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Por que janeiro é um mês de tantas catástrofes?

Muitaa catástrofes naturais podem ser observadas no mês de janeiro em todo o Brasil, mas qual é o motivo disso? Vamos explorar esse assunto.

por Rodrigo Peronti
5 minutos ler

Todo ano, quando dezembro dá lugar a janeiro, muitas pessoas aguardam com expectativa os dias de calor, as férias e as promessas de um ano novo. Mas, enquanto uns fazem planos para a praia ou churrascos com amigos, outros vivem momentos de apreensão. Janeiro, infelizmente, tem sido sinônimo de catástrofes naturais no Brasil. Mas por que isso acontece com tanta frequência? Vamos entender as causas e relembrar alguns dos episódios marcantes dos últimos anos.

Chuvas intensas e clima tropical

Primeiro, é importante lembrar que o Brasil é um país tropical, e isso significa que o verão é caracterizado por chuvas fortes, especialmente no sudeste e no nordeste. Janeiro está bem no meio dessa estação chuvosa, o que naturalmente aumenta a probabilidade de problemas. Mas não é só isso: o volume das chuvas, combinado com a ocupação desordenada das cidades, deixa muitos locais vulneráveis a deslizamentos de terra, enchentes e alagamentos.

Um dos fatores que potencializam essas chuvas é o Fenômeno La Niña, que altera os padrões climáticos globais e, em alguns casos, intensifica as precipitações em determinadas regiões. Embora nem todos os janeiros sejam influenciados por esse fenômeno, ele é um agravante em muitos cenários.

Exemplos que marcaram janeiro nos últimos anos

  • Janeiro de 2011 – Tragédia na Região Serrana do Rio de Janeiro: Um dos episódios mais devastadores de deslizamentos de terra na história do Brasil aconteceu em janeiro de 2011. Choveu de forma ininterrupta por dias, causando deslizamentos e enchentes que afetaram cidades como Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo. Foram mais de 900 mortes e milhares de pessoas desalojadas. Mas o que mais chocou foi a rapidez com que as comunidades foram destruídas, deixando um rastro de tristeza e reflexão sobre como prevenir desastres.
  • Janeiro de 2020 – Minas Gerais embaixo d’água: Quem se lembra das imagens de Belo Horizonte alagada? A capital mineira registrou o maior volume de chuvas em um período de 24 horas desde que os dados começaram a ser coletados. As consequências foram enchentes, desabamentos e 56 mortes em todo o estado. Mas a questão não foi apenas a chuva: o planejamento urbano também foi alvo de críticas, pois a impermeabilização excessiva do solo dificultou o escoamento da água.
  • Janeiro de 2022 – Petrópolis novamente: Em outro exemplo alarmante, Petrópolis foi duramente atingida por chuvas torrenciais. Mais de 200 pessoas perderam a vida em um episódio que trouxe à tona velhos problemas: ocupação de áreas de risco, falta de políticas habitacionais eficazes e deficiência nos sistemas de alerta.

Mas por que tantas repetições?

A combinação de fatores naturais, como o regime de chuvas, e problemas estruturais, como a ocupação irregular, cria uma receita para o desastre. Muitas cidades brasileiras cresceram de forma desordenada, com habitações construídas em encostas, áreas alagáveis ou sem infraestrutura adequada para drenar grandes volumes de água. E, mesmo sabendo disso, pouco é feito para mitigar os riscos.

Outro ponto importante é a falta de educação e conscientização da população sobre os perigos. Muitas vezes, as pessoas permanecem em áreas de risco mesmo após alertas, seja por falta de opções ou por desconhecimento das consequências.

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Mudanças climáticas, não apenas em janeiro

E não podemos esquecer das mudanças climáticas, que vêm intensificando eventos extremos em todo o mundo. Ondas de calor mais intensas, chuvas mais volumosas e desastres naturais mais frequentes são reflexos das alterações no clima global. Janeiro de 2023, por exemplo, registrou chuvas acima da média em diversas regiões do Brasil, causando novos alagamentos e deslizamentos.

Veja mais: Projeto cria Programa de Financiamento do Combate às Mudanças Climáticas

Como podemos mudar esse cenário?

Primeiro, é essencial investir em planejamento urbano. Cidades resilientes são aquelas que conseguem mitigar os impactos de desastres naturais, com sistemas de drenagem eficientes, zonas de proteção ambiental e infraestrutura robusta. Mas isso exige vontade política e recursos financeiros.

Além disso, programas de educação e conscientização podem salvar vidas. Informar a população sobre os riscos e como agir em situações de emergência é fundamental. Mas precisamos também de sistemas de alerta e resposta rápidos, que garantam a segurança das pessoas antes que o pior aconteça.

Por fim, não há como ignorar o impacto das mudanças climáticas. Reduzir emissões de gases de efeito estufa, proteger florestas e adotar práticas sustentáveis são passos necessários para evitar que os eventos extremos se tornem ainda mais intensos.

Janeiro pode continuar sendo um mês de chuvas fortes e desafios naturais, mas não precisa ser sinônimo de tragédia. Com prevenção, planejamento e responsabilidade, é possível virar essa página e garantir um futuro mais seguro para todos.

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