro para comprar à vista, tudo bem – mas o impacto será grande para quem comprar a crédito, e tudo isso pode aumentar a inadimplência.
Neste aspecto, a elevação pode acarretar um cenário mais positivo. Para investimentos de curto prazo – como a poupança, que remunera 70% da taxa Selic, mas mesmo assim fica abaixo da inflação – ainda não é interessante, mas a elevação estimula as tomadas de capital de bancos que trabalham com CDBs, pagando 150%, 200% da taxa Selic, o que pode ser muito interessante. No caso de um banco que capta 200%, estamos falando de 10,5% ao ano – uma taxa muito boa para um investimento sem risco. Isso pode ser atrativo.
Fonte:
Alessandro Azzoni, advogado e economista, especialista em Direito Ambiental, com atuação nas áreas do Civil, Trabalhista e Tributário. É mestre em Direito pela Universidade Nove de Julho, especializado em Direito Ambiental Empresarial pela Faculdade Metropolitanas Unidas (FMU). Graduado em direito pela FMU. Bacharel em Ciências Econômicas pela FMU. Professor de Direito na Universidade Nove de Julho (Uninove). É conselheiro deliberativo da Associação Comercial de São Paulo (ACSP); coordenador do Núcleo de Estudos Socioambientais (Nesa) da ACSP; membro do conselho de Política Urbana da ACSP; e membro da Comissão de Direito Ambiental OAB/SP.
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