A declaração de união estável constante da certidão de óbito, desacompanhada de quaisquer outros elementos de prova, é insuficiente para o reconhecimento do vínculo afetivo. Essa ponderação foi feita pela 9ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) ao negar provimento à apelação de uma mulher que teve julgada improcedente sua ação declaratória de união estável post mortem.
O desembargador relator, Edson Luiz de Queiroz, anotou que, conforme a certidão de óbito, o falecido “vivia maritalmente” com a apelante. Porém, essa declaração foi contestada pela mãe do homem, que negou a existência da união estável. Além disso, a recorrente não conseguiu comprovar o alegado, conforme dispõe o artigo 373, inciso I, do Código de Processo Civil.
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“Geralmente, um casal em união estável realiza feitos conjuntos. E, neste ponto, nenhuma prova restou produzida nos autos”, avaliou Queiroz. Testemunhas esclareceram que entre as partes havia mero namoro, com “idas e vindas”. O homem morava na casa da avó, enquanto a autora residia em outro endereço, sendo hábito eles ficarem juntos sob o mesmo teto apenas nos fins de semana.
Segundo o relator, as fotos anexadas aos autos pela autora “não possuem força probante da existência de união estável, senão, momentos entre namorados”. “Excetuada referida declaração, não há outros elementos de prova a indicar a união estável”, concluiu ele.
Os desembargadores Galdino Toledo Júnior e Piva Rodrigues seguiram Queiroz para negar provimento ao recurso e manter a decisão de primeira instância, pois “o arcabouço de provas não indica a existência de união estável da autora com o falecido”.
A mulher alegou na inicial que conviveu com o falecido durante três anos, sendo essa relação interrompida com a morte do companheiro, em dezembro de 2021. Como provas da alegada união estável, ela juntou a certidão de óbito e fotografias do casal. Ela pretendia o reconhecimento do vínculo para fins previdenciários.
Para o juízo de primeiro grau, a autora demonstrou apenas um “namoro qualificado”, pois não havia a coabitação entre o casal, que ficava junto só nos finais semana. A sentença também destacou que não ficou comprovada a “intenção de constituir família”.
AC 1002298-36.2022.8.26.0564
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