Empresas do grupo:

Início » Senado aprova tributação de fundos exclusivos e ‘offshores’

Senado aprova tributação de fundos exclusivos e ‘offshores’

por Esther Vasconcelos
4 minutos ler
Marcos Oliveira/Agência Senado Fonte: Agência Senado

Nesta quarta-feira (29), o Plenário aprovou, por meio de votação simbólica, o projeto de lei que modifica o Imposto de Renda aplicado a fundos de investimentos e à renda proveniente de offshores no exterior. Apresentado em caráter de urgência, o PL 4.173/2023 aguarda agora a sanção presidencial.

O texto aprovado, conforme o relatório do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), promove alterações em diversas leis, incluindo o Código Civil, com o objetivo de tributar ou elevar as alíquotas incidentes sobre fundos exclusivos (aqueles com um único cotista) e investimentos em offshores (empresas estrangeiras que atuam no mercado financeiro).

Criticas

O senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição, criticou o projeto, argumentando que o governo atual não tem preocupação suficiente com as contas públicas.

Ele destacou a mudança na tributação de fundos offshores e fundos exclusivos, permitindo a liquidação de ativos com a antecipação de 8% sobre o capital acumulado nos anos anteriores.

Marinho apontou que esses recursos são não recorrentes, enquanto as despesas relacionadas no Orçamento são permanentes, resultando em desequilíbrio nas contas públicas.

O senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) também criticou o projeto, classificando-o como “tecnicamente horrível e mal feito”, prevendo o desaparecimento dos fundos exclusivos no país no próximo ano.

Ele destacou a peculiaridade brasileira do come-cota, taxando investimentos antes de sua conclusão, com base na expectativa de lucro.

O projeto recebeu votos contrários de diversos senadores, incluindo Carlos Portinho (PL-RJ), Jorge Seif (PL-SC), Cleitinho (Republicanos-MG), Magno Malta (PL-ES), Eduardo Girão (Novo-CE), Soraya Thronicke (Podemos-MS) e Damares Alves (Republicanos-DF).

Leia Também: Superávit Primário Do Governo Central Teve Grande Queda Em Outubro

Tributação dos fundos exclusivos

Na versão originária da Câmara, os deputados incorporaram ao projeto o conteúdo da Medida Provisória (MP) 1.184, de 2023, que aborda a tributação dos fundos exclusivos, realizando diversas modificações na proposta original do Executivo.

A alíquota inicialmente proposta pelo governo de 10% para aqueles que antecipassem a atualização do valor dos rendimentos acumulados até 2023 foi reduzida para 8%.

Em contraste, a alíquota linear de 15% sobre os rendimentos, aprovada na Câmara, diverge da alíquota progressiva inicialmente proposta pela Presidência da República, variando de 0% a 22,5%.

Os contribuintes pessoas físicas serão obrigados a declarar separadamente os rendimentos do capital aplicado no exterior, abrangendo aplicações financeiras, lucros e dividendos de entidades controladas.

Segundo dados do Banco Central, os brasileiros detêm aproximadamente R$ 200 bilhões em ativos no exterior, majoritariamente representados por participações em empresas e fundos de investimento.

O projeto resulta em uma redução na arrecadação inicialmente estimada, num momento em que o governo busca obter R$ 168 bilhões para atingir a meta de eliminar o déficit primário até 2024, conforme o novo cenário fiscal proposto pelo Executivo e aprovado pelo Congresso em agosto.

A tributação dos super-ricos estava entre as principais fontes para alcançar esses recursos.

Adicionalmente, a proposta estabelece alíquotas de imposto de renda de 15% (para fundos de longo prazo) ou 20% (para fundos de curto prazo, até um ano) sobre os rendimentos, coletadas semestralmente por meio do sistema de “come-cotas” a partir do próximo ano.

Fundos com prazos de aplicação mais longos terão alíquotas mais baixas devido à tabela regressiva do IR.

Os fundos fechados, que não permitem o resgate de cotas durante sua vigência, também serão tributados sobre os ganhos acumulados.

Atualmente, a tributação desses fundos ocorre apenas no momento do resgate do investimento, o qual pode não ocorrer.

A matéria já havia sido aprovada na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) em 22 de novembro.

Você também pode gostar

This website uses cookies to improve your experience. We'll assume you're ok with this, but you can opt-out if you wish. Accept Read More