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Qual a fortuna de John Textor, o homem por trás da SAF do Botafogo?

Desvendando a trajetória e o patrimônio do empresário que, do streaming à realidade virtual, investe pesado no futebol carioca.

por Ricardo de Freitas
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O ano de 2021 marcou um divisor de águas no futebol brasileiro com a promulgação da Lei nº 14.193/2021. Essa legislação, que instituiu a Sociedade Anônima do Futebol (SAF), abriu um novo capítulo na história do esporte no país, introduzindo um modelo de gestão moderno, profissional e orientado para a sustentabilidade financeira. A SAF surge como uma resposta aos desafios enfrentados pelos clubes de futebol, historicamente marcados por dívidas elevadas, gestão amadora e dificuldades em atrair investimentos. A nova lei permite que os clubes se transformem em empresas, com estrutura societária definida, governança transparente e acesso a diferentes fontes de financiamento. Um Mergulho nos Detalhes da Lei da SAF: A Lei nº 14.193/2021 vai além de simplesmente permitir a criação de SAFs. Ela estabelece um conjunto abrangente de normas que regem a constituição, governança, controle e transparência dessas sociedades, criando um ambiente jurídico mais seguro e atrativo para investidores. Pontos-chave da legislação: Constituição da SAF: a lei define os tipos societários permitidos, os requisitos para a transformação de clubes em SAFs e as regras para a emissão de ações. Governança: a legislação determina as responsabilidades dos órgãos de administração e fiscalização da SAF, garantindo a tomada de decisões transparente e eficiente. Controle: a lei prevê mecanismos de controle interno e externo, incluindo a auditoria independente, para assegurar a correta aplicação dos recursos e a proteção dos investidores. Transparência: a SAF tem a obrigação de divulgar informações relevantes sobre suas atividades, como demonstrações financeiras, relatórios de gestão e atas de reuniões, garantindo a acesso público às informações. O Regime Tributário da SAF: Inovação e Incentivos A Lei da SAF introduziu um regime tributário específico, o Regime de Tributação Específica do Futebol (TEF), com o objetivo de incentivar a adesão ao novo modelo e promover a sustentabilidade financeira das SAFs. Principais características do TEF: Sistema Simplificado: o TEF unifica o pagamento de diversos tributos federais, como IRPJ, CSLL, PIS, COFINS e contribuição previdenciária, em uma única guia, reduzindo a burocracia e os custos administrativos. Alíquotas Competitivas: nos primeiros cinco anos de atividade, a alíquota do TEF é de 5% sobre a receita mensal, caindo para 4% após esse período. Essa vantagem contribui para a saúde financeira das SAFs, especialmente na fase inicial de operação. Previsibilidade: a variação do ônus tributário está diretamente ligada à receita, facilitando o planejamento financeiro e a tomada de decisões estratégicas. O TEF não inclui alguns tributos, como IOF, IR sobre aplicações financeiras e ganhos de capital, FGTS, entre outros, conforme especificado no art. 31 da Lei nº 14.193/2021. A SAF do Botafogo e o TEF: O Botafogo foi um dos primeiros clubes a aderir ao modelo SAF, com a venda de 90% de suas ações para o empresário John Textor. A SAF do Botafogo, assim como as demais, se beneficia do TEF, aproveitando as vantagens do sistema simplificado e das alíquotas reduzidas. A gestão da SAF do Botafogo tem se mostrado atenta à otimização de sua estrutura tributária. Em 2024, o clube quitou uma dívida milionária com o FGTS, demonstrando o compromisso com a regularização fiscal e o aproveitamento dos benefícios da Lei da SAF. No entanto, a SAF do Botafogo também enfrenta desafios em relação à tributação. A proposta de reforma tributária em discussão no Governo Federal pode impactar as alíquotas do TEF, o que gera preocupação entre os dirigentes do clube. O CEO do Botafogo, Thairo Arruda, tem se posicionado contrariamente à proposta, argumentando que o aumento da carga tributária pode inviabilizar o modelo SAF e prejudicar a competitividade dos clubes. Desafios e Perspectivas da SAF no Cenário Brasileiro A Lei da SAF representa um avanço significativo para o futebol brasileiro, mas sua implementação não está isenta de desafios. A adaptação dos clubes à nova realidade, a interpretação da lei pela Receita Federal e as decisões do Judiciário serão cruciais para o sucesso do modelo. É fundamental que os clubes se estruturem adequadamente para atender às exigências da legislação, implementando sistemas de governança eficazes e práticas de gestão transparentes. A atuação da Receita Federal na regulamentação e fiscalização do TEF e as decisões do Judiciário na interpretação da lei também serão determinantes para consolidar a segurança jurídica e o ambiente de negócios atrativo para investidores. A Lei da SAF abriu caminho para uma nova era no futebol brasileiro, com a promessa de clubes mais organizados, transparentes e sustentáveis financeiramente. A consolidação desse modelo dependerá do esforço conjunto de gestores, investidores, autoridades e todos os atores envolvidos no esporte nacional.

De Hollywood ao Botafogo: a trajetória de um bilionário visionário.

John Textor, o nome que colocou o Botafogo sob os holofotes do mundo, não é apenas um entusiasta do futebol. Ele é um empresário visionário com uma fortuna estimada entre 1 bilhão e 1,5 bilhão de dólares (equivalente a 5,1 bilhões e 7,6 bilhões de reais, na cotação atual), construída a partir de investimentos em áreas como tecnologia, mídia e, mais recentemente, no mundo dos esportes. Mas como ele acumulou essa riqueza que agora está sendo injetada no Glorioso? A resposta está em uma trajetória marcada por ousadia, inovação e uma habilidade singular para identificar oportunidades.

Origens e primeiros passos:

A história de Textor se inicia longe dos gramados, nascido em 1964, nos Estados Unidos. Sua formação acadêmica em Economia pela Universidade de Wesleyan lhe proporcionou uma base sólida para os negócios, mas foi sua paixão pela tecnologia que o impulsionou rumo ao sucesso.

Realidade virtual: a chave para o sucesso em Hollywood:

Textor foi um dos pioneiros na aplicação da realidade virtual em áreas como cinema e publicidade. Ele desempenhou um papel crucial no desenvolvimento de efeitos visuais inovadores para filmes como “Titanic”, “O Curioso Caso de Benjamin Button” e “Avatar”, trabalhando em empresas como a Digital Domain, responsável por revolucionar a indústria cinematográfica.

Essa expertise em tecnologia de ponta o levou a fundar a fuboTV, um serviço de streaming focado em esportes, que rapidamente ganhou popularidade nos Estados Unidos, capitalizando na crescente demanda por conteúdo esportivo online. A venda de suas ações na fuboTV e outros investimentos bem-sucedidos no mercado de tecnologia geraram o capital que Textor utilizaria para diversificar seus negócios e aventurar-se em novos campos, como o do futebol.

A paixão pelo futebol e a construção de um império esportivo:

A paixão de Textor pelo esporte o impulsionou a criar a Eagle Football Holdings, um conglomerado que controla clubes de futebol ao redor do mundo. O Botafogo, adquirido em 2022, foi o primeiro passo na construção desse império esportivo, que também inclui o Lyon (França), Crystal Palace (Inglaterra) e RWD Molenbeek (Bélgica).

A estratégia de Textor é baseada em uma visão de longo prazo: utilizar sua expertise em tecnologia e gestão para modernizar os clubes, atrair talentos, investir em infraestrutura e construir marcas globais. No Botafogo, os investimentos já começaram a surtir efeito, com a contratação de jogadores de peso, a reestruturação das categorias de base e a melhora da infraestrutura do clube.

Diversificação e investimentos imobiliários:

A fortuna de Textor não se limita aos seus investimentos em tecnologia e futebol. Ele também possui um portfólio diversificado de imóveis, incluindo uma ilha particular nas Bahamas. Essa diversificação contribui para a estabilidade e o crescimento de seu patrimônio, demonstrando sua acuidade para identificar oportunidades em diferentes mercados.

Um visionário com foco no futuro:

John Textor representa uma nova geração de empresários do esporte. Com uma visão global e uma mentalidade inovadora, ele busca utilizar a tecnologia e o empreendedorismo para revolucionar o futebol. Seus investimentos no Botafogo e em outros clubes ao redor do mundo são uma aposta no futuro do esporte e uma demonstração de confiança no potencial do futebol brasileiro.

Fontes Financeiras

  • Forbes
  • Bloomberg

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