O processo de ingressar em uma nova empresa, por si só, já é algo estressante e angustiante para o candidato em potencial.
O nervosismo envolvido pode mascarar algumas situações ou, até mesmo, evidenciar outras.
Observando isso, pode ser que as pessoas tirem proveito da circunstância, neste caso, os empregadores ou gestores do departamento de recursos humanos de uma empresa.
Ao falar de se aproveitar de determinada situação, é possível assimilar algumas alternativas, como o assédio, seja ele, moral ou sexual.
Por vezes, estes casos já acontecem durante o primeiro contato do futuro colaborador junto à empresa.
O que não passa pela mente no momento em questão, são os impactos que ações como essas podem causar nos trabalhadores, sobretudo, mulheres que são o principal alvo quando se trata de ambas as modalidades de assédio.
Isso porque, caso se trate de uma pessoa com um psicológico levemente frágil, que seja, há a possibilidade de as referidas ações serem um gatilho para o desenvolvimento de doenças psicológicas como a depressão ou Burnout.
Ressaltando que, a síndrome de Burnout é um transtorno psíquico a caráter depressivo, resultado de um esgotamento físico e mental oriundos do trabalho.
Segundo dados da Previdência Social, o assédio moral é o causador de cerca de 75 mil afastamentos por todo o Brasil.
Já a Organização Mundial da Saúde (OMS), acredita que a depressão será a doença mais incapacitante do mundo até 2020.
Em entrevista ao Jornal Contábil, a pedagoga, palestrante e executiva especializada em soft skills em organizações, Erika Linhares, destacou que, quando uma pessoa vivencia uma situação de assédio, é comum que surja um pensamento depressivo e culposo sobre a situação.
E quando uma pessoa já apresenta uma tendência depressiva, a situação pode ser um gatilho para despertar tal condição.
É importante observar que, cada pessoa tem reações distintas perante o mesmo cenário.
Portanto, enquanto algumas conseguem reagir, outras, simplesmente fingem que nada aconteceu e reprimem o sentimento, seja por medo, vergonha ou outro.
Questionada sobre a possibilidade de o ambiente de trabalho seguir o mesmo padrão desconfortável do momento de contratação, Erika Linhares disse acreditar que há grandes chances.
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“Porque, se a pessoa faz isso já na entrada, com certeza o resto do relacionamento será dessa maneira.
A maioria das pessoas fazem isso durante o processo, vão testando e vendo com quem ela pode e não pode fazer.
Mas, essa pessoa que já faz isso na largada, na entrevista, ela já está, ao meu ver, chancelando esse tipo de relacionamento.
Está pondo a carta na mesa de como vai ser.
Pode ser que as pessoas mudem, e que durante o processo ele se arrependa, mas as chances, acho que são pequenas”, comentou.
Uma alternativa que pode amenizar este cenário, está na atitude e no apoio de quem enxerga o que está se passando com o próximo, e tem a coragem de intervir a favor da vítima.
A reação e a denúncia são o único modo de combater tais atitudes a longo prazo.
No entanto, somente o assédio no trabalho pode desencadear a depressão e ansiedade em todos? Para a psicóloga e gerente de Recursos Humanos, Laura França, é preciso que haja uma predisposição do indivíduo ou um acúmulo de fatores.
“Temos que considerar que pode haver uma predisposição genética, ou também, que a pessoa pode estar passando por vários problemas ao mesmo tempo”, destacou.
Em casos extremos, o funcionário pode precisar de um acompanhamento médico especializado para realizar um tratamento, normalmente psicológico, oriundo das causas do assédio no trabalho.
Se comprovada a existência de uma síndrome de Burnout, por exemplo, é responsabilidade da empresa arcar com as despesas médicas do colaborador.
“E se a empresa não se predispor a fazer isso, o trabalhador tem o direito de entrar na justiça contra a empresa. (…)
Ela tem que ser afastada, se tratar e quando melhorar, ela volta a produzir.
A segunda coisa que tem que fazer é tratar a causa (…) tem que chegar e entender quem é o opressor e, banir essa pessoa da empresa.
Não adianta só pagar o tratamento do funcionário.
Tem que cortar o mal pela raiz”, finalizou a pedagoga, Erika Linhares.
Por Laura Alvarenga