Ninguém monta uma empresa do zero com o intuito de vendê-la logo a seguir. Em regra, quem empreende busca antes de mais nada tornar o negócio viável e lucrativo. Se mais adiante o negócio vier a ser bem-sucedido e, em razão disso, atrair a atenção de interessados, bem, aí já é outra história. E foi exatamente isso o que aconteceu em 2010, quando vendi a Microlins. Na época, a empresa somava 700 franquias e mais de meio milhão de alunos em todo o país, números que, claro, a colocaram sob os holofotes do mercado, despertando o olhar de investidores.
Resultado: recebi uma proposta de compra equivalente a 16 vezes o lucro anual da rede. E não resisti. Por não ser da minha natureza a busca por compra e venda de empresas, minhas grandes motivações para a transação foram, sem dúvida, o montante oferecido e o desejo que eu tinha, naquele momento, de fechar para balanço e iniciar uma nova fase – um pouco depois, no mesmo ano, criei a SMZTO Holding de Franquias Multissetoriais, mas isso é tema para outro artigo.
Além de me dar tempo e garantir certa tranquilidade para pensar nos passos que daria a seguir, o crescimento – que culminou com a venda – da Microlins me trouxe vários ensinamentos. Uma das coisas que percebi foi que, depois de atingir certo porte – algo em torno de R$ 10 milhões de lucro anuais, com perspectiva de crescimento orgânico –, é comum que uma empresa se torne alvo de fundos de investimento interessados em adquiri-la, no todo ou em parte.
Mas creio que o primeiro grande aprendizado de todo o processo começou a se desenhar dois anos antes da venda propriamente dita. Em 2008, busquei um fundo de private equity para a compra de uma participação minoritária. Naquele momento, a ideia era apenas melhorar a governança do negócio, e a venda do controle acionário sequer passava pela minha cabeça. Na minha estratégia, fiz uma rodada de negociação no mercado, na qual restaram três fundos finalistas. E, entre eles, escolhi o que melhor se encaixava no perfil que eu imaginava para a Microlins.
Esse processo resultou na melhoria de uma gestão que já era competente, o que acabou por catapultar a empresa a um patamar onde se tornou simplesmente impossível ela não ser vista (e cobiçada!) por potenciais investidores. Além de líder no setor no qual atuava, a Microlins tinha capilaridade nacional, com forte geração de caixa – e números impressionantes, como os mencionados no começo do texto. Um negócio consolidado e pujante. Noutras palavras, um prato cheio para investidores.
Mas, por mais incrível e contraditório que possa parecer, mesmo com tudo tendo dado tão certo – do fortalecimento e da venda da Microlins até a criação da SMZTO –, eu não repetiria a mesma fórmula. Se você, amigo empreendedor, se encontra na posição em que eu estava em 2010, sugiro que faça o que eu digo – e não o que eu fiz na época: contrate uma assessoria de M&A (sigla em inglês para “mergers and acquisitions”, ou fusões e aquisições, em português).
Uma consultoria nesta área tem todos os elementos que irão te ajudar na escolha do melhor fundo.
Eu tive a sorte de ter conseguido vender – e bem, sem sobressaltos – sem uma assessoria. Mas, acredite, não recomendo e nem pretendo fazer novamente como na primeira vez.
José Carlos Semenzato é fundador da SMZTO, holding de franquias setoriais e investidor do Shark Tank Brasil
Falta pouco tempo para o Imposto de Renda (IR) 2025 iniciar, porém, milhões de contribuintes…
Milhões de pessoas ainda vão receber seus benefícios do INSS referentes ao mês de janeiro…
Introdução ao Relatório Jornal Contábil de Empresas no Brasil O Brasil encerrou 2024 com 21,6 milhões…
A reforma tributária, solução para simplificar a tributação sobre o consumo, apresenta desafios significativos para…
Se você participou de alguma edição do Enem, quer parcelar seus estudos e está tentando…
A inteligência artificial (IA) está transformando diversos setores da economia, e com os escritórios contábeis…