O que leva empresas a permanecer no mercado? Inúmeras empresas enfrentam o desafio de sobreviver mais do que a média brasileira, cinco anos.
Levantamento realizado pela BigDataCorp, empresa de análise de dados da América Latina mostrou que embora o Brasil tenha registrado saldo positivo na abertura de empresas, o tempo de vida destes negócios não ultrapassa três anos.
O país registrou saldo positivo de cerca de 2,1 milhões de empresas em 2023, com abertura de 3,9 milhões e o fechamento de 1,8 milhão.
Uma das razões que levam empresas a fecharem as portas em um período tão breve de vida está na falta de preocupação e de estratégias que viabilizem a longevidade empresarial.
Com ampla experiência no ambiente corporativo, atuando como advisor à frente da MORCONE, ajudando, inclusive pequenas e médias empresas (PMEs) e empresas familiares, Carlos Moreira explora sobre os desafios que ameaçam a longevidade da empresa no Brasil.
Falta de planejamento estratégico
A ausência de um planejamento estratégico eficaz é fundamental para determinar o sucesso de uma empresa.
Não ter um bom planejamento impede a empresa de ter uma visão ampla sobre a sua realidade; de corrigir erros de gestão assim que surgem e obviamente impacta na tomada de decisões.
A falta de planejamento estratégico é estar no mercado sem direção, o que impacta na competitividade no mercado, na fidelização de clientes e deixa o negócio vulnerável a qualquer sinal de crise econômica.
Adotar estratégias e planejamento de curto, médio e longo prazo é necessário. Existem muitos casos em que o gestor não sabe por onde começar, sendo assim, ter o apoio especializado é indicado para ajudar seja na elaboração do planejamento estratégico ou na atualização e estruturação para uma aplicação eficiente.
Sem saúde financeira, nenhuma empresa sobrevive, e uma boa gestão dos recursos é imprescindível.
Dentre as principais consequências da má gestão financeira, estão: alto endividamento, fluxo de caixa insuficiente, ausência de um software para centralizar os registros financeiros, entre muitas outras.
É essencial reorganizar a gestão da empresa, renegociar dívidas, separar corretamente as despesas, mudar a mentalidade de que é possível “ir levando” o negócio como der.
Muitas empresas tentam resolver por si mesmas, principalmente através do corte de custos e despesas, mas vale salientar, que sem a devida análise e planejamento, em vez de cortar gastos, o negócio pode se prejudicar financeiramente ainda mais em longo prazo.
Estudo conduzido pela McKinsey mostrou que apenas 30% das empresas brasileiras se consideram pioneiras quando o assunto é inovação e adoção de novas tecnologias, em comparação com 45% nos Estados Unidos.
A resistência à inovação está entre os principais desafios que ameaçam a longevidade da empresa porque impacta diretamente na perda de competitividade no mercado.
Temos inúmeros exemplos de grandes empresas que faliram por falta de inovação, como Polaroid, Toshiba, Netscape, Atari, Nokia, Kodak e muitas outras.
Para se manter sempre inovando a empresa precisa ter uma cultura aberta à inovação, assim como investir em novas tecnologias e fomentar o pensamento criativo e disruptivo por meio do treinamento das equipes.
Além disso, fatores ligados à mentalidade também podem impedir a empresa de inovar, sendo o medo da mudança um dos principais.
Apenas 30% das empresas familiares chegam à segunda geração e 5% à terceira e isso se deve à ausência de planejamento sucessório estruturado.
Muitas empresas costumam deixar o planejamento sucessório para depois e isso em grande parte dos casos se deve ao fato de sua elaboração levar alguns anos para ser concluída.
No geral, será preciso seguir os passos:
Planejamento com antecedência – medidas devem ser organizadas durante e após a implementação do planejamento;
Investimento em potenciais sucessores – em grande parte dos casos será necessário treinar os potenciais sucessores para lidar com os desafios da gestão;
Auxílio externo – conflitos podem surgir no processo do planejamento sucessório, sendo o apoio profissional externo fundamental para minimizá-los.
Uma cultura organizacional que não dialoga com os princípios e valores de uma organização ou que não condiz com a cultura que diz viver, afeta diretamente os seus profissionais, gerando desmotivação, assim como impacta negativamente na reputação da empresa.
Uma cultura fraca leva à queda na produtividade do negócio, à dificuldade de reter talentos, em maior rotatividade de profissionais, na falta de sensação de pertencimento, problemas de comunicação e de alinhamento com os diversos setores na empresa, e muito mais.
Nenhuma estratégia, por mais bem elaborada que seja, poderá ser bem-sucedida se a cultura do negócio não estiver de acordo com as mudanças. É preciso consertar a base da empresa, repensar suas escolhas, suas práticas, sua visão de futuro, entre tantos outros fatores.
Mude o quanto antes para alcançar melhores resultados e longevidade
Muitos empresários focados no aqui e agora deixam de direcionar esforços em iniciativas de longo prazo.
Entre dar um passo atrás e corrigir erros e falhas ou continuar como está tendo lucratividade o quanto antes, a maioria opta pela segunda opção. É como saber que o carro precisa de reparos, mas preferir continuar usando-o já que ainda está andando. Em algum momento este carro vai parar e inevitavelmente precisará ser reparado, e isso também vale para as empresas.
Reconhecer os desafios que ameaçam a longevidade da empresa é o primeiro passo para começar a implementar mudanças. Nem sempre o empresário conseguirá sozinho, sendo assim, ter o apoio externo, com destaque para o conselho consultivo é recomendado.
É o conselho consultivo, que reúne os mais bem preparados profissionais com expertises necessárias ao negócio que ajudará a empresa a rever sua conduta, corrigir falhas e pensar em iniciativas que a levem à sustentabilidade no mercado.
Ainda existem empresas que questionam se a governança corporativa é mesmo um bom caminho ou se é confiável permitir que profissionais externos ajudem no direcionamento do negócio.
Não pode existir crescimento sem que a empresa padronize sua gestão e o conselho consultivo é uma alternativa às empresas que ainda não se sentem seguras para delegar suas decisões, afinal, o conselho possui caráter de aconselhamento e ajuda a direcionar o negócio, porém a decisão final é de responsabilidade de seus gestores.
Para concluir, reveja seu planejamento estratégico, a gestão financeira, pense na inovação como parte da cultura e, claro, reveja e fortaleça a cultura.
Vale ressaltar que nenhum plano é estático e é fundamental que haja contínua adaptação de acordo com a realidade interna e externa da empresa.
Pensar no futuro é fundamental, assim como não permitir que as urgências diárias e a luta pela sobrevivência da organização no mercado a impeça de mais do que sobreviver, atravessar as gerações sendo uma grande referência.
Quais são os desafios que enfrenta hoje com a sua empresa? E o que tem feito de concreto para vencê-los?
Carlos Moreira – Há mais de 37 anos atuando em diversas empresas nacionais e multinacionais como Manager, CEO (Diretor Presidente), CFO (Diretor Financeiro e Controladoria), CCO (Diretor Comercial e de Marketing). e Conselheiro Administrativo.
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