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Pensionistas têm sido convocados para comprovar direito ao benefício

A economia brasileira apresenta recuperação desigual entre os setores, assim como ocorre em outros países, e ainda há incertezas sobre o ritmo de crescimento, principalmente a partir do fim de ano, quando deve terminar o efeito dos auxílios emergenciais pagos pelo governo. A avaliação é do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) e consta da ata da última reunião, divulgada hoje (3).

“Os programas governamentais de recomposição de renda têm permitido uma retomada relativamente forte do consumo de bens duráveis e do investimento. Contudo, várias atividades do setor de serviços, sobretudo aquelas mais diretamente afetadas pelo distanciamento social, permanecem bastante deprimidas. Prospectivamente, a pouca previsibilidade associada à evolução da pandemia e ao necessário ajuste dos gastos públicos a partir de 2021 aumenta a incerteza sobre a continuidade da retomada da atividade econômica”, diz o Copom, ponderando que essa imprevisibilidade e os riscos associados à evolução da pandemia podem implicar a retomada ainda mais gradual da economia.

De acordo com o comitê, no cenário internacional, a forte retomada em alguns setores produtivos parece sofrer alguma desaceleração, em parte devido à segunda onda da pandemia de covid-19 em algumas das principais economias. Apesar das incertezas desse cenário e da possível redução dos estímulos governamentais, “a moderação na volatilidade dos ativos financeiros segue resultando em um ambiente relativamente favorável para economias emergentes”.

Na última semana, o comitê manteve a taxa básica de juros da economia (Selic) em 2% ao ano, o menor nível desde o início da série histórica do BC, em 1986. A manutenção da Selic em baixa estimula a economia porque juros menores barateiam o crédito e incentivam a produção e o consumo em um cenário de baixa atividade econômica.

Inflação

A Selic é o principal instrumento usado pelo Banco Central para alcançar a meta de inflação. Em setembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é a inflação oficial medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou em 0,64%, contra 0,24% em agosto. O IPCA acumulou taxas de inflação de 1,34% no ano e de 3,14% em 12 meses.

Na ata, o Copom ressalta que as últimas leituras de inflação ficaram acima do esperado, elevando a projeção para os meses restantes de 2020. “Contribuem para essa revisão a continuidade da alta nos preços dos alimentos e de bens industriais, consequência da depreciação persistente do real, da elevação de preço das commodities [produtos primários com cotação em mercados internacionais] e dos programas de transferência de renda. Por um lado, a normalização parcial dos preços ainda deprimidos deve continuar, em um contexto de recuperação dos índices de mobilidade e do nível de atividade. Por outro lado, espera-se a reversão na elevação extraordinária dos preços de alguns produtos, afetados por redução provisória na oferta em conjunção com um aumento ocasional na demanda. Dessa forma, apesar de a pressão inflacionária ter sido mais forte que a esperada, o comitê mantém o diagnóstico de que esse choque é temporário, mas monitora sua evolução com atenção”, diz o documento.

O comitê estabelece dois cenários com projeções para a inflação neste ano. No primeiro cenário, a inflação termina 2020 e 2021 em 3,1% e sobe para 3,3% em 2022. As projeções para a inflação de preços administrados são 0,8% em 2020, 5,1% em 2021 e 3,9% em 2022. Nesse cenário, a taxa de câmbio parte de R$ 5,60 e a Selic encerra 2020 em 2% ao ano, eleva-se para 2,75% ao ano em 2021 e 4,5% ao ano em 2022 (de acordo com a pesquisa do BC ao mercado financeiro para a taxa básica.

No cenário com taxa de juros constante a 2% ao ano e taxa de câmbio partindo de R$ 5,60, as projeções de inflação ficam em 3,1% em 2020, 3,2% em 2021 e 3,8% em 2022. Nesse cenário, as projeções para a inflação de preços administrados são 0,8% para 2020, 5,1% para 2021 e 4% para 2022.

As estimativas para 2020 estão acima do piso da meta de inflação que deve ser perseguida pelo Banco Central. A meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 4% em 2020, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2,5% e o superior, 5,5%. Para 2021, a meta é 3,75%, para 2022, 3,50%, e para 2023, 3,25%, com intervalo de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo em cada ano.

Manutenção da Selic

Durante a reunião, o Copom avaliou que reduzir ainda mais a taxa básica de juros poderia gerar instabilidade nos preços de ativos. “Considerando o longo histórico da economia brasileira operando com a taxa básica de juros em nível muito elevado, os juros baixos sem precedentes podem comprometer o desempenho de alguns mercados e setores econômicos, com potencial impacto sobre a intermediação financeira”, diz a ata.

Assim, deve ser mantida a sinalização de que “o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno”. Para o comitê, o atual estímulo com a Selic a 2% e “as diversas medidas de inflação subjacente apresentam-se em níveis compatíveis com o cumprimento da meta para a inflação no horizonte relevante para a política monetária”.

Por outro lado, o Copom reconheceu que “alterações de política fiscal que afetem a trajetória da dívida pública ou comprometam a âncora fiscal motivariam uma reavaliação, mesmo que o teto dos gastos ainda esteja nominalmente mantido”. De acordo com a ata, a reavaliação seguiria “o receituário do regime de metas para a inflação, sendo baseada na avaliação da inflação prospectiva e de seu balanço de riscos”.

“O Copom avalia que perseverar no processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para permitir a recuperação sustentável da economia. O comitê ressalta ainda que questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia.

Fonte Agência Brasil –  Andreia Verdélio

Jorge Roberto Wrigt

Jornalista há 38 anos, atuando na redação de jornais impressos locais, colunista de TV em emissora de rádio, apresentador de programa de variedades em emissora de TV local e também redator de textos publicitários, na cidade de Teresópolis (RJ). Atualmente se dedica ao jornalismo digital, sendo parte da equipe do Jornal Contábil.

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