Imagem REUTERS/Brian Snyder
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou no último domingo (9), em entrevista a jornalistas, a imposição de tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio para o país. A medida foi formalizada nesta segunda-feira (10) por meio de um decreto presidencial. A taxação de produtos importados é uma das principais promessas de campanha de Trump, que busca fortalecer a indústria norte-americana.
Proteção à Indústria Nacional
Durante o anúncio, Trump destacou a importância de manter a produção de aço e alumínio dentro dos Estados Unidos. “Nossa nação precisa que o aço e o alumínio permaneçam na América, não em terras estrangeiras. Precisamos criar para proteger o futuro ressurgimento da manufatura e produção dos EUA, algo que não se vê há muitas décadas”, afirmou o presidente.
Ele reforçou que a tarifa de 25% será aplicada sem exceções a todos os países, mas destacou que empresas estrangeiras têm a opção de trazer suas operações para os EUA. “Se for feito nos EUA, no entanto, não há tarifa, zero. Tudo o que você precisa fazer é fabricar nos EUA. Não precisamos de outro país. Por exemplo, o Canadá.”
Impacto no Comércio Internacional
A medida pode afetar diretamente o setor siderúrgico do Brasil, que é um dos principais fornecedores de aço para os EUA. Em 2024, o Brasil foi o segundo maior exportador de aço para o mercado americano, atrás apenas do Canadá. Além disso, em 2023, os EUA compraram 18% de todas as exportações brasileiras de ferro fundido, ferro ou aço.
Atualmente, cerca de 25% do aço utilizado nos EUA é importado, sendo a maior parte proveniente de países como México, Canadá e aliados na Ásia. Metade do alumínio consumido no país também é importado, principalmente do Canadá.
Histórico de Tarifas no Governo Trump
Esta não é a primeira vez que Trump implementa tarifas sobre aço e alumínio. Durante seu primeiro mandato (2017-2021), ele impôs taxas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio importados. No entanto, essas medidas foram gradualmente flexibilizadas ou revogadas após pressões de parceiros comerciais e da indústria norte-americana.
Em 2018, por exemplo, o governo americano excluiu Canadá e México das tarifas e criou um sistema de cotas para as exportações brasileiras. Em 2020, Trump chegou a elevar as tarifas sobre chapas de alumínio do Brasil para 145%, alegando práticas de dumping. Essas restrições foram revogadas em 2022, durante o governo de Joe Biden.
Reações e Expectativas
O governo brasileiro adotou uma postura cautelosa diante do anúncio. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Brasil aguardará “decisões concretas” antes de se manifestar oficialmente. “O governo tomou uma decisão de só se manifestar oportunamente com base em decisões concretas, não em anúncios que podem ser mal interpretados ou revistos”, disse Haddad.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia sinalizado que, em caso de aumento de tarifas, o Brasil adotaria medidas de reciprocidade, elevando taxas sobre produtos importados dos EUA.
Impactos Econômicos e Desafios
Economistas alertam que a imposição de tarifas pode ter efeitos negativos tanto para os EUA quanto para seus parceiros comerciais. Um estudo realizado durante o governo de George W. Bush, que também implementou tarifas sobre o aço em 2002, mostrou que a medida gerou mais desemprego em setores que dependiam do aço importado do que empregos na indústria siderúrgica nacional.
Bernardo Guimarães, economista e professor da FGV, destacou que as cadeias globais de suprimentos tendem a se reorganizar em resposta a tarifas, o que pode dificultar a recuperação do setor. “Quando você coloca tarifa, as cadeias globais de suprimento vão se reorganizando. Na hora que tira a tarifa, quem exportava para o mercado americano já está exportando para outro mercado”, explicou.
Mercado Reage com Cautela
Apesar do anúncio, as ações das principais siderúrgicas brasileiras, como Gerdau e CSN, operaram em alta no início da tarde desta segunda-feira. O setor parece adotar uma postura de espera, aguardando os desdobramentos concretos da medida.
Enquanto isso, o governo brasileiro e as associações do setor estudam estratégias para mitigar os possíveis impactos da tarifação, incluindo a busca por novos mercados e a diversificação das exportações.
Entenda
A decisão de Trump reflete sua política protecionista e o compromisso de revitalizar a indústria norte-americana. No entanto, a medida pode gerar tensões comerciais e impactos econômicos significativos, tanto para os EUA quanto para seus parceiros, incluindo o Brasil. O desfecho dessa política ainda depende de negociações e da reação do mercado global.
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